O CORTIÇO, ALUÍSIO AZEVEDO

• Último quarto do século XIX a literatura que não se enquadrava nos preceitos românticos era Realismo;
• A denominação Naturalismo surge posteriormente para designar um tipo especial de literatura realista, tendo como referência Émile Zola (1840-1902).

• Em 1880, Zola publica um livro intitulado "O Romance Experimental", buscando afirmar a necessidade e viabilidade do tratamento científico dado à matéria narrada. Partindo das ideias de Calude Bernard, o qual publicará em 1865 "Introdução ao Estudo da Medicina Experimental", Zola ressaltará que:

"Há um determinismo absoluto nas condições de existência dos fenômenos naturais, tanto para os corpos vivos, quanto para os corpos brutos", formulando a seguinte questão para seu texto: "será que em Literatura [...] a experiência é possível?"

• Zola propõe que o romance é um exercício de experimentação, entendendo-o como uma experiência de laboratório: "colocam-se em um dado ambiente umas tantas personagens, estabelecem-se as determinações biológicas de cada uma delas e se obtém um desenvolvimento lógico, uma série de ações e/ou temperamentos que obedecem a essas determinações". Franchetti (2012: 18).

• Mas como provar na Literatura o caráter experimental? Como confirmar hipóteses a partir de variáveis sendo que trata-se de um romance?

"[...] o romancista experimentador é, portanto, aquele que aceita os fatos provados, que mostra, no homem e na sociedade, o mecanismo dos fenômenos que a ciência domina, e que faz seu sentimento pessoal intervir APENAS (grifo nosso) nos fenômenos cujo determinismo ainda não está de forma alguma fixado, procurando controlar o mais que puder este sentimento pessoal, esta ideia a priori, pela observação e pela experiência".

Emile Zola, O Romance Experimental e o Naturalismo no Teatro, trad. Ítalo Caroni e Célia Berrettini, São Paulo, Perspectiva, 1982, p. 75.

O CORTIÇO, ALUÍSIO AZEVEDO

O naturalismo

por Paulo Franchetti

O romance experimental de Zola

Edição Ateliê

p. 30 e 31 - comentários sobre "O cortiço".

- Tipos de pessoas: o colono, a menina do cortiço, o vendeiro amancebado com uma negra, o capoeira, a senhora romântica.

- Romance quebra com a expectativa de construção de um enredo que dê conta de romantizar (?) encaminhamento de algumas personagens: embora haja uma mestiçagem nos relacionamentos que acontecem dentro do cortiço, nenhum deles deixa descendência.

- A supremacia do homem branco marcada em "O cortiço" - discutir.

O conhecimento das leis e princípios antecede a construção do enredo.

Enredo é desenvolvido de forma a não infringir leis e princípios , "fatos provados".

Romance experimental constrói um discurso que comprove a possibilidade de obter verossimilhança a partir dos pressupostos científicos, eliminando ou impedindo o surgimento de eventos ficcionais que não puderem ser explicados pelso pressupostos.

Enredo deverá adequar-se às leis e princípios, buscando conformar os episódios ao "mecanismo dos fenômenos".