PODER: RELAÇÕES, FORMAS E COTIDIANO
Profa. LANA PORTELA
RELAÇÕES DE PODER E SOCIEDADE
- Do latim potere (posse de capacidade ou faculdade de fazer algo, bem como à posse do mando e da imposição da vontade);
- Diferentes teorias sobre o poder ao longo do tempo e de acordo com o contexto;
- Relações de poder presentes em toda a sociedade e em âmbito privado ou público (microfísica do poder);
- Para definir um poder, não basta especificar a pessoa ou grupo que exerce ou se sujeita a ele, mas também a esfera de atividade (médico, professor, militar...);
- John Scott, Weber e o Poder Social (relação que se estabelece entre dois agentes, um superior e o outro subalterno. O superior detém o poder e o subalterno é afetado por ele);
Poder é, por excelência, uma estrutura ordenadora, disciplinadora e que pretende confirmar a unidade e legitimar as condições de mando, sendo regulado por instituições e atores sociais diferenciados. As relações de poder tentam estabelecer o consenso, ainda que, para tanto, seja necessário o exercício da coerção, por meio da violência material ou simbólica.
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Violência simbólica é exercida sem coação física, causando danos morais e psicológicos. Se apoia na produção contínua de crenças no processo de socialização, que levam o indivíduo a se posicionar em sociedade seguindo critérios e padrões do discurso dominante.
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O poder é a imposição da vontade de uma pessoa ou instituição sobre os indivíduos. Essa imposição é direta e deliberada e pode ter aceitação como força de ordem ou não. Quando as pessoas submetidas ao poder de alguém aceitam a ordem, há uma transição de forças do âmbito do poder para o âmbito da dominação, ou seja, a pessoa que aceita a imposição de ordem submete-se à autoridade da outra.
De acordo com Weber, existem 3 formas legítimas ou puras de dominação:
- Burocrática ou legal;
- Tradicional;
- Carismática.
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O poder reside naquele que possui os meios materiais de produção de capital. Por meio da posse dos meios de produção, o proprietário submete seus empregados ao seu poder.
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FORMAS DE PODER E SUA INFLUÊNCIA NO COTIDIANO
1) Formas de poder: segundo Norberto Bobbio, existem instituições de poder que classificam os diferentes meios de obtê-lo e exercê-lo na sociedade. São elas:
- Poder Econômico;
- Poder Ideológico;
- Poder Político;
2) Cotidiano e poder.
ESTADO E PODER POLÍTICO
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- Principal instituição que detém o poder político;
- Do latim status, "estar firme". Significa equilíbrio de forças através do poder político;
- Para Weber, o Estado é uma instituição política, dirigida por um governo soberano que reivindica o monopólio da autoridade para o uso da força disciplinadora, a fim de que possa submeter os membros da sociedade às regras morais e ao ordenamento jurídico vigente;
- Para outras linhas de pensamento, o Estado é um instrumento de classe mantido sob o domínio da burguesia industrial;
- Sociedade Civil refere-se ao conjunto das organizações voluntárias que servem como mecanismos de articulação de uma sociedade (partidos, sindicatos, agremiações de classe, mvimentos populares e associações culturais). Ação contestatória.
- Até 1960, as teorias de poder eram de dois tipos: poder do Estado sobre os cidadãos; ou a ideia marxista de luta pelo poder entre as classes sociais. Entretanto, ignoram o exercício do poder nos níveis mais baixos das relações sociais;
- Absolutismo, Capitalismo Liberal e Poder Macrofísico (grande e concentrado). Esse poder é exercido de maneira a moldar, controlar e corrigir comportamentos - o rei nas sociedades modernas e casas de confinamento a partir da Revolução Industrial ( a escola, a indústria, os quartéis, as prisões, os hospitais e os hospícios;);
- Para Foucault, "o poder está em todo lugar e vem de todo lugar". Esta em qualquer nível da sociedade, desde os indivíduos até grupos e organizações;
- O poder não é algo que alguém possua, é algo que é feito aos outros, uma ação. Nesse sentido, Foucault enxerga o poder como uma "relação" e o explica através das relações de poder na sociedade;
- Foucault reconhece o poder como a maior força a moldar a sociedade, mas entende que a natureza das relações de poder mudou. Antes, torturas públicas e execuções; a partir do Iluminismo, instituições capazes de previnir, corrigir, regular, monitorar e controlar o comportamento dos indivíduos;
- Aspecto da vigilância e mecanismos que garantam a conformidade do indivíduo (Panóptico - Jeremy Bentham).
Continua...
- Sociedade moderna, normas não mais impostas, mas através do exercício de um poder "pastoral", que guia o comportamento das pessoas. Em vez de alguém forçando as pessoas a determinados comportamentos, elas participam de um sistema de relações de poder que opera em vários níveis, regulando a conduta dos membros da sociedade. Esse tipo de poder se estabelece a partir do "discurso", sistema de ideias . O discurso evolui conforme as pessoas aceitam certos valores e normas e essas visões se encravam naquela sociedade elevando os indivíduos a agir de acordo com o discurso, mesmo que a maior parte nem perceba que é assim. Qualquer comportamento diferente daquele padrão torna-se impensável;
- Esse discurso é sempre reforçado e é, tanto um instrumento do poder, como um efeito dele. Ele controla os pensamentos e a conduta, que por sua moldam o sistema de crenças. Esse tipo de conhecimento não tem nenhuma espécie de agente, ou estrutura que possam ser reconhecido de imediato, e, por isso, parece que não há nada específico contra o que se pode resistir. (diferente de uma resistência contra o Estado);
- Entretanto, há possibilidade de resistência. Ela pode ser contra o discurso, que pode ser desafiado por outros discursos opostos. Para toda relação de poder, também há a possibilidade de resistência - sem resistência, não é necessário o exercício do poder.