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Observe:
"a porta do quarto se abriu e eles saíram no corredor. calçando as luvas sousa costa largou por despedida"
"terça-feira o táxi parou no portão da vila laura. elza apeou ajeitando o casaco, toda de pardo, enquanto o motorista botava as duas malas, as caixas e embrulhos no chão."
“ali pela boca da noite o viver da casa já estava reorganizado e velho, mesma coisa de antes resvalando para a mesma coisa de em seguida. isto não sei se é bem se é mal, mas a culpa é toda de elza. isto sei e afirmo. se não fosse a moça, dona laura levaria um dilúvio de manhãs pra se acomodar com a situação nova. ”
“não vejo razão pra me chamarem vaidoso se imagino que o meu livro tem neste momento cinqüenta leitores. comigo 51. ninguém duvide: esse um que lê com mais compreensão e entusiasmo um escrito é autor dele."
02. (PUCCAMP) Leia com atenção o seguinte excerto de Amar, Verbo Intransitivo, de Mário de Andrade:
"Vejam por exemplo a Alemanha, que-dê raça mais forte? Nenhuma. E justamente porque mais forte e indestrutível neles o conceito de família. Os filhos nascem robustos. As mulheres são grandes e claras. São fecundas. O nobre destino do homem é se conservar sadio e procurar esposa prodigiosamente sadia. De raça superior, como ela, Fräulein. Os negros são de raça inferior. Os índios também. Os portugueses também."
No trecho acima,
a. encontram-se as convicções autênticas do escritor Mário de Andrade quanto à superioridade racial dos alemães, que ele ardilosamente atribui a Fräulein, tornando-a seu porta-voz.
b. o narrador utiliza uma técnica narrativa que gera o máximo distanciamento entre ele e a personagem, qual uma câmara que só capta a exterioridade de um objeto.
c. o nacionalismo de Mário de Andrade faz com que ele caracterize o germanismo de Fräulein, já que o objetivo da narrativa é demonstrar a superioridade da cultura brasileira sobre as demais.
d. surge, provocadoramente, a tese da "superioridade racial" do alemão, encarnada em Fräulein, que esta deverá testar no confronto com a suposta "inferioridade dos latinos", encarnada no adolescente Carlos.
e. quem de fato está narrando é o chefe da família Sousa Costa, que admira a disciplina germânica e por esta razão contratou Fräulein como preceptora na iniciação sexual de seu filho Carlos.
5. Acerca do desfecho da narrativa, pode-se afirmar que:
a) Carlos acaba recorrendo à prostituição, apesar dos inúmeros cuidados do pai para que não o fizesse.
b) Elza desiste de procurar alunos para suas lições nada convencionais e decide voltar para a Alemanha.
c) Carlos e Elza ficam juntos e Souza Costa acaba caindo em sua própria armadilha de não ver o filho apaixonando-se por uma mulher que não fosse de sua classe.
d) Carlos e Elza separam-se, ela arruma um novo aluno e ele, uma nova namorada. A vida deveria continuar, apesar de os dois não terem ficado juntos.
e) Souza Costa acaba ficando com Fräulein, para desespero de Carlos, que já estava apaixonado pela professora, e da esposa, que nem desconfiava das intenções do marido.
6. Mário de Andrade, em Amar: verbo intransitivo, para atribuir uma maior dimensão psicológica à sua personagem Elza, introduz na literatura uma corrente característica do determinismo do final do século XIX e início do século XX. A corrente e seu criador são:
a) Positivismo, Auguste Comte
b) Psicanálise, Sigmund Freud
c) Evolucionismo, Charles Darwin
d) Economia Política, Adam Smith
e) Socialismo, Karl Marx
Leia o trecho:
- Queira desculpar Fräulein. Vivo tão atribulado com os meus negócios! Demais: isso é uma coisa de tão pouca importância!... Laura, Fräulein tem o meu consentimento. Você sabe: hoje esses mocinhos... é tão perigoso! Podem cair nas mãos de alguma exploradora! A cidade... é uma invasão de aventureiras agora. Como nunca teve! COMO NUNCA TEVE, Laura... Depois isso de principiar... é tão perigoso! Você compreende: uma pessoa especial evita muitas coisas. E viciadas! Não é só bebida não! Hoje não tem mulher-da-vida que não seja eterômana, usam morfina... E os moços imitam! Depois as doenças!... Vive na sua casa, não sabe... é um horror! Em pouco tempo Carlos estava sifilítico e outras coisas horríveis, um perdido! É o que eu te digo, Laura, um perdido! Você compreende... meu dever é salvar o nosso filho... Por isso! Fräulein, prepara o rapaz. E evitamos quem sabe? até um desastre!... UM DESASTRE!‖ ( Amar, verbo intransitivo – Mário de Andrade)
