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Transcript

Fernando Pessoa- O Infante

Trabalho elaborado por: Estrela Nº8, Mara Nº20, Mariana Nº23

Vida e obra

Fernando Pessoa

O Infante

Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.

Deus quis que a terra fosse toda uma,

Que o mar unisse, já não separasse.

Sagrou-te, e foste desvendando a espuma.

E a orla branca foi de ilha em continente,

Clareou, correndo, até ao fim do mundo,

E viu-se a terra inteira, de repente,

Surgir, redonda, do azul profundo.

Quem te sagrou criou-te português.

Do mar e nós em ti nos deu sinal.

Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez.

Senhor, falta cumprir-se Portugal!

O Infante

Paráfrase

1

1ª Parte

Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.

Causa------------------------------------------------- Efeito

Deus

  • Quer
  • Vontade divina

Homem

  • Sonha
  • Descobrimentos

Obra

  • Nasce
  • Império

2

  • Os três sujeitos (Deus, o homem e a obra), dependentes mutuamente, praticam as suas acções: o primeiro quer, o segundo sonha, e a terceira nasce. Mas, sem a vontade do primeiro, o segundo não sonharia e a terceira não podia nascer.

2ª Parte

3

Momento 1

Deus quis que a terra fosse toda uma,

Terra unida pela descoberta dos continentes (América, África, Europa e Ásia).

Anáfora: Repetição da palavra “Deus” no início do 1º e 2º versos“Deus quer (…) / Deus quis”

Que o mar unisse, já não separasse.

Deus quis a unidade da terra (isto é, que fosse toda conhecida), através do mar, de forma a servir de elemento de união entre os continentes e os povos.

Antítese: ideia de oposição entre “unisse” e “separasse” – relação de contraste.

4

Momento 2

Sagrou-te, […]

Infante é "sagrado" para a missão divina, predestindo para iniciar os Descobrimentos, é o escolhido por Deus para a execução da obra desejada.

Aspecto perfectivo: a ação é apresentada como concluida

Momento 3

[…] e foste desvendando a espuma.

O Infante é o escolhido por Deus para concretizar o seu projeto - é aquele que sonha, que tem a visão e finalmente foi “desvendando a espuma”, ou seja realizou a obra.

Metáfora: “desvendando a espuma”= desfazer o mistério ao descobrir os continentes e ilhas incógnitas.

E a orla branca foi de ilha em continente,

Referência à descoberta das ilhas da Madeira e dos Açores até à costa Africana.

Sinédoque: toma-se a parte pelo todo - “a orla branca” = rasto de espuma (esteira) dos barcos que partiram nos Descobrimentos » simboliza as caravelas e naus

Personificação: "E a orla branca foi de ilha em continente" - personificação da "orla branca" que nos sugere a rapidez imparável das descobertas.

5

Clareou, correndo, até ao fim do mundo,

Referência à passagem do Cabo das Tormentas: «até ao fim do mundo» para chegar à Índia.

“correndo” forma verbal no gerúndio dando a ideia de continuidade.

E viu-se a terra inteira, de repente,

Surgir, redonda, do azul profundo.

Esta visão da terra sugere a ideia de que a obra dos portugueses é o realizar de um plano divino. O redondo, a esfera, é o símbolo da perfeição cósmica, da unidade, da totalidade, da obra completa e perfeita que Deus quis.

Gradação crescente: começou por desvendar «ilha(s)» e «continente(s)», chegando ao «fim do mundo» e dando assim a conhecer «a terra inteira»

6

3ª Parte

Quem te sagrou criou-te português.

Deus sagrou o Infante e criou-o português, sendo assim símbolo do povo Português, o que significa que também ele foi assinalado, predestinado, escolhido por Deus para desvendar o mar desconhecido.

Perífrase: utilização de várias palavras “quem te sagrou” quando se podia usar uma palavra: “Deus”.

Do mar e nós em ti nos deu sinal.

Através do Infante Dom Henrique Deus revelou a sua vontade de os Portugueses partirem à Descoberta pelo mar.

Hipérbato: alteração da ordem natural das palavras na frase – ordem canónica: “e em ti nos deu sinal do mar (para) nós”

7

Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez.

Novo esquema: o sonho cumpriu-se (tese), desfez-se (antítese) e deu lugar a um novo sonho (síntese). Teríamos assim uma nova vontade divina, um novo sonho e uma nova acção.

“O Império se desfez” = queda do Império com a independência dos territórios do Brazil e da Índia.

Senhor, falta cumprir-se Portugal

Apelo ao cumprimento do destino mítico de Portugal: uma nova e espiritual missão – o V Império (império imaterial e civilizacional), visto que a dimensão material do império já foi conseguida (na época do Descobrimentos), ou seja, falta que Portugal se cumpra como pátria e entidade nacional – atingindo a perfeição.

Frase exclamativa e em forma de vocativo “Senhor, falta cumprir-se Portugal!”

Apóstrofe: invocação de um interlocutor (“Senhor”=Deus)

8

Estrutura externa

Estrutura

Conclusões

Reflexão

Title

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