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Índice:
Terceira parte da obra Mensagem, de Fernando Pessoa
A crença apocalíptica, do fim dos tempos, no retorno do Messias salvador. Instauração de um novo céu, de uma nova terra, perfeitos, que sobreviveriam à degradação e se sobreporiam ao triunfo do mal. O bem impor-se-ia.
– Idade do Pai - Antigo Testamento, a qual se caracteriza pela obediência da humanidade às Regras de Deus;
– Idade do Filho - (advento de Cristo e 1260) Novo Testamento, quando o homem se tornou filho de Deus;
– Idade do Espírito Santo, iminente (na época), quando a humanidade estaria a entrar em contacto direto com Deus, alcançando a total liberdade pregada pela mensagem cristã. Surgiria uma nova Igreja. A Ordem da Justiça iria governar então a Igreja.
Visão profética de Daniel
Segundo a Bíblia, em uma noite Deus decidiu revelar a Nabucodonosor, através de um sonho, o futuro em uma profecia, não só do império da Babilônia, mas também a história de toda a humanidade.
No dia seguinte ao pensar no sonho, o rei percebeu que não conseguia lembrar-se de nada. Não conformado com o esquecimento procurou ajuda dos sábios de sua corte. Exigiu que eles o fizessem lembrar do sonho e também dessem a sua interpretação. Se o mistério não fosse solucionado todos os sábios seriam executados. Daniel pediu um tempo para buscar o auxílio de Deus e então solucionar o que parecia impossível.
Segundo a Bíblia, uma noite Deus enviou a Daniel o mesmo sonho que o Rei havia sonhado.
Algum tempo depois Daniel foi levado até Nabucodonosor. Daniel descreveu o sonho com exatidão ao rei. Nabucodonosor não tinha nenhuma dúvida que aquele era o sonho e que Deus havia revelado essas coisas a Daniel.
Em seguida Daniel deu a interpretação do sonho. Segundo Daniel as diferentes partes da estátua eram diferentes impérios que se sucederiam no controle e domínio do mundo:
1. Cabeça de ouro: Poder babilônico da época cujo rei era Nabucodonosor e todo seu império conquistado;
2. Peito e os braços de prata: seria um segundo reinado um pouco inferior ao babilônico;
3. Ventre e o quadril: seria um terceiro reino, um reinado de bronze que governaria toda terra;
4. Pernas de ferro: referem-se a um quarto reino forte como o ferro, pois o ferro quebra e destrói tudo; e assim como o ferro despedaça tudo também ele destruirá e quebrará todos os outros reinos que já existiram;
5. Pés eram em parte ferro e parte barro: Assim por uma parte o reino será forte, e por outra será frágil; quanto ao ferro misturado com barro de lodo, misturar-se-ão mas não se ligarão um ao outro, assim como o ferro não se mistura com o barro. Referindo-se desta forma às alianças que as nações futuras tentarão fazer umas com as outras mas sem grandes resultados;
6. A pedra que caiu sem auxílio de mãos: um outro reino levantado por Deus, que consumirá os reinos anteriores e que não será destruído, mas subsistirá para sempre.
Império Babilônico
Persas
Império Português
Gregos
Romanos
Diferente dos Impérios anteriores, o Quinto Império materializaria o poder divino para todo o sempre. Enquanto os Impérios anteriores não tinham conhecimento sobre a extensão de todo o mundo, o mais novo Império já o conhecia, e com isso seria capaz de cumprir a ambição de se expandir e se consagrar por toda a Terra, fazendo do “Mundo” um espaço sem fronteiras e abraçado pela força divina.
Sonhava, anonymo e disperso,
O Imperio por Deus mesmo visto,
Confuso como o Universo
E plebeu como Jesus Christo
Não foi nem santo nem heroe,
Mas Deus sagrou com Seu signal
Este, cujo coração foi
Não portuguez mas Portugal.
Gonçalo Annes Bandarra, sapateiro e profeta messiânico, dedicou-se à divulgação em verso de profecias de cariz messiânico. Tinha um bom conhecimento das escrituras do Antigo Testamento tendo composto uma série de "Trovas" falando sobre a vinda do Encoberto e o futuro de Portugal como reino universal.
As Trovas circularam em diversas cópias manuscritas, e em 1603, D. João de Castro editou-as e comentou-as numa obra impressa em Paris. As Trovas foram interpretadas como uma profecia ao regresso do Rei D. Sebastião após o seu desaparecimento na Batalha de Alcácer-Quibir em Agosto de 1578.
Para Castro, a “Quinta Monarquia Portuguesa” poderia ser definida como o corpo de Cristo, temporal e bélico, que sob comando de D. Sebastião, derrotaria os mouros e instalaria uma monarquia e império católico-português sobre o mundo. (“pedra”, que derrubou a estátua na visão profética de Daniel)
O termo Quinta Monarquia referia-se a uma crença político-profética, cunhada por D. João de Castro, que dava a Portugal a eleição de ser um reino temporal, cuja função era comandar o mundo, eliminando todos os pagãos, ateus e gentis.
