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Ulisses
"Deixai-me junto à costa coroado de espuma
que Ulisses já não tem
arco
não tem rainha. Ulisses já sem reino e já sem
barco.
Deixai-me coroado
Ulisses já sem coroa
nem resposta
quando pergunta (quando pergunto)
por sua (minha) cidade Lisboa.
Deixai-me desarmado
junto
à costa
Ó mar ó noite ó voz das coisas silenciosas
já Penélope deposta
o meu reino conquistado
De espuma (como de rosas)
coroado
deixai-me junto à costa
Meu reino por um barco. E por meu arco"
Ulisses é uma referência de um herói pois, mesmo andando à deriva, este nunca desistiu e sempre procurou ir mais além.
"Deixai-me junto à costa coroado de espuma
que Ulisses já não tem
arco
não tem rainha. Ulisses já sem reino e já sem
barco.
Deixai-me coroado
Ulisses já sem coroa
nem resposta
quando pergunta (quando pergunto)
por sua (minha) cidade Lisboa.
Deixai-me desarmado
junto
à costa
Ó mar ó noite ó voz das coisas silenciosas
já Penélope deposta
o meu reino conquistado
De espuma (como de rosas)
coroado
deixai-me junto à costa
Meu reino por um barco. E por meu arco
Esquema Rimático
a b c b c d e f g e d h f i j k i k j k
Interpolada
Cruzada
Interpolada
Solto
20 versos - 3 estrofes
Quintilha, Oitava e Sétima
Não existe métrica
Recursos Expressivos
"Deixai-me junto à costa coroado de espuma
que Ulisses já não tem
arco
não tem rainha. Ulisses já sem reino e já sem
barco.
Deixai-me coroado
Ulisses já sem coroa
nem resposta
quando pergunta (quando pergunto)
por sua (minha) cidade Lisboa.
Deixai-me desarmado
junto
à costa
Ó mar ó noite ó voz das coisas silenciosas
já Penélope deposta
o meu reino conquistado
De espuma (como de rosas)
coroado
deixai-me junto à costa
Meu reino por um barco. E por meu arco"
"Não hei de morrer sem saber
qual a cor da liberdade.
Eu não posso senão ser
desta terra em que nasci.
Embora ao mundo pertença
e sempre a verdade vença,
qual será ser livre aqui,
não hei de morrer sem saber.
Trocaram tudo em maldade,
é quase um crime sem viver.
Mas, embora escondam tudo
e me queiram cego e mudo,
não hei de morrer sem saber
qual a cor da liberdade."
Eu lírico VS Eles (Estado Novo)
1ª sextilha
"Eu não posso senão ser
desta terra em que nasci.
Embora ao mundo pertença
e sempre a verdade vença,
qual será ser livre aqui,
não hei de morrer sem saber".
Realça a dificuldade de viver num país sem liberdade e o sujeito poético não quer morrer sem saber o que é a liberdade, ou seja viver num Portugal sem ditadura
2ª sextilha
"Trocaram tudo em maldade,
é quase um crime viver.
Mas, embora escondam tudo
e me queiram cego e mudo,
não hei de morrer sem saber
qual a cor da liberdade."
Consequências da Ditadura em Portugal como por exemplo o facto de as pessoas não serem livres para dar a sua opinião;
Intensificação do desejo de liberdade em Portugal;
Interpolada
a b a c d d c a b a e e a b
Interpolada
Emparelhada
14 versos - 3 estrofes
1 dístico e 2 sextilhas
Métrica: Predomínio de octassílabos - exceções: primeiros e últimos dois versos (heptassílabos)
Repetição/Anáfora
Metáfora
Hipérbole
Perífrase
"Não hei de morrer sem saber
qual a cor da liberdade.
Eu não posso senão ser
desta terra em que nasci.
Embora ao mundo pertença
e sempre a verdade vença,
qual será ser livre aqui,
não hei de morrer sem saber.
Trocaram tudo em maldade,
é quase um crime viver.
Mas, embora escondam tudo
e me queiram cego e mudo,
não hei de morrer sem saber
qual a cor da liberdade."
"Começo a dar-me conta: a mão
que escreve os versos
envelheceu. Deixou de amar as areias
das dunas, as tardes de chuva
miúda, o orvalho matinal
dos cardos. Prefere agora as sílabas
da sua aflição.
Sempre trabalhou mais que sua irmã,
um pouco mimada, um pouco
preguiçosa, mais bonita.
A si coube sempre
a tarefa mais dura: semear, colher,
coser, esfregar. Mas também
acariciar, é certo. A exigência,
o rigor, acabaram por fatigá-la.
O fim não pode tratar: oxalá
tenha em conta a sua nobreza."
Reconhecimento do envelhecimento
Oposição entre o passado e o presente da mão do sujeito poético
Consciência da efemeridade da vida
"Começo a dar-me conta: a mão
que escreve os versos
envelheceu. Deixou de amar as areias
das dunas, as tardes de chuva
miúda, o orvalho matinal
dos cardos. Prefere agora as sílabas
da sua aflição.
