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Conflitos entre memórias e narrativas.
A memória como um “repositório perpetuamente mutável de apresentação do passado para os fins do presente” (BELL, Duncan S. A. “Mythscapes: memory, mythology, and national identity”), sendo que "os impérios nunca morrem inteiramente. Enquanto estruturas de poder e influência que cobrem amplos espaços geográficos, os impérios podem terminar formalmente, mas eles têm uma pós-vida que se manifesta através de toda uma série de práticas, subjetividades e discursos” (PERALTA, Elsa. "Lisboa e a Memória do Império. Património, Museus e Espaço Público").
O exemplo do chocolate "Conguitos"
“O arquivo […] é fundamentalmente uma questão de discriminação e seleção, que, no final, resulta na concessão de status privilegiado a certos documentos escritos [eu acrescento físicos, imagéticos e orais] e na recusa desse mesmo status a outros, julgados como ‘inarquiváveis’. O arquivo não é, portanto, um dado, mas um status” (MBMEBE, Achille. “The power of the Archive and its limits”). Sua imbricada capacidade de atribuir status a formas e conteúdos específicos de documentos são promovedoras de uma importância ímpar na sua capacidade de legitimar – ou questionar – o Estado.
Importância cívica: enquanto local público / espaço de memória / detentor de poder possui importância na transformação do passado como campo cívico de participação política para a construção de uma nova memória que encara o passado e não o enterra ou o mitifica.
Como lidar com os arquivos imagéticos coloniais? Qual é o corpo colonizado que aparece nesses documentos históricos?
O exemplo das exposições “Colonizando África: Relatórios das Obras Públicas em Angola e Moçambique (1875-1975)” e “Moçambique: Independência e Nação no Acervo do AEL”.
As duas tiveram o intuito de organizar documentos do passado recente das ex-colónias portuguesas na África. Também tiveram como objetivo dar a conhecer para um público o conteúdo do acervo do AHU e do AEL, promovendo uma leitura possível das fontes selecionadas, maioritariamente fotografias, tendo como suporte textos, da própria documentação ou produzidos pelas curadorias. Nesse esforço de catalogação, organização, seleção e produção de uma narrativa, as curadorias atribuíram para suas exposições uma finalidade pedagógica. Curiosamente, a partir da noção de “pedagogia da presença”, que leva em consideração a importância da elaboração do conhecimento do passado africano em prol de uma sociedade descolonizada e democrática, seus resultados foram diametralmente opostos.
“Esta exposição foi montada sobre as imagens que integravam os relatórios produzidos pelos serviços de Obras Públicas Coloniais nos últimos 100 anos de colonização portuguesa em Angola e Moçambique, e que se encontram hoje guardados no Arquivo Histórico Ultramarino. Mostram-se 114 imagens de um universo de 1300 fotografias de 64 relatórios, entre centenas dos que foram redigidos, procurando-se assim ilustrar o último período da colonização portuguesa em África, que arrancou no final do século XIX. [...] Apesar dos modelos de atuação que foram adaptando a partir de outras experiências coloniais vizinhas, as seções locais de Obras Públicas espelharam sempre as dificuldades enfrentadas pelos portugueses no controle de um território genericamente hostil e recentemente ocupado. [...] Constituindo essencialmente uma forma de comunicação entre técnicos, os relatórios das Obras Públicas permitem refazer parte da dinâmica da vida colonial e ajudam a reconstruir os processos de construção da paisagem africana que a colonização tardia produziu. Uma paisagem resultante de opções de exploração econômica, negociação social e demonstração de poder, tomadas dentro das lógicas de governanção colonial. Ana Vaz Miheiro”.