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A efetivação das RAS no Brasil é sem dúvida um desafio enorme a ser enfrentada por usuários, trabalhadores e gestores em saúde habituados a assistência focada nas partes e não no todo articulado e interdependente do sistema de saúde. Além dos aspectos culturais dos envolvidos, o SUS depara-se com problemas estruturais e conjunturais graves que impactam negativamente na saúde da população, como subfinanciamento, políticas ineficientes de recrutamento de pessoal, entre outros, que geram resultados imediatos de ineficiência, situação que dificulta ainda mais a implantação de novas estratégias que dependam da motivação e participação dos envolvidos.
As RAS, teoricamente, organizam-se em graus crescentes de complexidade, onde a população deveria usufruir dos vários níveis por meio de fluxos coerentes. Porém, na prática, esse fluxo esbarra em um funcionamento truncado, burocrático e desarticulado que não levam em conta as necessidades e os movimentos reais das pessoas dentro do sistema, o que o torna lento e em muitos casos com resultados insatisfatórios.
Como uma orquestra em que cada instrumento toca uma música diferente, a desarmonia se instala, os usuários entram no sistema por todas as portas e forma-se um labirinto com caminhos diferentes a serem tomados e, que, muitas vezes, não são compreendidos por eles e nem mesmo pelos profissionais que fazem parte desse complexo processo.
As redes em si não se complementam, a hierarquia e organização são incongruentes e por isso, ao mesmo tempo em que se apresentam os pressupostos para o desenvolvimento das RAS, os profissionais atuam de forma desorientada, tentando trabalhar nessa perspectiva, mas ainda sem conseguir efetivar o que se visa garantir, ou seja, um atendimento integral, contínuo e efetivo aos usuários.
A gestão das RAS exige flexibilidade e olhar dinâmico em relação às possibilidades de recursos e tecnologias existentes, articulando possibilidades que se voltem para a resolução de problemas em saúde, convergindo em reais modificações nos indicadores e na satisfação dos usuários. Não se pode indicar uma única maneira como a melhor e ideal de organizar os serviços dentro das redes, mas é necessário coerência e adequação à realidade social e às necessidades da população, para que assim as redes fluam e não sejam definidas como um
Conforme oficialmente estabelecido, a operacionalização das RAS deve se dá pela interação de três principais elementos: população e região de saúde definidas, estrutura operacional e sistema lógico de funcionamento, determinado pelo modelo de atenção. Acreditamos que a discussão desses elementos por aqueles que estão envolvidos com a citada operacionalização, tomando por base os princípios da Teoria da Complexidade, poderá favorecer a sua qualificação, aproximando a realidade das RAS, ao que é proposto no plano das ideias.
OBRIGADA!