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Os filósofos pré-socráticos
Apresentação do pensamento de Heráclito e Parmênides
by
Tweetfred trevisan
on 9 October 2015Transcript of Os filósofos pré-socráticos
OS
FILÓSOFOS
PRÉ-SOCRÁTICOS
Em se tratando de cultura Ocidental, as primeiras tentativas racionais de explicar a natureza ocorreram na Jônia. Quiçá pela proximidade com outras culturas, como a de Sardes e Egito, por exemplo, quiçá por uma longa tradição literária que data desde a época de Homero. O certo é que, em menos de um século, Mileto assistiu ao nascimento de três grandes estudiosos da natureza, a saber: Tales, Anaximandro e Anaxímenes.
Ambos possuíram uma mesma preocupação: explicar a realidade física e o mundo a sua volta a partir de uma organização sistemática da realidade a partir de um único princípio constitutivo, em grego, arché. Atitude que, mais tarde, seria seguida por outros, dando início assim, ao que se convencionou chamar de período pré-socrático
Dentre os muitos filósofos pré-socráticos, será aqui abordado dois: Heráclito de Éfeso e Parmênides de Elea. Isso porque, de certa forma, ambos sintetizam o pensamento pré-socrático e são a expressão máxima desse período.
Segundo Diógenes Laércio, em seu livro, Vidas e Opiniões de Filósofos Eminentes, no livro IX 1, Heráclito foi filho de Heraclón de Éfeso e teve seu acmé por volta dos quarenta anos de idade, o que ocorreu na olimpíada 69 (504-501), Falava por enigmas e acabou por se converter em um misantropo, se retirou do mundo e foi viver nas montanhas, alimentando-se de plantas e ervas. Viveu até a idade de sessenta anos.
Um escritor sátiro do século III a.C. Denominou Heráclito de 'enigmático' (conf. DL, IX 6), foi uma crítica a seu comportamento, sua fala e sua forma de escrever. Esta critica, em forma de sátira, lhe rendeu mais tarde o epiteto de “o obscuro”, isso pode ser confirmado com Cicero em seu livro De finibus II 5, 15ss.
Chegou a escrever um livro que foi intitulado, ao que tudo indica, de Sobre a natureza que estava dividido em três partes: sobre o universo, a politica e a teologia (conf. DL, IX 5).Consagrou sua obra ao templo de Artemis e, de forma intencional, diziam os antigos, escreveu de um modo rabuscado e um tanto enigmático, para que só os mais capazes pudessem entender. Sua obra teve tanta repercussão, segundo Diógenes Laércio (IX 6), que passou a ter muitos seguidores, discípulos que se autodenominavam heraclíteos.
Heráclito é conhecido como o filósofo do vir-a-ser, do movimento, pois para ele tudo está em constante movimento. Platão confirma essa ideia fornecendo uma preciosa informação nesse sentido, em seu texto Crátilo, quando Sócrates, ao debater com Hermógenes sobre Cronos e Reia, se utiliza das palavras de Heráclito para justificar seus argumentos:
Heráclito diz, em algum lugar, que tudo passa e nada permanece e, descrevendo os seres como a corrente de um rio, declara que duas vezes no mesmo rio não poderia entrar. (Crátilo, 402a 1-3)
Tudo é mudança nada é permanência. Tal constatação não deve ser oriunda da experiência, pois como bem afirma Aristóteles, ela escapa da percepção sensorial, mas antes, procede, como uma consequência inexorável de ter afirmado que o arché de todas as coisas é o fogo e pode ser constatado no texto de Plutarco:
Morte de fogo gênese para ar, morte de ar gênese para água. (De E apud Delphos, 18)
Apesar de ter afirmado que o arché de todas as coisas é o fogo, que vive-se a mudança e não a permanência, Heráclito teve uma existência enigmática e muito controversa, que marcou de forma positiva toda a história da filosofia desde seus contemporâneos, passando por Heidegger, até os dias atuais. Mas, sem dúvidas, o fragmento mais emblemático de seu pensamento e que reflete sua postura de vida, apresenta-se como que um epitáfio: “Procurei-me a mim mesmo” (Plutarco, Contra Colotes, 20. 1118C)
Os escritos de Parmênides que chegaram até os dias atuais correspondem a uma grande proporção de sua obra, isso graças ao trabalho de Simplício que transcreveu extensas passagens do texto em seus comentários à Aristóteles. Isso fez com que o texto fosse mais conhecido e, consequentemente, dando-lhe melhor chance de não se perder nos meandros da história.
