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Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade

Definições

Definições

No DSM-5 define-se o transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAh). Como uma síndrome neurocomportamental com sintomas classificados em três categorias: Desatenção, hiperatividade e impulsividade.

O TDAH é definido por duas vertentes: a dificuldade para manter o bom nível de atenção e a hiperatividade com impulsividade.

CLASSIFICAÇÃO

Em 1975, na organização mundial da saúde, ficou bem definido (CID) para o transtorno, cuja principal característica era um grave déficit na concentração.

1980

1987

Em 1980, o manual diagnósticos e estatísticos de transtornos mentais, na 3º edição (DSM III), chamou esse transtorno de (transtorno do déficit de atenção com ou sem hiperatividade).

Em 1987, o DSM- R (revisado) usou a expressão distúrbio de déficit de atenção e hiperatividade. Em 1994, o DSM- IV definiu mais claramente esse transtorno valorizando também, além de desatenção a hiperatividade, a impulsividade.

O DSM 5 destaca três tipos de apresentação: combinada, quando os critérios A1 de desatenção CID F90.2.

O critério A2 de hiperatividade e impulsividade são preenchidos nos últimos seis meses; apresentação predominante desatenta CID F90.0.

Predominantemente hiperativa/impulsiva CID 90.1

O TDAH se caracteriza por um nível inadequado de atenção em relação ao esperado para a idade, o que leva a distúrbios motores, perceptivos, cognitivos e comportamentais

Resultado

Disso, resulta significativo comprometimento funcional em diversas áreas, seja acadêmica, profissional ou social

O transtorno da atenção e sua relação com as dificuldades para a aprendizagem constituem a principal causa que leva crianças em idade escolar a consulta neuropediátrica.

Com o crescimento da criança, ocorrem possibilidades crescentes de comorbidade psiquiátrica. O TDAH é considerado um distúrbio do desenvolvimento que inicia na primeira infância e que pode continuar até a idade adulta.

Sabe-se hoje que o TDAH é uma síndrome heterogênea, um dos maiores problemas clínicos e de saúde pública, que acomete crianças, adolescentes e adultos, causando grande impacto na sociedade pelo alto custo, pelo estresse envolvido, pelas dificuldades acadêmicas, pelos problemas de comportamentos e pela baixa autoestima.

Prevalência

Prevalência

A prevalência do TDAH é estimada em torno de 3 a 30 % nas crianças em idade escolar, em diversos países incluindo o Brasil. Considerando 19 estudos com metodologia semelhante. Observam-se variações de 2 a 17 % diminuindo a prevalência à medida que a idade aumenta.

Idade Escolar

Aumento da Idade

Guardiola e colaboradores consideram que o exame neurológico e o exame neurológico evolutivo associado à avaliação psicológica, encontraram

3,6 % de escolares com a síndrome.

Transtorno na infância é mais frequente em meninos do que em meninas.

Relação:

2

1

Podendo chegar a relação:

2

6

1

Quando são considerados apenas casos em TDAH grave.

Na idade escolar, a relação entre meninos e meninas aproxima-se de:

2

1

Na adolescência, parece haver um equilíbrio de:

1

Em adultos jovens ocorre o predomínio feminino de:

1

2

Etiologia

Etiologia

A etiologia do TDAH é multifatorial.

Fazem parte dela os fatores:

genéticos e os ambientais em diferentes combinações.

Fatores Pré-natais

Fatores Genéticos

Fatores Peri-natais

Fatores Pós-natais

Pré-natais

Malformações pélvicas, anemia, hipotensão, sedação exagerada.

Intoxicações maternas de natureza medicamentosas ou por substâncias tóxicas.

Peri-natais

Incluídas infecções como: Meningites, encefalites, hemorragias, malformações vasculares.

Pós-natais

Irradiações criminosas ou terapêuticas.

Fatores

Procidência e anomalias do cordão, ruptura precoce da bolsa, manobra de extração, parto cesárea.

Esses mesmos fatores podem levar a alterações lesionais ou funcionais no sistema nervoso (SNC). No caso do TDAH são destacados as alterações funcionais.

São causas frequentes de comprometimento do SNC, como doenças crônicas e traumatismo.

Todas as causas supracitadas podem levar em última análise, à contusão cerebral, à hemorragia e asfixia fetal.

Diagnóstico

Diagnóstico

DIAGNÓSTICO

É importante observar desde quando a família observou os sintomas, e em que situações eles ocorrem.

O diagnóstico deve ser fundamentado no quadro clínico comportamental uma vez que não existe marcador biológico definido para todos os casos de TDAH.

Para considerar o diagnóstico de TDAH, é necessário que os sintomas ocorram em mais de um lugar, ou seja, não só na escola, ou não só em casa.

