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Transcript

O meu olhar é nítido como um girassol

Inês Alves Nr 13

Margarida Montes, Nrº23

O meu olhar é nítido como um girassol.

Tenho o costume de andar pelas estradas

Olhando para a direita e para a esquerda,

E de vez em quando olhando para trás…

E o que vejo a cada momento

É aquilo que nunca antes eu tinha visto,

E eu sei dar por isso muito bem…

Sei ter o pasmo comigo

Que tem uma criança se, ao nascer,

Reparasse que nascera deveras…

Sinto-me nascido a cada momento

Para a eterna novidade do mundo…

Creio no mundo como num malmequer,

Porque o vejo. Mas não penso nele

Porque pensar é não compreender…

O mundo não se fez para pensarmos nele

(Pensar é estar doente dos olhos)

Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo.

Vincent van Gogh, Girassóis, 1888

Eu não tenho filosofia: tenho sentidos…

Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,

Mas porque a amo, e amo-a por isso,

Porque quem ama nunca sabe o que ama

Nem sabe porque ama, nem o que é amar…

Amar é a eterna inocência,

E a única inocência é não pensar...

Divisão do poema em três partes

e o seu respetivo assunto.

Primeira parte (versos 1 a 12): Caracterização da deambulação do sujeito poético e de como o mesmo observa as ruas ao seu redor.

Segunda parte (versos 13 a 23): O sujeito poético não despreza o pensamento, mas aprova os sentidos e o que se absorve dos mesmos.

Terceira parte (versos 24 e 25): Desassociação do amor com o pensamento, relacionando-o com os sentidos.

Relação entre o sujeito poético e a natureza.

O sujeito poético estabelece uma relação de afeição e amor com a natureza, pois, o próprio, aceita-a incondicionalmente tal como é, deixando de parte o pensamento e a racionalidade, associando assim o amor a uma inconsciência

Dicotomia sentir/pensar no poema.

Dicotomia: Contraste entre duas palavras/expressões.

Pensar: Reflete no facto de não conseguir compreender, nem aproveitar os sentimentos.

Sentir: Captação do que ocorre na vida real através dos sentidos, especialmente a visão.

Versos que exemplifiquem as seguintes afirmações de Carlos Reis

"No fundo, do que se trata é de não ocupar a mente com a especulação sobre as causas e as finalidades, porque essa especulação identifica-se com a doença [...]"

"Em suma: mais do que a cultura no lastro sedimentado no discurso de filósofos e poetas é [...] o discurso da natureza, concentrado na luz e no calor do sol, que ensina tudo o que a vida requer."

Primeira afirmação: Verso 17.

Segunda afirmação: Versos 19 a 21.

Recursos expressivos e os seus respetivos valores nas seguintes expressões

A. "O meu olhar é nítido como um girassol." (v. 1)

B. "Sinto-me nascido a cada momento / Para a eterna novidade do mundo..." (vv. 11-12)

C. "Creio no mundo como um malmequer" (v. 13)

D. "(Pensar é estar doente dos olhos)" (v. 17)

A. Comparação - Compara os sentidos à forma de como vê a realidade, dando importância à visão como forma de conhecimento da realidade

B. Metáfora - Atribuição da expressão "eterna novidade" ao mundo, ou seja, está constantemente a fazer descobertas sobre o mesmo.

C. Comparação - O sujeito poético acredita na realidade comparando-a a um malmequer.

D. Metáfora - Rejeita o pensamento, não conseguindo usufruir do mundo pelos sentidos.

Interpretação da seguinte afirmação

Em termos formais, o poema é marcado pelo versilibrismo

Versilibrismo: Construção poética livre

Poema de quarto estrofes com diferentes tamanhos, versos com número de sílabas métricas diferentes e não tem nenhum tipo de rima.

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