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Simbolismo

o desconhecido e a sinestesia

A intuição

Claire de lune (1905)- Debussy (1862-1918)

O desconhecido e o Simbolismo

  • Arte abordará o pessimsmo e incerteza por representações vagas, imprecisas e abstratas.
  • Artistas propõem que o desconhecido seja investigado --> construção de analogias que denunciassem relação entre mundo visível e mundo das essências (intuição em detrimento da lógica e razão);
  • Na Arte: Impressionismo marca ruptura definitiva com arte acadêmica, dando espaço a um olhar subjetivo que rompa com a tradição do sentir.

Contexto Geral - final séc. XIX

[...] Sugerir, eis o sonho. É o uso perfeito desse mistério que constitui o símbolo: evocar um objeto para demonstrar estado d'alma ou escolher um objeto e fazê-lo emanar um estado d'alma mediante uma série de decifrações. [...]

  • Europa enfrenta pessimismo devido à situação em que se encontra no final do século XIX: competição entre potências/ crescimento do movimento operário;
  • Momento de incertezas: Guerras Mundiais.

WATTS, G.F. Esperança. 1886.

MALLARMÉ, Stéphane. Sugerir. In: ECO, Humeberto. História da belexa. RJ: Record, 2004. p. 348

  • Artistas (e intelectuais) não encontram nem na razão nem nos sentimentos suportes para compreender esse momento histórico;
  • Realidade é entendida como ilusória;
  • A razão, ainda que em teoria seja capaz de explicar o mundo concreto e visível ao homem, deixar escapar a essência dessa realidade, não transcende:
  • Virada epistêmica - lógica kantiana e o pensamento cartesiano (razão x emoção) que ancoravam a subjetividade racional é questionada -- a ALGO que é da ordem do inconsciente, um EU que escapa à racionalidade do homem:
  • "O eu não é o senhor em sua morada" Freud, S.

Projeto Literário

  • Parnasianismo e Simbolismo, na França, dividiram mesma origem, pois as publicações do movimento deram-se na coletânea O parnaso Contemporâneo (1886). São referências: Baudelaire, Verlaine e Mallarmé.
  • O termo "Simbolismo" é cunhado por Jean Moréas, o qual propunha uma abordagem em que as ideias não deveriam ser reveladas, mas sugeridas. O leitor deveria perceber a relação entre aparência e essência.

No Simbolismo:

- há retomada de visão platônica ao contrapor mundo sensível e mundo das ideias;

- há valorização da forma e linguagem para provocar experiências sensoriais no leitor;

- ênfase no mistério como contraponto à ciência e à realidade;

- adota-se postura antirromântica (exagero sentimental evidenciado) -- a experiência do sentir é individual e a arte convida o homem a se projetar no objeto e atribuir-lhe sentido .

Charles Baudalaire

Correspondências

A Natureza é um templo onde vivos pilares

Deixam escapar, às vezes, confusas palavras;

O homem ali passa por entre florestas de símbolos

Que observam com olhares familiares.

Como longos ecos que ao longe se confundem

Em uma tenebrosa e profunda unidade,

Vasta como a noite e como a claridade,

Os perfumes, as cores e os sons se correspondem.

Há perfumes frescos como carnes de crianças,

Doces como oboés, verdes como pradarias,

- E outros, corrompidos, ricos e triunfantes,

Tendo a expansão das coisas infinitas,

Como o âmbar, o almíscar, o benjoim e o incenso,

Que cantam os transportes do espírito e dos sentidos.

De Ismália à Ophélia

BAUDALAIRE, C. In: GOMES, A.C. A estética simbolista. São Paulo: Cultrix, 5555. p. 33

Millais (1852)

A água é o elemento da morte jovem e bela, da morte florida, e nos dramas da vida

e da literatura é o elemento da morte sem orgulho nem vingança, do suicídio

masoquista. A água é o símbolo profundo, orgânico, da mulher que só sabe chorar suas dores e cujos olhos são facilmente afogados de lágrimas. O homem, diante de um suicídio feminino, compreende essa dor funérea por tudo o que nele, como em Laertes, é mulher. Volta a ser homem, tornando-se outra vez seco depois que as lágrimas secam. (BACHELARD, 1998, p. 85)

https://www.confrariadovento.com/revista/numero23/ensaio02.htm

Ismália

Alphonsus de Guimaraens

Quando Ismália enlouqueceu,

Pôs-se na torre a sonhar...

Viu uma lua no céu,

Viu outra lua no mar.

No sonho em que se perdeu,

Banhou-se toda em luar...

Queria subir ao céu,

Queria descer ao mar...

E, no desvario seu,

Na torre pôs-se a cantar...

Estava perto do céu,

Estava longe do mar...

E como um anjo pendeu

As asas para voar...

Queria a lua do céu,

Queria a lua do mar...

As asas que Deus lhe deu

Ruflaram de par em par...

Sua alma subiu ao céu,

Seu corpo desceu ao mar...

EMICIDA - Ismália

Para aprofundar a leitura sobre Ismália e Ophélia:

http://periodicos.ufes.br/reel/article/viewFile/11090/7749

UNESP

Os cavalos de Netuno. Walter Crane, 1892.

UNESP - 2017

Os parnasianos brasileiros se distinguem dos românticos pela atenuação da subjetividade e do sentimentalismo, pela ausência quase completa de interesse político no contexto da obra e pelo cuidado da escrita, aspirando a uma expressão de tipo plástico.

CANDIDO, Antonio. Iniciação à literatura brasileira. 2010. Adaptado.

A referida “atenuação da subjetividade e do sentimentalismo” está bem exemplificada na seguinte estrofe do poeta parnasiano Alberto de Oliveira (1859-1937):

a) Quando em meu peito rebentar-se a fibra,

Que o espírito enlaça à dor vivente,

Não derramem por mim nem uma lágrima

Em pálpebra demente.

b) Erguido em negro mármor luzidio,

Portas fechadas, num mistério enorme,

Numa terra de reis, mudo e sombrio,

Sono de lendas um palácio dorme.

c) Eu vi-a e minha alma antes de vê-la

Sonhara-a linda como agora a vi;

Nos puros olhos e na face bela,

Dos meus sonhos a virgem conheci.

d) Longe da pátria, sob um céu diverso

Onde o sol como aqui tanto não arde,

Chorei saudades do meu lar querido

– Ave sem ninho que suspira à tarde. –

e) Eu morro qual nas mãos da cozinheira

O marreco piando na agonia…

Como o cisne de outrora… que gemendo

Entre os hinos de amor se enternecia.

• Gabarito:B

Os versos nos quais se encontra uma atenuação da subjetividade e do sentimentalismo, e que são de Alberto de Oliveira, estão na alternativa B. Em tais versos, há a descrição de um palácio, e não dos sentimentos do eu lírico. Já nos versos que constam nas demais alternativas, há a expressão direta de um eu lírico – todos apresentam verbos em primeira pessoa –, e de seus sentimentos.

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