Inicia com uma história cujo o objetivo é identificar os fatores de risco.

É esperado que a sintomatologia piore em situações de estresse

A queixa que motivou a consulta constitui a preocupação, se foi motivada predominantemente a desatenção ou se ambas estão presentes com a mesma intensidade.

HISTÓRIA CLÍNICA

Destacar a presença de alguma causa potencial lesão cerebral, como prematuridade entre outras.

A identificação de síndrome que podem cursar com comportamentos semelhantes é importante, como síndrome de down, síndrome do X frágil, síndrome de Williams ou síndrome alcoólica fetal.

Deve ser excluída a possibilidade de que desatenção e hiperatividade-impulsividade sejam secundárias a um transtorno opositor desafiante ou transtorno de conduta.

Em relação às habilidades cognitivas, deve-se estar atento à história de atraso de linguagem e dificuldade de aprendizado em geral.

A observação dos cadernos e o resultado das avaliações escolares auxiliam no diagnóstico, revelando desatenção e hiperatividade.

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL

Deve-se considerar que muitos sintomas são secundários a outros diagnósticos, como:

Epilepsia, principalmente do tipo de ausência infantil;

Déficit visual, sequelas de lesão cerebral;

Síndromes genéticas;

Doenças degenerativas, crônicas, tireoide;

Toxinas Ambientais, teratogênicas, distúrbio do sono;

Transtorno neuropsiquiátrico, transtornos do Aprendizado;

Deficiência mental, entre outras causas.

Além da avaliação psicológica completa, que inclui testes cognitivos e afetivos. É evidente que, com tantas possibilidades para o diagnóstico diferencial, seja essencial o diagnóstico correto de TDAH para o manejo clínico adequado.

Comorbidades

Comorbidades

É necessário considerar a presença de sinais de outras comorbidades que podem estar associadas ao caso antes de iniciar o planejamento terapêutico.

As principais comorbidades são:

Transtorno de aprendizagem

Transtorno de Ansiedade

Transtorno de linguagem

Transtorno do Humor

Epilepsia

Tiques

Transtorno Opositor Desafiante

Enurese

Transtorno de Conduta

Abuso de substâncias

Crianças com TDAH podem apresentar dificuldades de aprendizado em 19 a 26% dos casos.

Em muitos casos, os transtornos de linguagem estão presentes seja por:

1

Distúrbios da fala, como dificuldades articulatórias;

2

Alteração no ritmo da fala e da qualidade da vocalização;

Transtornos de linguagem

3

Seja por distúrbios da linguagem;

4

Falhas no acesso lexical, dificuldades de estruturação sintático- semânticas;

5

Falhas no processamento da informação.

São observados transtornos específicos, como:

1

Dislexia

Especificidades

2

Disgrafia

3

Discalculia

(Sendo a dislexia a comorbidade mais frequente).

Transtorno opositor

desafiante

Antissociais

Ansiedade

Transtorno de

Humor

Os tiques são frequentes e podem fazer parte da doença dos tiques ou da doença de Tourette, na qual são observados, além dos tiques motores, tiques guturais. O abuso de substâncias é outra comorbidade possível.

Alterações eletroencefalográficas em crianças com TDAH têm sido relatadas por vários autores, e foi observado que alterações do tipo epileptiformes são observadas com mais frequência nesses pacientes do que em crianças normais.

Anormalidades epileptiformes em crianças sem história de crises e com TDAH apontam para um risco considerável de ocorrência de convulsão. Por isso, recomenda-se na prática diária a realização de EEG na avaliação de paciente com TDAH, uma vez que, além do que foi relatado, sabe-se que a medicação psicoestimulante e antidepressiva pode baixar o limiar para convulsões.

Os exames de neuroimagens estão restritos à pesquisa e ainda não tem qualquer função diagnóstica validada para a prática clínica.

Quadro

Clínico

Quadro

Clínico

QUADRO CLÍNICO

As alterações de comportamento são muito relevantes: Sendo a desatenção um distúrbio que surge pela alteração dos sistemas que regulam a vigília e especialmente os sistemas reticular.

Devem sempre ser consideradas as duas áreas corticais para a atenção:

  • Área posterior occipitotemporal (cuja maturação se faz mais precocemente).
  • Área anterior pré-frontal (cuja maturação é mais tardia).

