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Questões
1) (UEMS) Considerando-se os cenários, ou ambientes, em que se passam os acontecimentos narrados em O crime do padre Amaro, é CORRETO afirmar que eles:
a) parecem distorcidos, porque resultam da mistura de sonho com realidade.
b) importam apenas à medida que ressoam no interior das personagens.
c) representam alegoricamente o drama vivido pelos personagens Amaro e Amélia.
d) são objetivamente descritos e, neles, cada personagem desempenha seu papel.
3) (UEMS) Assinale a alternativa em que o discurso do narrador, no trecho transcrito de O crime do padre Amaro, de Eça de Queirós, NÃO reflete o ponto de vista do personagem indicado entre colchetes.
a) "A idéia da doença, da solidão que ela traz, faziam agora parecer a João Eduardo mais amarga a perda de Amélia. Se adoecesse, teria de ir para o hospital. O malvado do padre tirara-lhe tudo – mulher, felicidade, confortos de família, doces companhias da vida!" [JOÃO EDUARDO]
b) "Apenas fechou a carta, as folhas de papel branco espalhadas diante dela deram-lhe o desejo d’escrever ao padre Amaro. Mas o quê? Confessar-lhe o seu amor, com a mesma pena, molhada na mesma tinta, com que aceitava por marido o outro?... Acusá-lo de cobardia, mostrar o seu desgosto – era humilhar-se!" [AMÉLIA]
c) "O cônego soprava, agarrando fortemente o guarda-chuva contra o vento; Natário, cheio de fel, rilhava os dentes, encolhido no seu casacão; Amaro caminhava de cabeça caída, num abatimento de derrota; e enquanto os três padres, assim agachados sob o guarda-chuva do cônego, iam chapinhando as poças pela rua tenebrosa, por trás a chuva penetrante e sonora ia-os ironicamente fustigando!" [O CÔNEGO]
d) "Viera a suspeitar que a ela no fundo não lhe desagradava a mudança. João Eduardo por fim era um homem; tinha força dos vinte e seis anos, os atrativos de um belo bigode. Ela teria nos braços dele o mesmo delírio que tinha nos seus... Se o escrevente fosse um velho consumido de reumatismo, ela não mostraria a mesma resignação." [PADRE AMARO]
2- A respeito do Padre Amaro é correto o que se afirma em:
a) Representa apenas a hipocrisia política portuguesa, através da sua relação de poder com a condessa de Ribamar.
b) Sintetiza todos os defeitos do clero lisboeta.
c) É apenas um exemplo do fracasso da educação religiosa na época de Eça de Queirós.
d) É resultado de uma série de desvios comportamentais proporcionados, principalmente, pelo meio em que está inserido.
e) Não lhe são atribuídas características físicas interessantes, o fascínio que cria em Amélia vem, apenas, do fato de ser um religioso.
A perspectiva do romance, é uma literatura participante, com o compromisso de intervir na realidade, contribuindo para o desenvolvimento social.
O Crime do Padre Amaro é a primeira produção de um vasto inquérito sobre os problemas da sociedade portuguesa, que o escritor pretendia realizar. Seu objetivo era criticar para corrigir. Sendo a mais enquadrada mecanicamente nas diretrizes teórico-ideológicas do Realismo-Naturalismo europeu.
Dois anos mais tarde o autor funda com Ramalho Ortigão As Farpas, revista de crítica social. Participa no Cassino Libonense das Conferências Democráticas, organizadas por Antero.
No ano de 1874 é transferido para Londres onde escreve O Primo Basílio. E um ano mais tarde (1875), publica na Revista Ocidental a primeira versão de O crime do Padre Amaro.
Casa-se em 1885 com Emília de Castro Pamplona (Resende).
Durante 1888 e 1889, é nomeado cônsul em Paris, funda a Revista de Portugal e organiza o Almanaque Enciclopédico.
Eça de Queirós falece após uma doença prolongada, a 16 de agosto de 1900, em Neully (Paris).
Eça de Queirós foi um dos grandes responsáveis pelo início do realismo em Portugal. “O Crime do Padre Amaro” é uma obra representativa do movimento literário.
Apresenta uma visão mais crítica da sociedade, em que o autor fugiu do estilo clássico de escrita, apostando em uma maior liberdade na elaboração do texto.
Comumente escritores vinculados à corrente naturalista, determinam o erotismo que domina os personagens. Os seres humanos são submetidos pelo meio social e pelo contexto histórico, que regem seu comportamento. Embora tentem se prender a um padrão moral, acabam agindo pelos impulsos naturais de sobrevivência da espécie, o desejo sexual.
José Maria Eça de Queirós nasceu em Póvoa do Varzim, em 25 de Novembro de 1845.
