Café Pilão

A D.E. Master Blenders 1753 (a antiga Sara Lee) é a atual dona do Café Pilão

E também é dona das marcas Senseo, Damasco, Café do Ponto, Caboclo, Palheta e Moka.

Essas Marcas fazem da D. E. Master Blenders, líder do mercado nacional.

O Brasil é o maior produtor e segundo maior mercado consumidor de café.

Porém, apenas 3 semanas depois de ser listada na bolsa de Amesterdã, os investidores pediram indenização a dono do café Pilão pois a empresa Master Blenders 1753 emitiu um alerta citando fraude e problemas com impostos e estoques no Brasil.

A suposta fraude custou o emprego do presidente brasileiro, Dantes Hurtado, do antigo diretor financeiro e do segundo executivo de finanças, demitidos na primeira semana de setembro.

Em 1º de agosto, a empresa divulgou um comunicado informando a descoberta de problemas de contabilidade na operação brasileira, que, somados, resultam em perdas de 85 milhões a 95 milhões de euros (de 212 milhões a 237 milhões de reais). Dizia ainda que os balanços financeiros dos últimos três anos e meio seriam revisados.

Sabe-se até agora que a maior parte do problema estava no departamento de vendas.

A investigação iniciada por Ernst & Young e Kroll, que começou em julho, está programada para terminar em outubro. Ou seja, mais detalhes podem ser revelados — e não se descarta que novas perdas tenham de ser contabilizadas no balanço da empresa que é líder em vendas de café no país.

A fraude foi descoberta por André Maurino , novo diretor financeiro (entrou em junho deste ano) das operações da D.E. Master Blenders no Brasil. Tinha o mesmo cargo na varejista francesa Carrefour.

Para cumprir as metas de crescimento estabelecidas pela matriz e garantir seus bônus anuais, alguns executivos teriam registrado uma série de pedidos de varejistas por conta própria

Maurino logo percebeu que, por trás dessa força toda, algo parecia errado. Ante o que ele julgou serem indícios de manipulação de resultados, ele solicitou uma auditoria à PricewaterhouseCoopers. A suspeita chamou a atenção da matriz, que despachou para o Brasil sua cúpula em julho.

Segundo dados da consultoria KPMG, empresas brasileiras e americanas perdem o equivalente a 5% do PIB em fraudes a cada ano. O maior problema está na crise de confiança que esse tipo de notícia gera.

A operação brasileira de café é a maior da empresa no mundo, com faturamento de 1,5 bilhão de reais, ou 21% da receita global.

Isso incentivou a muitos investidores holandeses a investirem no café Pilão.

Ocorre que, em alguns meses, a Master Blenders não teria lançado no balanço o pagamento dessa verba como despesa, mas como “contas a receber”

Dantes Hurtado Júnior, presidente da D.E. Master Blenders no Brasil desde 2002. Antes era presidente da divisão de alimentos da Unilever Bestfoods.

Outro malabarismo acontecia na relação com os grandes varejistas e atacadistas.

Para convencê-los a fazer novos pedidos, mesmo quando seus estoques estavam cheios, a equipe da Master Blenders aumentava em até 50% a verba promocional paga à rede.

O varejista até aceitava a compra, mas só pagava quando desejava de fato recebê-la, o que poderia levar meses.

E o terceiro maior player no mercado global de café, após a norte-americana Kraft Foods Inc, e a Nestlé.