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Desejos comodificados: um estudo sobre a busca por parceiros para relações homoeróticas entre envelhescentes e idosos no Brasil

João Paulo Ferreira

Discussão

Introdução

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"Um campo de possibilidades..."

O desejo e a transformação da busca amorosa/sexual: uma breve digressão histórica

...

"Nova ecologia das relações"

Illouz, 2012.

Embora criada em 1969, a rede interligada de computadores iniciou seu processo de expansão e comercialização no final da década de 1990 no Brasil. Uma mudança tecnológica e cultural foi indispensável para dar conta da transformação da primeira década do século XXI – o que incluíam, deste modo, as expansões de banda larga de alta velocidade (1991 – 1998), redes sem fio ou wireless (WLANs – 1994) e conteúdo orientado para o utilizador, isto é, a Web 2.0 (2004) e etc.

"Nova economia do desejo"

Miskolci, 2014.

Das razões mais diversas, essas pessoas que fazem parte de uma geração que viveu a homossexualidade no “meio” – e, portanto, a necessidade de afirmar-se “fora” –, como estigma, doença e, mesmo, pecado, encontram na internet uma nova – e, talvez, única – forma para encontrar parceiros/as e criar laços de amizade sem serem marcados pela exposição de seus desejos eróticos no espaço público (MISKOLCI, 2009, p. 176).

Metodologia

Quanto ao tipo:

Pesquisa de métodos mistos. O período de estudo foi de 12 meses.

Geração de dados:

Todxs xs interlocutorxs responderam as questões dentro da plataforma internacional Survey Monkey®.

(Parecer número 300.177/13, Comitê de Ética em Pesquisa, UFSCar)

Instrumentos:

  • Questionário de identificação;
  • Critério de Classificação Econômica Brasil;
  • Recorte geracional: 45 - 65 anos;
  • Especificidade: pessoas que fazem uso das Salas de Bate-Papo do portal Universo Online (UOL).

(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EMPRESAS DE PESQUISA, 2012).

Análise dos dados:

Público: 52 pessoas

(GAon)

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Foram realizadas análises estatísticas descritivas;

Análise do discurso baseada em Foucault;

Pesquisa documental;

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N = 107

2 grupos

Privado: 55 pessoas

(GFoff)

Agumas problematizações do presente:

Conclusão:

Referências:

  • Código-território - ampliação;
  • Possibilidade de "exposição" e trânsito do desejo;

Ponderados a partir dos objetivos propostos para este estudo, os resultados preliminares possibilitaram as seguintes conclusões pontuais:

 Renda e escolaridade são indicadores importantes quando se trata de acesso à internet e a própria aquisição de recursos e bens de consumo duráveis (computador, plano de internet e provedor);

 Há um recorte de gênero no acesso, pois, grande parte dos interlocutores/as eram homens;

 Os/as interlocutores/as que vivem secretamente a experiência online da homossexualidade, geralmente, são mais velhos;

 O Estado de São Paulo, por ser um grande centro de tecnologia e de melhores condições em se tratando de IDH, expectativa de vida e acesso à internet, envolve-se no que se pode chamar de ecologia “ampliada” de acesso. Ou seja, a localidade acionada aos recursos básicos característicos (fontes tecnológicas – mercado) é facilitadora do acesso e do contato com a mídia (IPEA indicada em matéria no Jornal Estadão);

online até a amizade tem seu preço.

"Prior to the Internet, the main ways in which gay and bisexual men socialized were through gay bars and clubs and community groups/centers, as well as through public sex venues: adult bookstores, bathhouses, and cruising parks or bathrooms (de Wit, de Vroome, Sandfort, & van Griensven, 1997; Frankis & Flowers, 2009; Humphreys, 1975; Shilts, 1987). Such public atmospheres were unattractive to individuals who may not have been out about their sexual interest in men, or for those who were still exploring their sexual identities (Weinrich, 1997). There was also the potential for physical harm (e.g., being assaulted, raped, robbed) and police arrest in public sex environments. Gay spaces such as bars, clubs, and bathhouses were less accessible to those living in nonurban areas. In contrast, the Internet emerged as a space that was available 24 hours a day (unlike bars/clubs) through which users could interact with others without revealing their full identities" (GROV. et. al., 2014, p. 393).

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As “chances” online de se socializar envolvem a origem socioeconômica, pois o universo online se relaciona diretamente com o off-line.

Continuum online/off-line

Nota:

Disponível em: http://economia.estadao.com.br/noticias/economia-brasil,mais-de-50-ja-tem-internet-no-sudeste-no-nordeste-so-20-usam-a-rede,179563,0.htm Acesso em: 16 de Outubro de 2016.

"Ainda que a Internet possibilite outras formas de busca de relacionamentos afetivos/amorosos/sexuais, as histórias de sucesso, as entrevistas e os artigos sobre namoro e relacionamento sugerem que as relações iniciadas online estão permeadas por códigos de gênero similares às relações que começaram em outros espaços de sociabilidade, mostrando o continuum online/off-line" (Beleli, 2012).

Resultados

Algumas notas:

Características sócio-demográficas:

Condição socioeconômica:

107 pessoas entrevistadas (GAon, GFoff):

  • 96,12% eram do sexo masculino (n = 103);
  • 3,88% eram do sexo feminino (n = 4);

  • GAon: 30,8% na classe B2 (n = 16), 23,1% na classe C1 (n = 12), 21,2 na classe B1 (n = 11), 13,5% na classe C2 (n = 7), 7,7% na classe A2 (n = 4) e 3,8% na classe D (n = 2).
  • GFoff, 34,5% na classe B1 (n = 19), 25,5% na classe B2 (n = 14), 20% na classe C1 (n = 11), 10,9% na classe A2 (n = 6), 5,5% na classe C2 (n = 3) e 3,6% na classe D (n = 2).

GAon: 44,46 (DP = 4,76);

GFoff: 47,25 (DP = 6,25);

Média da idade

Escolaridade:

Gráfico 2: Distribuição dos sujeitos dos grupos GAon e GFoff segundo a classificação socioeconômica

Gráfico 1: Distribuição dxs interlocutorxs dos grupos GAon e GFoff segundo a variável escolaridade

A construção de uma nova cultura baseada na comunicação multimodal e no processamento digital de informações cria um hiato geracional entre aqueles que nasceram antes da Era da Internet (1969) e aqueles que cresceram em um mundo digital (CASTELLS, M. p. 2, 2010).

Resultados

Gráfico 1: Choropleth Map*: proveniência por estado** dxs interlocutorxs de ambos os grupos

Agradecimentos

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A pesquisa contou com interlocutores/as de grande parte dos estados brasileiros (Gráfico 1). Do GAon, 38,5% eram de São Paulo (n = 20), 23,1% do Paraná (n = 12), 11,5% do Rio de Janeiro (n = 6), 9,6% da Bahia (n = 5), 5,8% do Rio Grande do Sul (n = 3), 3,8% de Minas Gerais (n = 2) e 1,9% (n = 1) dos demais estados (Espírito Santo, Goiás, Paraíba e Tocantins). Do GFoff, 56,4% eram provenientes de São Paulo (n = 31), 12,7% do Rio de Janeiro (n = 7), 10,9% do Paraná (n = 6), 7,3% de Minas Gerais e 1,8% dos demais estados (n = 1), sendo: Distrito Federal, Pará, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Rio Grande do Sul.

Amigxs e colegas,

Muito obrigado!

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