Sempre trabalhou mais que sua irmã,
um pouco mimada, um pouco
preguiçosa, mais bonita.
A si coube sempre
a tarefa mais dura: semear, colher,
coser, esfregar. Mas também
acariciar, é certo. A exigência,
o rigor, acabaram por fatigá-la.
O fim não pode tratar: oxalá
tenha em conta a sua nobreza."
V.1 - 7
Contraste entre o tempo de juventude (v.3-5) com a velhice associada à aflição. Contraste passado-presente.
V.8 - 10
Caracteriza a mão que se dedicou a escrever (personificação).
V.11 - 14
A mão que escreve também é a mão que trabalha e tudo que ela faz laboralmente (semear, colher, coser, esfregar), pode também fazer na escrita, ou seja, semear palavras, colher ideias, coser versos e esfregar rimas...
Contudo esta mão de tanto trabalhar está cansada, ou seja, o próprio poeta e a sua escrita revelam algum envelhecimento sem nunca perder o seu rigor.
V.16 - 17
O sujeito poético está consciente da finitude de vida, esperando apenas que este trabalho seja reconhecido da mesma forma que foi executado, ou seja, de forma nobre.
Análise formal
17 versos - 1 estrofe
Sem rima
Sem metro
Sinédoque
Enumeração
"Começo a dar-me conta: a mão
que escreve os versos
envelheceu. Deixou de amar as areias
das dunas, as tardes de chuva
miúda, o orvalho matinal
dos cardos. Prefere agora as sílabas
da sua aflição.
Sempre trabalhou mais que sua irmã,
um pouco mimada, um pouco
preguiçosa, mais bonita.
A si coube sempre
a tarefa mais dura: semear, colher,
coser, esfregar. Mas também
acariciar, é certo. A exigência,
o rigor, acabaram por fatigá-la.
O fim não pode tratar: oxalá
tenha em conta a sua nobreza."
Bom e expressivo
Acaba mal o teu verso,
mas fá-lo com um desígnio:
é um mal que não é mal,
é lutar contra o bonito.
Vai-me a essas rimas que
tão bem desfecham e que
são o pão de ló dos tolos
e torce-lhes o pescoço,
tal como o outro pedia
se fizesse à eloquência,
e se houver um vossa excelência
que grite: - Não é poesia!,
diz-lhe que não, que não é,
que é topada, lixa três,
serração, vidro moído,
papel que se rasga ou pe-
dra que rola na pedra...
Mas também da rima "em cheio"
poderás tirar partido,
que a regra é não haver regra,
a não ser a de cada um,
com a sua rima, seu ritmo,
não fazer bom e bonito,
mas fazer bom e expressivo...
Escrever poesia não tem necessariamente de terminar com rima em métrica igual
Rima mostra que a poesia é pensada, rouba espontaneidade ao ato de escrever e expressar o que se sente
Acaba mal o teu verso,
mas fá-lo com um desígnio:
é um mal que não é mal,
é lutar contra o bonito.
Vai-me a essas rimas que
tão bem desfecham e que
são o pão de ló dos tolos
e torce-lhes o pescoço,
tal como o outro pedia
se fizesse à eloquência,
e se houver um vossa excelência
que grite: - Não é poesia!,
Apesar de ainda haver a ideia de que a arte de bem escrever está associada à poesia
Metáfora para a poesia pensada, pensa rima, métrica
diz-lhe que não, que não é,
que é topada, lixa três,
serração, vidro moído,
papel que se rasga ou pe-
dra que rola na pedra...
Mas também da rima "em cheio"
poderás tirar partido,
que a regra é não haver regra,
a não ser a de cada um,
com a sua rima, seu ritmo,
não fazer bom e bonito,
mas fazer bom e expressivo...
Pode haver rima, desde que seja espontânea e que surja livremente
A poesia deve expressar o que nós sentimos, deve ser espontâneo e natural, ainda que tal não seja bonito
Metro: versos maioritariamente heptassilábicos
24 versos - 6 estrofes cada uma com 4 versos (quadras); não tem rima
Acaba mal o teu verso,
mas fá-lo com um desígnio:
é um mal que não é mal,
é lutar contra o bonito.
Vai-me a essas rimas que
tão bem desfecham e que
são o pão de ló dos tolos
e torce-lhes o pescoço,
tal como o outro pedia
se fizesse à eloquência,
e se houver um vossa excelência
que grite: - Não é poesia!,
diz-lhe que não, que não é,
que é topada, lixa três,
serração, vidro moído,
papel que se rasga ou pe-
dra que rola na pedra...
Mas também da rima "em cheio"
poderás tirar partido,
que a regra é não haver regra,
a não ser a de cada um,
com a sua rima, seu ritmo,
não fazer bom e bonito,
mas fazer bom e expressivo...
Enumeração
Antítese
Personificação
Metáfora