O céu strella o azul e tem grandeza.
Este, que teve a fama e à gloria tem,
Imperador da lingua portugueza,
Foi-nos um céu tambem.
No immenso espaço seu de meditar,
Constellado de fórma e de visão,
Surge, prenuncio claro do luar,
El-Rei D. Sebastião.
Mas não, não é luar: é luz do ethereo.
E' um dia; e, no céu amplo de desejo,
A madrugada irreal do Quinto Imperio
Doira as margens do Tejo.
Entre 1660, período em que passou a ser processado pela Inquisição, até o final de sua vida, foram produzidas as obras que ficariam reconhecidas como seus tratados proféticos, escritas para a sua defesa diante do Tribunal do Santo Ofício e rascunhos de outras obras e são nestes materiais, mesmo que na sua maioria inacabados, onde Padre Vieira desenvolveu sua teoria do Quinto Império com maior ênfase.
Sendo assim, podemos compreender que o Padre Vieira não via contradição entre o ser religioso e o ser político, visto que o Quinto Império seria, ao mesmo tempo, temporal e espiritual. Essa ideia é percetível, também, na forma como Vieira participou das questões do seu tempo, demonstrando a sua obstinação pela ação-prática, ou melhor, por um modo de atuar e intervir na realidade social de sua época de uma forma em que política e religião estivessem ao serviço de um mesmo propósito divino de fazer Portugal, através da dinastia brigantina, se tornar o Quinto Império.
António Vieira fundou a noção de “Quinto Império Português”.
A diferença é que Vieira não estipulou um príncipe específico para chefiar o império, mas depositou as suas esperanças nos reis e herdeiros brigantinos (de Bragança); enquanto que Bandarra acreditava no mito Sebastianista.
O império seria constituído de dois polos de poder, um de prata e outro de ouro. O de prata referia-se ao Império temporal, que ficaria a cargo de um rei português. Já o de ouro referia-se ao Império espiritual, que ficaria a cargo de Cristo. O Quinto Império não se constituía somente da vanglória lusitana dada pela derrota dos mouros, como significava, também, um passo para a conversão universal de todos os povos do mundo para o cristianismo.
Havia, portanto, duas dimensões na crença vieirense do Quinto Império: uma relacionada à monarquia lusitana e outra relativa à missão evangelizadora portuguesa.
Quando virás, ó Encoberto,
Sonho das eras portuguez,
Tornar-me mais que o sopro incerto
De um grande anceio que Deus fez?
Ah, quando quererás, voltando,
Fazer minha esperança amor?
Da nevoa e da saudade quando?
Quando, meu Sonho e meu Senhor?
Screvo meu livro à beira-magua.
Meu coração não tem que ter.
Tenho meus olhos quentes de agua.
Só tu, Senhor, me dás viver.
Só te sentir e te pensar
Meus dias vacuos enche e doura.
Mas quando quererás voltar?
Quando é o Rei? Quando é a Hora?
Quando virás a ser o Christo
De a quem morreu o falso Deus,
E a dispertar do mal que existo
A Nova Terra e os Novos Céus?
FERNANDO PESSOA
2º - Roma
2º - Medo-Persa
3º - Grécia
3º - Cristandade
4º - Roma
4º - Europa
5º - Inglaterra
5º - Portugal
E assim, passados os quatro
Tempos do ser que sonhou,
A terra será teatro
Do dia claro, que no atro
Da erma noite começou.
Grécia, Roma, Cristandade,
Europa — os quatro se vão
Para onde vai toda idade.
Quem vem viver a verdade
Que morreu D. Sebastião?
O QUINTO IMPÉRIO
Triste de quem vive em casa,
Contente com o seu lar,
Sem que um sonho, no erguer de asa,
Faça até mais rubra a brasa
Da lareira a abandonar!
Triste de quem é feliz!
Vive porque a vida dura.
Nada na alma lhe diz
Mais que a lição da raiz —
Ter por vida a sepultura.
Eras sobre eras se somem
No tempo que em eras vem.
Ser descontente é ser homem.
Que as forças cegas se domem
Pela visão que a alma tem!
• Métrica
5 Quintilhas
Versos em redondilha maior (7 sílabas métricas)
• Esquema rimático
Rima em esquema abaab
cruzada - abaab
interpolada - abaab
emparelhada - abaab
Baseando-se em Bandarra, mas também em Nostradamus, em Camões e no Padre António Vieira, Pessoa defende a teoria do Quinto Império Português, como Império Espiritual. Imperialismo baseado na cultura e não no capital, sendo naturalmente religioso, cristão, católico.
5 estrofes -> 5 versos cada = 25 versos (chagas)
5
5=2+3
2: simboliza a terra
3: simboliza a divina trindade
Quinto império = divina trindade na terra
25 -> 2+ 5= 7
7 - novo ciclo - 5º império
Este poema é o segundo poema da terceira parte
INTERPRETAÇÃO
DO
POEMA
Crítica aqueles que estão satisfeitos com o que têm e não ambicionam mais. Em suma com aqueles que acham o sonho do "Quinto Império", uma loucura sem sentido nem razão.
