Introducing
Your new presentation assistant.
Refine, enhance, and tailor your content, source relevant images, and edit visuals quicker than ever before.
Trending searches
Profª Joce Aquino
a Filosofia recebeu de pensadores cristãos contribuições que tiveram grande repercussão no campo da Ética. Esse processo começou com os primeiros padres da Igreja, por isso, o período inicial do novo pensamento foi chamado de Patrística.
Nesse grupo de pensadores, destacou- -se Agostinho de Hipona, que recebeu influências greco-romanas, em especial do neoplatonismo e do estoicismo. Além disso, na juventude, ele seguiu uma doutrina persa denominada maniqueísmo. Porém, uma vez convertido ao cris-tianismo, dedicou-se à construção de uma Filosofia cristã.
Neoplatonismo: conjunto de doutrinas e escolas de inspiração platônica que se de-senvolveram entre os séculos III a.C. e III d.C., com grande influência até o século VI. Maniqueísmo: doutrina fundada pelo profeta persa Mani, no século III, segundo a qual existiriam no Universo duas forças ou substâncias primordiais: o bem e o mal.
o Império Romano adotou o cristianismo como religião oficial em seus domínios, o que impulsionou a formação de um pensamento filosófico em consonância com a nova religião.
Ampliou-se, assim, o esforço dos teólogos da Igreja para adaptar as teorias gregas, principalmente as de Platão e Aristóteles, aos ensinamentos das Sagradas Escrituras, apesar de existirem contradições entre esses conteúdos. .
conceitos centrais para as diferentes áreas da reflexão filosófica, inclusive a Ética, foram reinterpretados.
O bem, por exemplo, encontrou em Deus a sua personificação, de modo que a ação moral se tornou o meio para a união do ser humano com ele.
Nesse contexto, verificou-se uma grande aproximação entre reflexões éticas e teológicas
Uma vez convertido ao cristianismo, Agostinho adotou a concepção de Deus como ser perfeito, sumamente bom e criador de todas as coisas. No entanto, ele se defrontou com um problema: se Deus, que é perfeito, criou todas as coisas, como justificar a existência do mal?
Para Agostinho, a criação do mal era incompatível com a bondade e a perfeição do Deus cristão.
Assim, o pensador buscou a sua origem na ação humana, concluindo que o mal não era uma substância existente (como pensavam os maniqueus), mas uma manifestação de carência e desvio em relação ao bem.
Para explicar a possibilidade desse desvio, o filósofo recorreu ao conceito de vontade, elemento que, assim como a razão, ele entendia como parte da essência humana.
a razão como a faculdade de conhecer, e a vontade como a faculdade de escolher. Agostinho destacou, ainda, o conceito de livre-arbítrio, entendido como a liberdade de escolha dada por Deus aos seres humanos para que pudessem direcionar a vontade à busca dos bens mais importantes.
No entanto, o uso incorreto do livre-arbítrio, desviando-se dos bens espirituais em favor dos bens materiais, seria a causa do mal moral, ou seja, do pecado humano.
a possibilidade do mal moral no pensamento agostiniano, é preciso considerar sua crença na existência de inúmeras manifestações do bem, de diferentes graus, uma vez que ele entendia a criação como obra de amor de um Deus perfeito.
Nessa visão, o pecado seria justamente o uso inadequado do livre-arbítrio, o desvio da vontade, ou seja, um ato de soberba da criatura que se afastaria de forma voluntária do Criador, optando pelos bens da vida material, inferiores aos bens espirituais.
Agostinho,
males físicos, como as doenças e a morte, eram efeitos do pecado original, representado pela soberba de Adão e Eva, por meio da qual a alma pecadora corrompera a carne.
Depois desse delito, o ser humano pas-sou a necessitar da graça divina para se redimir. Contudo, em um segundo ato de amor, Deus lhe concederia a graça, como meio de proporcionar-lhe a salvação, libertando-o da escravidão das paixões e direcionando seu livre-arbítrio ao verdadeiro bem, para o qual ele fora criado. Assim, o indivíduo se tornaria incapaz de fazer o mal. Logo, segundo Agostinho, a liberdade humana consistia na aceitação da graça, para o correto direcionamento do livre-arbítrio.
Agostinho refletiu sobre uma espécie de “doença da alma”, que provocava uma divisão da vontade, fazendo com que, mesmo sendo iluminada pela verdade, ela padecesse por causa dos vícios e dos hábitos que resultariam em erros e maldades. Ele também afirmou que a vontade é livre, por sermos dotados de livre-arbítrio. Essas são as temáticas dos textos a seguir, extraídos de suas obras...
Livre-arbítrio [...] Se é verdade que o homem em si é bom, mas não poderia agir bem exceto por querer, seria preciso que tivesse vontade livre para que pudesse agir desse modo. De fato, não é porque o homem pode usar a vontade livre para pecar que se deve supor que Deus a concedeu para isso. Há, portanto, uma razão pela qual Deus deu ao homem esta carac-terística, pois, sem ela, não poderia viver e agir corretamente. Pode-se compreender, então, que ela foi concedida ao homem para esse fim, con-siderando-se que, se um homem a usar para pecar, recairão sobre ele as punições divinas. [...]Quando Deus pune o pecador não te parece que lhe diz o seguinte: “Estou te punindo porque não usaste de teu livre-arbítrio para fazer aqui-lo para o que eu o concedi a ti”? Ou seja, para agires corretamente.
A vontade em guerra [...] Donde provém esse prodígio? Qual a causa? A alma manda ao corpo, e este imediatamente lhe obede-ce; a alma dá uma ordem a si mesma, e resiste! Ordena a alma à mão que se mova, e é tão grande a facilidade, que o mandado mal se distingue da execução. E a alma é alma, e a mão é corpo! A alma ordena que a alma queira; e, sendo a mesma alma, não obedece. [...]Mas não quer totalmente, portanto, também não ordena terminantemente. Manda na proporção do querer. Não se executa o que ela ordena enquanto ela não quiser, porque a vontade é que manda que seja vontade. Não é outra alma, mas é ela própria. Se não ordena plenamente, logo não é o que manda, pois, se a vontade fosse plena, não ordenaria que fosse vontade, porque já o era. Portanto, não é prodígio nenhum em parte que-rer e em parte não querer, mas doença da alma. Com efeito, está sobrecarregada pelo hábito, não se levanta totalmente, apesar de socorrida pela verdade. [...]
1. Que relações podem ser estabelecidas entre o conceito agostiniano de graça e os conteúdos dos textos citados anteriormente?2. Você concorda com a tese de que a liberdade humana consiste em direcionar a vontade para o bem, tornando-se incapaz de desejar o mal? Por quê?