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A visitar Israel por vários meses em 1975, Bellow manteve um relato das suas experiências e impressões. Daí nasceu um livro apaixonado e pensativo, por vezes exasperante. Como Saul observa ironicamente "Se tu queres que todos te amem, não discutas politíca israelita" - mas discuti-lo era tudo o que ele fazia.
O que obtemos é muitas vezes maravilhoso. Imerso no ceticismo de Chicago, mas que responde aos gritos de guerra da ideologia, caindo, como todos os outros visitantes de Israel num "vendaval", que este acaba por adorar.
Quando se vai para Israel, supõem-se que todos falem o mesmo dialético. Para os judeus americanos, criados nas ruas dos imigrantes, a cena israelita pode parecer agradável, pois era como estar de volta aos "círculos" de conversa entre os judeus que discutiam politíca nas ruas de Bronx.
Como um simples livro de viagem, "Jerusálem - Ida e Volta, é irregular. Existem algumas descrições notáveis, como aquela em que Bellow sente o «ar derretido» de Jerusalém a pressioná-lo como um peso quase humano. Algo inteligível, algo metafísico, é comunicado «pelas cores terrestres da mais bela das cidades».
«Noutro lugar nós morremos e desintegramos-nos. Aqui nós morremos e misturamos-nos». Mas note-se, que até aqui Bellow, consgue trocar lugares por respostas humanas.
Mas, como o autor conta, se olharmos de um modo mais profundo, percebemos que existem, novos tipos de israelitas, que não são tão grandes faladores, nem tão convictos de febres messiânicas. Para ele, talvez esses sejam os Israelitas de amanhã.
Ao longo da narrativa, o autor vai conversando com algumas pessoas, todas eslas partilham algo em comum, o facto de gostarem de discutir política, como David Shahar, grita que os árabes "não querem as nossas propostas de paz... eles querem-nos destruir". Teddy Kollek, prefeito de Jerusalém, um homem tão repleto de energias de amizade, tão atento a agradar os visitantes, tornando a cidade habitável, este deixa Bellow sem fôlego. AB Yehoshua, romancista, lamenta a "incapacidade de estar sozinho no sentido espiritual" devido à tensão sentida em Israel.
Mas o que mais impressiona Bellow, repetidamente, é que viver em Israel deve ser tão cansativo como emocionante, o autor diz ser uma sociedade cultivada, em estado de guarnição, que toma medidas para tudo e que todos os recursos são para situações de conflito.
Nesta crónica de viagem, ao visitar Israel, o autor procura compreender o conflito que divide Israel e Palestina.
Israel é aqui retratada como uma jovem nação, em plena crise de identidade, sendo explorados os efeitos que esta poderá vir a sofrer no futuro.
Na obra, é evidente o esforço do autor para compreender o que significa ser judeu em pleno século XX, uma vez que o relato decorre em 1975, procurando testemunhos e opiniões de diferentes pontos de vista.
Para ávidos admiradores de política com conhecimentos mais profundos acerca de assuntos contemporâneos, penso que seja uma leitura agradável e informativa, onde o autor expõe a sua tese pessoal acerca de relatos e conversas que vai tendo ao longo da sua viagem.
Um testamento poderoso e estimulante, Jerusalém, Ida e Volta é uma tentativa rigorosa de enfrentar a história e o futuro de Israel. Imergindo na paisagem e na cultura deste "pequeno estado em crise perpétua", Bellow regista opiniões, paixões e sonhos de israelitas de diferentes pontos de vista, e acrescenta as suas próprias reflexões de como é ser judeu no século XX.
As descrições das paisagens feitas por Bellow são incríveis e fazem-nos querer visitar a cidade, se não fosse o caso de estar em iminente ataque. O livro mesmo tendo sido escritos há mais de 30 anos permanece atual e quase parece que Saul adivinhava o futuro do país que considerava como a sua pátria.
A jornada de Saul não é meramente a exploração de uma cidade muito bonita e problemática, como também um grande trabalho literário.