4. Assinale a alternativa que melhor resume o enredo de Amar: verbo intransitivo.
a) Um homem que, para proteger seu filho de eventuais aventuras, decide contratar uma “professora de amor”. Mas os dois (professora e aluno) se apaixonam e a velha estrutura da classe média paulistana é abalada.
b) Um homem que, para esconder de sua esposa a traição, resolve fingir que a governanta da casa é, na verdade, uma “professora de amor” que ele contratara para o filho. Por ironia, a governanta e o filho acabam se apaixonando.
c) Um menino que recebe do pai uma “professora de amor”, para que não caísse nas garras da mulheres típicas da classe média baixa de São Paulo, ansiosas por ascensão social.
d) Uma mulher que, sem o consentimento do marido, contrata uma “professora de amor” para o filho. Ao descobrir, o casamento dos dois entra numa grave crise. Mário de Andrade faz, assim, uma crítica modernista ao casamento tradicional.
e) Um menino que se apaixona por uma prostituta e contrai uma grave doença (sífilis). Seus pais resolvem dar-lhe, então, uma acompanhante para seus últimos dias de vida.
03. (U.E. de Londrina) O narrador de Amar, Verbo Intransitivo
a. É o próprio Mário de Andrade, que utiliza exclusivamente o foco de terceira pessoa, não-onisciente.
b. Não se dá a conhecer, dado que seu foco é onisciente.
c. Alterna a narração subjetiva, em primeira pessoa, com a narração em terceira pessoa, de caráter onisciente.
d. É exclusivamente de primeira pessoa, e, portanto, não é onisciente.
Mário Raul de Morais Andrade nasceu em São Paulo no dia 9 de outubro de 1893.
Teve papel importante na implantação do Modernismo no Brasil. Foi amigo de Anita Malfatti e Oswald de Andrade. Seu romance "Macunaíma" foi sua criação máxima, levada para o cinema.
Em 1911 ingressou no Conservatório de Música de São Paulo, formando-se em piano.
Escreveu em 1917 seu primeiro romance sob o pseudônimo de Mario Sobral: “Há uma gota de sangue em cada poema”, em que defendia a paz e criticava a Primeira Guerra Mundial.
O ano de 1922 foi importante para Mário de Andrade, além da Semana de Arte Moderna, foi nomeado professor catedrático do Conservatório de Música.
Em 1922, publicou “Paulicéia Desvairada”, o primeiro livro de poemas da primeira fase do Modernismo, obra que destruía os padrões literários vigentes e propunha uma nova linguagem poética.
01. (FATEC) As afirmações estão inteiramente corretas em:
a. Apesar do interesse pela cultura brasileira e da ativa participação do movimento artístico representado pelo modernismo, Mário de Andrade só se dedicou à literatura.
b. Mário de Andrade, escritor modernista que estendeu sua influência a todos os domínios da cultura brasileira, é também o criador da Academia Brasileira de Letras.
c. Mário de Andrade, autor de Macunaíma, Paulicéia Desvairada, e Amar, Verbo Intransitivo é um autor autenticamente paulistano. A temática de sua obra restringe-se à cidade de São Paulo.
d. Mário de Andrade, escritor brasileiro, desempenhou importante papel na Semana de Arte Moderna de 1922 e participou ativamente da renovação deflagrada pelo movimento modernista.
e. Profundamente ligado à cultura popular brasileira, Mário de Andrade não valorizava os autores estrangeiros e jamais os mencionava em seus textos.
Ele ainda foi Diretor do Departamento de Cultura da Prefeitura de São Paulo, entre os anos de 1934 e 1938. Lecionou Filosofia e História da Arte na Universidade do Rio de Janeiro em 1938. Foi funcionário do Serviço do Patrimônio Histórico do Ministério da Educação.
Mário Andrade faleceu em São Paulo, no dia 25 de fevereiro de 1945, vítima de um ataque cardíaco e atualmente é considerado um dos maiores escritores da literatura brasileira.