Parmênides de Eléia
Heráclito
de Éfeso
O texto de Parmênides é um poema escrito exclusivamente em hexâmetros, com algumas exceções. Apesar de ser um poema, sua linguagem não é poética, mas ao contrário, é prosaica e, por vezes, chega a ser confusa, existindo passagens de difícil entendimento que provoca até hoje discórdia entre os especialistas sobre o significado de algumas sentenças.
O poema possui uma introdução alegórica e, após ela, se divide em duas partes: A via da verdade e a via da opinião. A via da verdade parte da seguinte premissa:
Pois bem, eu te direi, e tu recebe a palavra que ouviste, os únicos caminhos de inquérito que são a pensar: o primeiro, que é e portanto que não é não ser, de Persuasão é o caminho (pois à verdade acompanha); o outro, que não é e portanto que é preciso não ser, este então, eu te digo, é atalho de todo incrível; pois nem conhecerias o que não é (pois não é exequível), nem o dirias. (Fr. 2 Proclo, in Tim. I 345, 18 Diehl)
E aparentemente o Fragmento 3, em Clemente de Alexandria, completa a sentença acima: “pois, o mesmo é o pensar e o ser.”
Em Simplício, Comentário à Física de Aristóteles, na linha dezesseis, Parmênides resume suas posições:
“Ou é ou não é uma coisa”. (Simplicio, Fís. 145, 1)
Parmênides apresenta o que será, mais tarde na história do pensamento ocidental, denominado de o princípio de não-contradição, pois o ser existe e não pode deixar de existir, enquanto o não-ser não existe e não tem como vir a existir. Assim, A Via da Opinião é a afirmação da via da verdade, pois esclarece que as coisas pensáveis pertencem à via da verdade enquanto os sensíveis encontram-se na via da opinião. A opinião é errônea porque o não-ser não existe e, falar sobre ele, escrever sobre ele ou até mesmo afirmar a sua existência consiste em um erro, pois o não-ser não existe e não pode vir a existir. É nesse sentido que a via da opinião é a afirmação de toda uma doutrina voltada para o Ser e seus desdobramentos.
Full transcriptFILÓSOFOS
PRÉ-SOCRÁTICOS
Em se tratando de cultura Ocidental, as primeiras tentativas racionais de explicar a natureza ocorreram na Jônia. Quiçá pela proximidade com outras culturas, como a de Sardes e Egito, por exemplo, quiçá por uma longa tradição literária que data desde a época de Homero. O certo é que, em menos de um século, Mileto assistiu ao nascimento de três grandes estudiosos da natureza, a saber: Tales, Anaximandro e Anaxímenes.
Ambos possuíram uma mesma preocupação: explicar a realidade física e o mundo a sua volta a partir de uma organização sistemática da realidade a partir de um único princípio constitutivo, em grego, arché. Atitude que, mais tarde, seria seguida por outros, dando início assim, ao que se convencionou chamar de período pré-socrático
Dentre os muitos filósofos pré-socráticos, será aqui abordado dois: Heráclito de Éfeso e Parmênides de Elea. Isso porque, de certa forma, ambos sintetizam o pensamento pré-socrático e são a expressão máxima desse período.
Segundo Diógenes Laércio, em seu livro, Vidas e Opiniões de Filósofos Eminentes, no livro IX 1, Heráclito foi filho de Heraclón de Éfeso e teve seu acmé por volta dos quarenta anos de idade, o que ocorreu na olimpíada 69 (504-501), Falava por enigmas e acabou por se converter em um misantropo, se retirou do mundo e foi viver nas montanhas, alimentando-se de plantas e ervas. Viveu até a idade de sessenta anos.
Um escritor sátiro do século III a.C. Denominou Heráclito de 'enigmático' (conf. DL, IX 6), foi uma crítica a seu comportamento, sua fala e sua forma de escrever. Esta critica, em forma de sátira, lhe rendeu mais tarde o epiteto de “o obscuro”, isso pode ser confirmado com Cicero em seu livro De finibus II 5, 15ss.