Matricula-se no primeiro ano da Faculdade de Direito de Coimbra em 1861, onde conheceu Teófilo Braga e Antero de Quental.
A partir de 1866 forma-se em Direito e instala-se em Lisboa, inscrevendo-se como advogado no Supremo Tribunal de Justiça.
Inicia suas atividades literárias escrevendo no jornal Gazeta de Portugal, que serão reunidos no volume Prosas Bárbaras. No mesmo ano funda e dirige o jornal político Distrito de Évora.
Posteriormente liga-se ao Cenáculo, grupo de intelectuais boêmios, dirigido por Antero de Quental.
Em 1869 viaja pelo Oriente Médio, onde assiste à inauguração do Canal de Suez e após regressar para Lisboa publica a obra O Mistério da Estrada de Sintra e os relatos da viagem, intitulado De Port-Said Suez.
O espaço social não é menos retratado. O romance O Crime do Padre Amaro mostra as relações existentes entre as várias personagens que habitam determinados espaços. O autor exprime aquilo que é real, em termos de espaço físico e nas relações sociais, introduzindo neles a ficção inerente às vivências do escritor. A referência a lugares ou personagens identificáveis pelo leitor cria um “efeito real”, como que tornando as personagens e locais verdadeiros, aumentando assim, o interesse do leitor pela obra.
* A Praça do Almada é o centro cívico da cidade da Póvoa de Varzim em Portugal, logo localizada no Centro da cidade. Contém a escultura que homenageia o escritor Eça de Queiroz, que ali nasceu. *
A maior parte da narrativa concentra-se em uma província chamada Leiria, sede do bispado para onde o padre Amaro consegue transferência.
O espaço citado é o mais valorizado e é onde se passa a maior parte da ação. Os locais são facilmente identificáveis: Torre Sineira, Sé , Administração do conselho (edifício no Largo da Sé), Botica do Carlos (Farmácia Paiva), casa da S. Joaneira (Casa da Travessa da Tipografia), Praça (arcadas), Rossio e Alameda Velha (Marachão).
S. Joaneira - Personagem secundária, amante do cónego Dias. Senhora alta, gorda, muito branca. A sua casa era o centro do beatério de Leiria. É aí que se passam os encontros dos protagonistas. Chamavam-lhe S. Joaneira por ser natural de S. João da Foz.
Cónego Dias - Mestre moral do padre Amaro no seminário. Era gordo, barrigudo, de cabelos grisalhos, "as olheiras papudas, o beiço espesso, faziam lembrar velhas anedotas de frades lascivos e glutões".
João Eduardo - Noivo de Amélia. Percebendo a atração que Amaro exerce sobre sua noiva, escreve um artigo anônimo denunciando a corrupção do clero de Leiria, mas é descoberto e sofre severas represálias dos padres, inclusive de Amaro, a quem agride com um soco. Depois de um tempo ausente, retorna, mas não consegue ficar com a amada e chora muito a sua morte.
As personagens intervenientes – principais, secundárias ou meramente figurantes – são imensas. As personagens principais para a determinação da acção são a S. Joaneira (Augusta Caminha), o cónego Dias, Amaro e Amélia.
Os Protagonistas
PADRE AMARO - Órfão ainda na infância, vai para o seminário por desejo de sua protetora, a marquesa de Alegros. Manifesta religiosidade, mas também tem fortes desejos sexuais. Incapaz de conter sua libido, acaba seduzindo Amélia.
A narrativa é em terceira pessoa e o narrador é onisciente, pois possui total conhecimento de todos os fatos e situações. É possível perceber também a antipatia que Eça sente por vários dos tipos retratados, em especial os padres e as beatas, por causa da ironia e dos adjetivos rudes, muitas vezes grosseiros, que utiliza em suas descrições. Isso é o retrato de uma postura anticlerical, comum entre os escritores realistas. Veja este trecho em que o narrador descreve o padre José de Miguéis, logo no início do romance:
'' Nunca fora querido das devotas; arrotava no confessionário, e, tendo vivido sempre em freguesias da aldeia ou da serra, não compreendia certas sensibilidades requintadas da devoção: perdera por isso, logo ao princípio, quase todas as confessadas, que tinham passado para o polido padre Gusmão, tão cheio de lábia!''
AMÉLIA - Filha da senhora Joaneira, é uma moça facilmente influenciável. Assim como o padre, não consegue controlar os instintos sexuais e trai o noivo, João Eduardo. É fraca e, por mais que resista, não consegue livrar-se da influência de Amaro. Morre de hemorragia, logo após o parto.
O tempo compreende os anos de 1860 a 1870, aproximadamente, e se desenvolve de forma cronológica, linear, com eventuais voltas ao passado, quando o autor, após apresentar alguns dos personagens, conta a história de Amaro e de como ele se tornou padre.