Mário de Andrade fez viagens pelo Brasil, com o objetivo de estudar a cultura de cada região. Visitou cidades históricas de Minas, passou pelo Norte e Nordeste, recolhendo informações como festas populares, lendas, ritmos, canções, modinhas etc. Todas essas pesquisas lhe renderam obras como "Macunaíma", "Clã do Jabuti", "Ensaio sobre a Música Brasileira" e “Remate de males” dentre os anos de 1923 e 1930.
A partir de 1930, a poesia do escritor se volta para a reflexão, análise e denúncia dos problemas nacionais tomando dois caminhos:
1. Poesia intimista e introspectiva: destaca-se a obra “Poesia”, de 1942.
2. Poesia política: caracterizava-se por ter uma linguagem agressiva e combater as injustiças sociais.
Destacam-se as obras “O carro da miséria” e “Lira Paulistana”, ambos de 1946.
O escritor faz parte do modernismo, movimento literário que faz críticas ao anterior, o parnasianismo.
Algumas obras apresentam características mais calmas e intimistas, enquanto outras trazem a política e as críticas para o debate. É importante ainda, perceber o uso do coloquialismo na linguagem, em oposição a um formalismo mais acentuado do parnasianismo.
Publicado em 1927, Amar, verbo intransitivo recebeu muitas críticas sociais e comportamentais, em que a obra narra o envolvimento de um jovem de família de posição social com uma alemã mais velha contratada, chocando a sociedade e transformando Mário de Andrade num alvo para críticas.
F. Sousa Costa: patriarca da família. Possui um passado misterioso – cheio de segredos. Preocupado com o filho, contrata Elza para ensiná-lo a tomar cuidado com os perigos que a vida pode oferecer no ramo do amor.
Tem características expressionistas, destacando a mulher, a sexualidade humana e denunciando a burguesia. O autor coloca em oposição a pobreza da alma do homem burguês e a sabedoria feminina. Isso faz com que seja um romance pró-mulher, onde, apesar da fala masculina do narrador, a autonomia e expressão femininas são fortemente ressaltadas.
O nacionalismo é identificado na tentativa de definir o caráter ou a identidade nacional do brasileiro em contra-posição ao alemão.
"Depois a mesma coisa recomeça, o polvo readquire o tentáculo que faltava. Com a mesma naturalidade quotidiana, pratica o destino dele: prover e vogar. Sobe à tona da vida ou desce porta a dentro, na profundeza marinha. Profundeza eminente respeitável e secreta. (…)
Elza é filho chegando do sítio ou mãe que volta de Caxambu. Membro que faltava e de novo cresces".
D. Laura: Também possui um passado misterioso. É mãe dedicada e preocupada com seus filhos, e ao descobrir que seu marido contratara Elza para iniciar sexualmente Carlos, pensa que é o melhor para ele nesse momento e concorda com a decisão do marido.
A obra apresenta características como a ambiguidade que permeia todo o livro; começando pelo seu título. Amar, sendo um verbo transitivo, apresenta para o narrador outro significado; é intransitivo. Fräulen desperta o amor de Carlos para que ele pudesse aprender a amar, não importando a quem, ou que isso tudo fosse uma invenção.
Além disso, o subtítulo do livro é Idílio, onde os enamorados se amam reciprocamente, o que não ocorre no livro, já que Fräulen não expressa nenhum sentimento maior por Carlos.
Outra característica é o emprego da linguagem coloquial utilizada pelo escritor já na década de 30. O uso de pontuação é de acordo com a necessidade e intenção do autor, que não segue fielmente a regras gramaticais.
Maria Luísa: Tem 12 anos e é irmã de Carlos. Sempre está doente, durante uma de suas doenças Fräulein cuida dela como se fosse sua mãe.
Laurita: Tem 7 anos, irmã de Carlos.
Aldinha: Possui 5 anos, irmã mais nova de Carlos.
Carlos: Com 16 anos, possui um lado infantil, brinca com suas irmãs mais novas e é retratado o todo tempo pelo narrador como machucador. '' O menino agarra a irmã na boca do corredor. Brincalhão, bem disposto como sempre. E machucador. Porém não fazia de propósito, ia brincar e machucava''.
A narrativa é feita na terceira pessoa, por um narrador que não faz parte do romance.
