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Nasceu em 31 de outubro de 1902 em Itabira do Mato Dentro
Estudou em colégios internos na adolescência, em BH e Nova Friburgo
Em 1921, começou publicando artigos no Diário de Minas;
Em 1922 venceu o "Concurso Novela Mineira", com o conto "Joaquim do telhado";
Formou-se em farmácia, casou-se com Dolores de Morais e fundou "A Revista", em 1925;
Lecionou em Itabira e foi para BH
Nos anos seguintes trabalharia como redator no Diário de Minas;
Em 1928, publicou "No meio do caminho" na Revista de Antropofagia em SP;
Ingressa no serviço público na Secretaria do Interior
Em 1930 publica "Alguma poesia";
Em 1942 publica seu livro de prosa, "Confissões de Minas";
Entre 45 e 62 trabalhou no Serviço histórico e Artístico Nacional
Foi premiado pelo conjunto de sua obra em 1946;
Entre 60 e 70 se dedicou à produção de crônicas e poesias;
Seu estilo é caracterizado pela observação do cotidiano atavés da lente irônica, pessimista e humorada;
Traduziu Balzac, Carcia Lorca e Molière;
Morreu em 17 de agosto de 1987, no Rio, depois da morte da única filha.
Ciclo, 1957
Fala, Amendoeira, 1957
Poemas, 1959
A Vida Passada a Limpo, 1959
Lições de Coisas, 1962
A Bolsa e a Vida, 1962
Boitempo, 1968
Cadeira de Balanço, 1970
Menino Antigo, 1973
As Impurezas do Branco, 1973
Discurso da Primavera e Outras Sombras, 1978
O Corpo, 1984
Amar se Aprende Amando, 1985
Elegia a Um Tucano Morto, 1987
No Meio do Caminho, 1928
Alguma Poesia, 1930
Poema de Sete Faces, 1930
Cidadezinha Qualquer e Quadrilha, 1930
Brejo das Almas, 1934
Sentimento do Mundo, 1940
Poesias e José, 1942
Confissões de Minas, 1942
A Rosa do Povo, 1945
Poesia até Agora, 1948
Claro Enigma, 1951
Contos de Aprendiz, 1951
Viola de Bolso, 1952
Passeios na Ilha, 1952
Fazendeiro do Ar, 1953
Primeiro livro de Drummond
Reúne 49 poesias, algumas já publicadas, escritas desde 1925
Seu poema mais famoso, "No meio do caminho", causou indignação à época
- Águas de março
- Retrato em branco e preto
- Quadrilha
No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.
Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.
As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.
O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.
O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.
Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus
se sabias que eu era fraco.
Mundo mundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.
Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo.
Não há mais Turquia.
O impossível dos serralhos esfacela erotismos prestes a declanchar.
Mas a Rússia tem as cores da vida.
A Rússia é vermelha e branca.
Sujeitos com um brilho esquisito nos olhos criam o filme
[bolchevista e no túmulo de Lênin em Moscou parece
[que um coração enorme está batendo, batendo
mas não bate igual ao da gente...
Chega!
Meus olhos brasileiros se fecham saudosos.
Minha boca procura a “Canção do Exílio”.
Como era mesmo a “Canção do Exílio”?
Eu tão esquecido de minha terra...
Ai terra que tem palmeiras
onde canta o sabiá!
Meus olhos brasileiros sonhando exotismos.
Paris. A torre Eiffel alastrada de antenas como um caranguejo.
Os cais bolorentos de livros judeus
E a água suja do Sena escorrendo sabedoria.
O pulo da Mancha num segundo.
Meus olhos espiam olhos ingleses vigilantes nas docas.
Tarifas bancos fábricas trustes craques.
Milhões de dorsos agachados em colônias longínquas formam
[um tapete para sua Graciosa Majestade Britânica pisar.
E a lua de Londres como um remorso.
Submarinos inúteis retalham mares vencidos.
O navio alemão cauteloso exporta dolicocéfalos arruinados.
Hamburgo, embigo do mundo.
Homens de cabeça rachada cismam em rachar a cabeça dos
[outros dentro de alguns anos.
A Itália explora conscienciosamente vulcões apagados,
Vulcões que nunca estiveram acesos
A não ser na cabeça de Mussolini.
E a Suíça cândida se oferece
Numa coleção de postais de altitudes altíssimas.
Ponho-me a escrever teu nome
com letras de macarrão.
No prato, a sopa esfria, cheia de escamas
e debruçados na mesa todos contenmplam esse romântico trabalho.
Desgraçadamente falta uma letra,
uma letra somente
para acabar teu nome!
— Está sonhando? Olhe que a sopa esfria!
Eu estava sonhando...
E há em todas as consciências um cartaz amarelo:
“Neste país é proibido sonhar.”
Casas entre bananeiras
mulheres entre laranjeiras
pomar amor cantar.
Um homem vai devagar.
Um cachorro vai devagar.
Um burro vai devagar.
Devagar... as janelas olham.
Eta vida besta, meu Deus.
João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi pra os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.