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A prosa

Geração de 30

É na prosa que essa geração vai instituir a grande novidade em nossa literatura, ao nos apresentar um protagonismo a partir daí, permanentemente, presente na cultura brasileira: o da figura do nordestino sofrido, em meio às agruras da seca, aos desmandos sociais.

São romances caracterizados pela denúncia social. Houve grande interesse por temas nacionais, uma linguagem mais brasileira com um enfoque mais direto dos fatos, aproximando-se de procedimentos do Realismo-Naturalismo. Na prosa, atingiu-se elevado grau de tensão nas relações do "eu" com o mundo; é o encontro do escritor com seu povo. Havia uma busca do homem brasileiro nas várias regiões, por isso, o regionalismo ganhou importância, com destaque às relações da personagem com o meio natural e social (seca, migração, problemas do trabalhador rural, miséria, ignorância).

A ERA DOS ROMANCES

• INTIMISTA - Predomina o interesse pela análise do mundo interior das personagens e seus conflitos íntimos. Representantes dessa vertente: Lúcio Cardoso e Dionélio Machado.

• URBANA - Cultivada desde o Romantismo, a prosa urbana desse período focaliza o homem/meio e homem/sociedade. Autores principais: Érico Veríssimo, Dionélio Machado.

• REGIONALISTA – Predomina a denúncia das injustiças sociais e dos problemas econômicos do Nordeste, o drama dos retirantes da seca e a vida sofrida da população pobre. O romance social nordestino, de linha neorrealista, reúne a produção literária mais importante da segunda fase do Modernismo. A publicação de A bagaceira, de José Américo de Almeida, em 1928, é o marco inicial dessa tendência, cujos autores principais são Graciliano Ramos, José Lins do Rego, Rachel de Queiroz, Jorge Amado.

DIVISÃO DA PROSA

• PERSONAGEM: Sob a perspectiva psicológica;

• TEMÁTICA: Denúncia da realidade agrária no Brasil;

• LINGUAGEM: Mais tradicional, com a presença de vocábulos regionais, mistura de norma padrão e não-padrão.

Características das narrativas

• RETRATO DO UNIVERSO SERTANEJO (NORDESTINO) As personagens servem para retratar a realidade coletiva.

• ANÁLISE PSICOLÓGICA: Latifundiário(fazendeiro) Autoritário, banalizado pelo meio. Ex: São Bernardo -“Paulo Honório”

• ANÁLISE SOCIOLÓGICA: Caboclo limitado intelectualmente e explorado socialmente. Ex.: Vidas Secas – “Fabiano”

Graciliano Ramos

FICCIONAL: ANGÚSTIA, CAETÉS, VIDAS SECAS, SÃO BERNARDO.

AUTOBIOGRÁFICAS: INFÂNCIA, MEMÓRIAS DO CÁRCERE.

• VIDAS SECAS: Narrado em 3ª pessoa (único romance do autor com essa característica). • Temática: seca, migração, exploração e o abandono social, relação opressor e oprimido. Relações entre dono de terras e o trabalhador. • Personagens: Família de Fabiano (retirantes)- sinhá Vitória, dois filhos( o menino mais velho e o mais novo), Baleia (cadela); Patrão – “Tomás”(força de exploração); “Soldado amarelo” (representa a entidade governamental que oprime).

• SÃO BERNARDO • Neorrealista: Relações críticas quanto à sociedade; Análise da consciência do indivíduo ( introspecção psicológica). • Forte tendência: regionalismo • Forte marca dessa obra: reflexão sobre o modo como sistema capitalista “coisifica” o homem (busca pelo idealismo socialista)

Obras

Rachel de Queiroz

Tornou-se conhecida com a publicação da obra: “O quinze” • Narrativa social: efeitos da seca sobre o sertanejo; • Seca de 1915, migração, desigualdade, a indiferença dos poderosos diante da grave situação. • Vidas do interior cearense; • Eixo narrativo central da obra: migração de Chico Bento e sua família; • Eixo paralelo: amor impossível entre Vicente(proprietário rural) e Conceição(moça culta da cidade); • Conceição: busca feminina de autonomia em uma sociedade patriarcal. • Outras obras: João Miguel, Caminho das Pedras, As três Marias.

José Lins do Rego

FOCO: decadência da estrutura social e econômica dos latifundiários e engenhos da zona açucareira da Paraíba e Pernambuco; • Início da modernização com a chegada das usinas; • Concilia ficção e recordações da infância; • Trata, em especial, das transformações sociais profundas ocorridas no Nordeste: decadência dos engenhos substituídos pelas usinas.

• Algumas obras: Ciclo da cana-de-açúcar: Menino de engenho, Doidinho, Banguê, Usina, Fogo morto.

Ciclo do cangaço, do misticismo e da seca: Pedra bonita, Cangaceiros.

Além de: O moleque Ricardo, Pureza e Riacho doce, com elementos dos dois ciclos, entre outros.

Jorge Amado

FOCO DE INTERESSE: BAHIA - Zona cacaueira e a cidade de Salvador.

• A obra de Jorge Amado tem diferentes fases:

Regionalista e denúncia social - Caracteriza-se pelo romance engajado, algumas personagens encarnam ideais de justiças e igualdade. Pertencem a esse período: Cacau, Jubiabá, Capitães da areia, Terras do sem-fim, São Jorge do Ilhéus.

2ª fase - Tem início com a publicação de Gabriela cravo e canela, 1958. Fase mais descompromissada em que defende o amor e a liberdade, criando tipos ingênuos e exuberantes. Quincas Berro D’Água, Dona Flor e seus dois maridos, Tenda dos milagres.

3ª fase – Reutiliza fórmulas antigas de sua produção, como figuras femininas, velhas histórias da região cacaueira ou sincretismo religioso da Bahia. Obras desta fase: Teresa Batista cansada de guerra, Tieta do Agreste.

Jorge Amado

Érico Veríssimo

Regionalismo do Sul.

• A obra do autor costuma ser dividida em três fases:

• 1ª fase - Caracteriza-se pelo registro do cotidiano da vida urbana de Porto Alegre e pela apresentação de certos valores morais, sociais e humanos decorrentes da vigência de valores degradados. Obras: Clarissa, Música ao longe, Olhai os lírios do campo, O resto é silêncio.

• 2ª fase – Corresponde a O tempo e o vento, obra cíclica que trata da formação do Rio Grande do Sul.

• 3ª fase - Caracterizada por uma postura mais universalista, mais crítica e de engajamento social, representada por O prisioneiro, O senhor embaixador e Incidente em Antares.

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