A criança com TDAH têm dificuldades em atividades escolares:

Não permanece atenta até o final das tarefas escolares ou domésticas;

Prestar atenção a detalhes;

Frequentemente comete erros em atividades escolares;

Perde com facilidade seus pertences, em casa e na escola;

Não consegue acompanhar instruções longas;

Se distrai facilmente com estímulos do ambiente;

A atividade motora se apresenta exageradamente intensa;

Esse sintoma normalmente é acompanhado por hiperatividade verbal ou ideativa;

São incapazes de manter-se por poucos instantes em situação de controle do próprio corpo;

A criança não consegue manter um foco de atividade cognitiva empobrecendo assim, a produção intelectual;

Exibem uma atividade motora inútil que parasita o ato motor voluntário;

Ficando prejudicada a capacidade de inibição da ação quando essa inibição se torna necessária;

Se distrai facilmente com estímulos do ambiente;

Dificuldades em aguardar a vez; pergunta antes do seu término; intrometer-se na conversa dos outro.

Pode-se distinguir três ordens de alterações no quadro clínico da criança com TDAH:

Alterações comportamentais

Sinais neurológicos

Problemas escolares

Entre os sinais neurológicos mais frequentes observados no EN e ENE, destacam- se:

  • Desatenção.
  • Inquietação.
  • Instabilidade motora.
  • Torpeza motora.
  • Distúrbios da fala.
  • Dificuldades Gnósicas (principalmente relacionadas a noção de esquema corporal).

Alterações comportamentais não são

específicas do TDAH

Para quem atende crianças, os distúrbios do comportamento passam pelo binômio:

instabilidade

MOTORA

EMOCIONAL

Os sintomas de TDAH diminuem e se alteram com o passar da idade adulta. É mais prevalente na criança e no adulto e as modificações suportam pequenas variações:

  • Hiperatividade.
  • Agressividade.
  • Baixa tolerância à frustração.
  • Impulsividade.
  • Mudança de atividade.
  • Aborrecimento fácil.
  • Impaciência.
  • Descontentamento.

Tais sintomas podem ser explicados pela imaturidade cortical, do que resulta inibição cortical deficiente ou por outras alterações funcionais, mas sem dúvida o manejo inadequado do meio ambiente repercute de forma decisiva para o seu agravamento.

Crianças, adolescentes e adultos jovens com TDAH têm alto risco para:

  • Mau rendimento escolar.
  • Dificuldade de relacionamento.
  • Delinquência.
  • Acidentes de automóvel.
  • Abuso de álcool ou drogas.
  • Dificuldades profissionais.

Essas dificuldades podem ser prevenidas ou melhoradas com o tratamento correto!

Diagnóstico

Tratamento

TRATAMENTO

Após o diagnóstico de TDAH, deve ficar claro para a família que se trata de um problema crônico, e que o objetivo do tratamento não é curá-lo, mas reorganiza-lo e viabilizar um comportamento funcional satisfatório na família, na escola e na sociedade.

Para o tratamento do TDAH é necessário um tratamento completo e multifatorial e interdisciplinar, e que deve ser avaliado cada fator específico envolvido no caso:

  • Sintomas predominantes.
  • Nível de desenvolvimento.
  • Sexo e idade.
  • Ambiente familiar.
  • Ambiente escolar.
  • Nível social.

Não uma única abordagem terapêutica que seja comum a todos.

O tratamento deve ser planejado individualmente.

O manejo no TDAH é dividido em quatro ítens:

Modificação de

comportamento

Atendimento

psicoterápico.

Terapia farmacológica.

Ajustamento

acadêmico.

O professor, entendendo bem a situação do escolar deve colocá-lo:

Sentado na 1 fila;

Em turmas com pequenos números de alunos;

Em classes individuais quando se fizer necessário;

Disponibilidade especial do professor;

Possíveis aulas de reforço;

Estabelecimento de rotinas, na realização de tarefas;

Reestruturação de horários de atividades não acadêmicas.

O TRATAMENTO FARMACOLÓGICO NO TDAH:

Difere ou não quando existe uma comorbidade associada. Nos casos sem comorbidades inicia-se o uso de psicoestimulantes, o qual age de maneira que:

  • Aumenta as catecolaminas na fenda sináptica (dopamina e norepinefrina);
  • Diminui a impulsividade e a atividade motora;
  • Aumenta a vigilância;
  • Melhora a memória recente, o que repercute positivamente no tempo de reação, no aprendizado verbal e não verbal;
  • Melhora o desempenho acadêmico e social;
  • Permite melhores condições para a intervenção terapêuticas.

Os psicoestimulantes são dose-dependentes, por isso, o uso durante o ano letivo pode levar, à necessidade de aumento na dose durante o segundo semestre.

Entre os fármacos psicoestimulantes destacam-se:

  • Metilfenidato (disponível no Brasil). - Ritalina, concerta.
  • Dimesilato de lisdexanfetamina - Venvanse.
  • Imipramina (antidepressivos) - Tofranil.
  • Fluoxetina - Prozac.

Efeitos secundários:

  • Anorexia.
  • Insônia.
  • Perda de peso.
  • Tiques.
  • Hepatotoxidade (pemoline).