É o narrador tradicional, um narrador onisciente e onipresente. Mas há ainda outro ponto-de-vista: o autor se coloca dentro do livro para fazer suas numerosas observações marginais. Para comentar, criticar, expor idéias, concordar ou discordar.
É uma velha mania do romance tradicional. E os comentários são feitos na primeira pessoa.
Tempo Psicológico: Não obedece à cronologia, ou seja, não mantém nenhuma relação com o tempo propriamente dito, ele transcorre no interior de cada personagem e é determinado pelo desejo ou imaginação do próprio personagem (ou do narrador), de acordo com suas vivências subjetivas, angustias e ansiedades. O tempo psicológico é o tempo interior e pode ser alongado ou encurtado de acordo com o estado de espírito em que se encontra. No processo de criação de construção do tempo psicológico muitas vezes é usado o flashback.
Elza Fräulein: Tem 35 anos e é a suposta professora de alemão contratada por Souza Costa que tem a missão de ensinar a arte de amar para Carlos. Segundo Mario de Andrade (p. 57) '' Se este livro conta com 51 leitores sucede que neste lugar de leitura já existam 51 Elzas [...] O leitor continuará com a dele. Apenas por curiosidade vamos cortejá-las agora. Pra isso mostro a minha [...] Corpo maior que a média das mulheres tornando-a sensual, também escondendo falhas. Beiços curtos, largos e encarnados que sabem rir mostrando os levemente dentes amarelos. Olhos castanhos que refletem a calma de Elza.''
Tanaka: Havia também na casa um criado japonês.
" Culpa de um, culpa de outro, tornaram a vida insuportável na alemanha.
mesmo antes de 14 a existência arrastava difícil lá, fräulein se adaptou. veio
pro brasil, rio de janeiro. depois curitiba onde não teve o que fazer. rio de
janeiro. são paulo. agora tinha que viver com os sousa costas. se adaptou..."
Outro aspecto interessante é o constante emprego das digressões, boa parte delas metalingüísticas, outra parte sociológicas, que fazem lembrar o estilo machadiano.
Amar, verbo intransitivo não possui capítulos conforme a norma aceita,
numeração de seqüências ou títulos para elas. É um texto de ficção
construído pelas cenas que fixam diretamente momentos, "flashs",
resgatando o passado, ou que são apresentadas pelo narrador. A separação dos episódios, a mudança de cenário, de espaço, a passagem do tempo, os cortes desviando a atenção do leitor, são marcados apenas pelo espacejamento padronizado que, graficamente, acentua a idéia de seqüência solta e divisão da narrativa em flagrantes.
Mário de Andrade usa as formas conhecidas de discurso. É mais freqüente o discurso direto, nos diálogos, mas em algumas vezes, usa também o discurso indireto e o discurso indireto livre.
"chegaram em casa com noite.
— o jantar estará pronto, laura?
— quer jantar já?"
Apesar de certos alongamentos em seus comentários marginais, o autor escreve com rapidez, dinamicamente, em frases e palavras com jeito cinematográfico. Mário de Andrade usa uma linguagem sincopada, cheia de elipses que obrigam o leitor a ligar e completar os pensamentos. Em vez de dizer e de explicar tudo, apenas sugere em frases curtas, mínimas.
" ... O táxi parou no portão da vila laura. elza apeou ajeitando o
casaco, toda de pardo, enquanto o motorista botava as duas malas, as caixas e embrulhos no chão.
era esperada. já carregavam as malas pra dentro. uns olhos de 12 anos
em que uma gaforinha americana enroscava a galharia negro-azul apareceu
na porta. e no silêncio pomposo do casão o xilofone tiniu:
— a governanta está aí! mamãe! a governanta está aí!"
Espaço na Obra
" A porta do quarto se abriu e eles saíram no corredor. calçando as luvas
sousa costa largou por despedida:
— está frio.
ela muito correta e simples:
— estes fins de inverno são perigosos em são paulo.
lembrando mais uma coisa reteve a mão de adeus que o outro lhe estendia... "
A história é narrada em um bairro de São Paulo chamado Higienópolis.
" O olhar torcendo para a esquerda seguia a disciplinada carreira das árvores na avenida. Em higienópolis os bondes passam com bulha quase grave soberbosa, macaqueando o bem-estar dos autos particulares... "