Amanda Cividini
Vera Lucia Gaspar da Silva
Acervo: Luciano Oliveira Borges
Trabalho vinculado ao Projeto de Pesquisa “Objetos em Viagem: Provimento material acerca da escola primária em países ibero-americanos (1870-1920)” coordenado pela Profª Drª Vera Lucia Gaspar da Silva.
O Projeto conta com o apoio financeiro da UDESC/CNPq/FAPESC/CAPES.
Apresentar um mapeamento sobre o provimento material da escola primária catarinense, a apartir da análise de documentos que compõe a legislação do ensino no período de 1892 a 1919.
A fim de relacionar o estabelecido na legislação com as condições de funcionamento das escolas e por entender que “a análise da legislação isoladamente não é suficiente” (FARIA FILHO, 1998, p. 123), utilizaremos quatro documentos como interlocutores
Trabalhamos, neste artigo, na perspectiva de Faria Filho (1998, p. 99), buscando “empreender um duplo movimento, que é compreender a legislação como fonte e, ao mesmo tempo, como objeto de minhas investigações”.
O ensino público do estado, que “é o que se póde imaginar de mais atrazado” (SANTA CATHARINA, 1911, p. 27).
“Este facto pungente e desolador é, por si só, bastante para justificar qualquer sacrificio que o Estado haja de fazer para dar ao povo aquillo de que elle mais precisa, porque é o maior bem que se lhe póde dar – a instrucção” (SANTA CATHARINA, 1911, p. 28).
"É preciso, pois, ver nos objetos escolares algo mais que um utilitarismo insignificante. Eles manifestam um certo modo de entender e praticar o ensino, além de instituírem um discurso e um poder; eles informam valores e concepções subjacentes à educação e são tomados às vezes como possibilidade e limite do processo ensino-aprendizagem. Compreendem, pois, um aspecto significativo da cultura escolar" (SOUZA, 1998, p. 223).
O aparecimento, uso, transformações e desaparecimento dos objetos escolares são reveladores das práticas educacionais e suas mudanças. [...] a escola primária renovada pressupôs a utilização de uma imensa quantidade e variedade de materiais escolares (SOUZA, 1998, p. 224).
Proporcionalidade entre a estatura do aluno e o mobiliário e adequação entre os materiais de ensino e os alunos de uma classe parecem traduzir-se numa só e mesma preocupação: a de repensar a escola e os objetivos do trabalho pedagógico em função das características infantis e, por outro lado, de modelar o corpo e a "alma" da criança por meio da ação da escola (ROCHA; GONDRA, 2002, p. 503).
As diferenças entre as escolas isoladas e os grupos escolares já estavam anunciadas no Relatório do Governo de 1912.
Nesse documento, ele afirma que as escolas isoladas não recebiam tal fiscalização, nem o treinamento adequado aos professores, além de estarem com material e mobiliário defasado. O secretário atribui parte da dificuldade em efetivar a reforma do ensino ao professorado: “[...] tambem o professor não faz grande empenho em receber o novo material adoptado, cujo uso vem aumentar-lhe trabalho, banindo os commodos processos a que estava habituado” (SANTA CATHARINA, 1912, p. 54).
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