Chegou a escrever um livro que foi intitulado, ao que tudo indica, de Sobre a natureza que estava dividido em três partes: sobre o universo, a politica e a teologia (conf. DL, IX 5).Consagrou sua obra ao templo de Artemis e, de forma intencional, diziam os antigos, escreveu de um modo rabuscado e um tanto enigmático, para que só os mais capazes pudessem entender. Sua obra teve tanta repercussão, segundo Diógenes Laércio (IX 6), que passou a ter muitos seguidores, discípulos que se autodenominavam heraclíteos.
Heráclito é conhecido como o filósofo do vir-a-ser, do movimento, pois para ele tudo está em constante movimento. Platão confirma essa ideia fornecendo uma preciosa informação nesse sentido, em seu texto Crátilo, quando Sócrates, ao debater com Hermógenes sobre Cronos e Reia, se utiliza das palavras de Heráclito para justificar seus argumentos:
Heráclito diz, em algum lugar, que tudo passa e nada permanece e, descrevendo os seres como a corrente de um rio, declara que duas vezes no mesmo rio não poderia entrar. (Crátilo, 402a 1-3)
Tudo é mudança nada é permanência. Tal constatação não deve ser oriunda da experiência, pois como bem afirma Aristóteles, ela escapa da percepção sensorial, mas antes, procede, como uma consequência inexorável de ter afirmado que o arché de todas as coisas é o fogo e pode ser constatado no texto de Plutarco:
Morte de fogo gênese para ar, morte de ar gênese para água. (De E apud Delphos, 18)
Apesar de ter afirmado que o arché de todas as coisas é o fogo, que vive-se a mudança e não a permanência, Heráclito teve uma existência enigmática e muito controversa, que marcou de forma positiva toda a história da filosofia desde seus contemporâneos, passando por Heidegger, até os dias atuais. Mas, sem dúvidas, o fragmento mais emblemático de seu pensamento e que reflete sua postura de vida, apresenta-se como que um epitáfio: “Procurei-me a mim mesmo” (Plutarco, Contra Colotes, 20. 1118C)
Os escritos de Parmênides que chegaram até os dias atuais correspondem a uma grande proporção de sua obra, isso graças ao trabalho de Simplício que transcreveu extensas passagens do texto em seus comentários à Aristóteles. Isso fez com que o texto fosse mais conhecido e, consequentemente, dando-lhe melhor chance de não se perder nos meandros da história.
Parmênides de Eléia
Heráclito
de Éfeso
O texto de Parmênides é um poema escrito exclusivamente em hexâmetros, com algumas exceções. Apesar de ser um poema, sua linguagem não é poética, mas ao contrário, é prosaica e, por vezes, chega a ser confusa, existindo passagens de difícil entendimento que provoca até hoje discórdia entre os especialistas sobre o significado de algumas sentenças.
O poema possui uma introdução alegórica e, após ela, se divide em duas partes: A via da verdade e a via da opinião. A via da verdade parte da seguinte premissa:
Pois bem, eu te direi, e tu recebe a palavra que ouviste, os únicos caminhos de inquérito que são a pensar: o primeiro, que é e portanto que não é não ser, de Persuasão é o caminho (pois à verdade acompanha); o outro, que não é e portanto que é preciso não ser, este então, eu te digo, é atalho de todo incrível; pois nem conhecerias o que não é (pois não é exequível), nem o dirias. (Fr. 2 Proclo, in Tim. I 345, 18 Diehl)
E aparentemente o Fragmento 3, em Clemente de Alexandria, completa a sentença acima: “pois, o mesmo é o pensar e o ser.”
Em Simplício, Comentário à Física de Aristóteles, na linha dezesseis, Parmênides resume suas posições:
“Ou é ou não é uma coisa”. (Simplicio, Fís. 145, 1)
Parmênides apresenta o que será, mais tarde na história do pensamento ocidental, denominado de o princípio de não-contradição, pois o ser existe e não pode deixar de existir, enquanto o não-ser não existe e não tem como vir a existir. Assim, A Via da Opinião é a afirmação da via da verdade, pois esclarece que as coisas pensáveis pertencem à via da verdade enquanto os sensíveis encontram-se na via da opinião. A opinião é errônea porque o não-ser não existe e, falar sobre ele, escrever sobre ele ou até mesmo afirmar a sua existência consiste em um erro, pois o não-ser não existe e não pode vir a existir. É nesse sentido que a via da opinião é a afirmação de toda uma doutrina voltada para o Ser e seus desdobramentos.