Pobre de espírito quem, seguro, se contenta com o pouco que tem por ser confortável.
Triste de quem vive em casa,
Contente com o seu lar,
Sem que um sonho, no erguer de asa,
Faça até mais rubra a brasa
Da lareira a abandonar!
Ter um lar motivo de felicidade mas não uma felicidade plena, absoluta e verdadeira. Quem se contenta com o pouco, é uma alma simples, que é feliz apenas a sobreviver.
Estas pessoas não detêm em si a capacidade de sonhar e ir mais além.
Apenas têm uma alma nobre aqueles que sonham e procuram libertar-se do conformismo.
Nada mantém o Homem, que ambiciona, nas certezas simples quando pode sonhar para atingir algo maior.
É o “voar da asa” que alimenta e atiça a lareira e que a recusa ao mesmo tempo. Pois não há nada que aqueça e alimente o espírito do homem mais do que o sonho.
O poeta afirma que os “felizes” apenas sobrevivem, pois deixam a vida passar e esperam apenas pelo seu fim deixando que ela leve o seu rumo.
Reforça o que foi dito na primeira estrofe (exclamação). Para Pessoa aquele que se dá por contente é na verdade pobre de espírito, pois considera nada ter a alcançar.
Triste de quem é feliz!
Vive porque a vida dura.
Nada na alma lhe diz
Mais que a lição da raiz —
Ter por vida a sepultura.
“nada” “mais” “lhe” “diz” “que”
Os nomes «raiz» e «sepultura» associam-se ao imobilismo e à ausência de vida e de sonho.
O apego ao conforto do lar, ao espaço familiar, o medo do desconhecido, a fraqueza espiritual, conduzem à «sepultura» porque a vida digna de ser vivida é a que é orientada pelos mitos, pelo sonho, pela loucura.
O sujeito poético lamenta e crítica aqueles que se contentam em sobreviver, não têm objetivos e que vivem felizes porque são inconscientes.
Chave do poema.
Insatisfação como motor da mudança e progresso.
O que distingue o ser humano dos outros seres é precisamente a capacidade de imaginar, sonhar, lutar por objetivos e ideais. Deste modo, o mundo avança com os descontentes e não com os acomodados.
eras = gerações
Todas têm um início, um fim e uma ligação.
Destaca-se aqui uma ideia de mudança e renovação.
Eras sobre eras se somem
No tempo que em eras vem.
Ser descontente é ser homem.
Que as forças cegas se domem
Pela visão que a alma tem!
Apelo a que o Homem se deixe controlar pela espiritualidade e o sonho e não por tudo o que é material e instintivo. Inicia-se aqui um apelo a uma mudança espiritual.
O sujeito lírico destaca a fugacidade do tempo e a noção de que só é Homem quem é descontente e procura a mudança e evolução.
Quatro Impérios que já passaram - a Grécia, Roma, a Cristandade e a Europa.
Impérios projetados e construídos pelo Homem.
E assim, passados os quatro
Tempos do ser que sonhou,
A terra será teatro
Do dia claro, que no atro
Da erma noite começou.
Depois dos quatro impérios considerados por Pessoa, chegará o Quinto Império.
"atro" = escuro/ trevas
“erma” = local abandonado
Tal como a noite se transforma em dia também o mundo sombrio dará lugar a um novo império luminoso.
Apresentação dos impérios considerados por Pessoa.
Três tipos de domínio: material, intelectual/cultural e espiritual.
Quinto Império - plano cultural em conjunto com o espiritual
Grécia, Roma, Cristandade,
Europa — os quatro se vão
Para onde vai toda idade.
Quem vem viver a verdade
Que morreu D. Sebastião?
Interrogação/ desafio
Quem estará disposto a largar a conformidade e a segurança e ir mais além, acreditando no mito e tendo esperança num Império final, de fraternidade, que existirá para sempre?
Mito do Sebastianismo como solução.
ESTROFES 4 E 5
Inicia-se com “e assim” dando uma ideia de conclusão. O sujeito poético refere que após os tempos vividos e os tempos de sonho chegou a hora da mudança/ do brilho. Brilho este que mostrará o quinto império, ideia associada ao sebastianismo. Destaca-se assim D. Sebastião como solução aos tempos sombrios vividos.
3.
3.1. Na primeira estrofe, o sujeito poético reflete sobre a tristeza de quem vive na sua zona de conforto, sem nada procurar, nem seguir um sonho para se tornar mais realizado “Triste de quem vive em casa, / Contente com o seu lar,/ Sem que um sonho, no erguer de asa,”.
De seguida, o sujeito poético reforça a infelicidade, que é para ele, quem vive feliz porque se considera realizado e não têm ambição, apenas sobrevive à espera da morte “Triste de quem é feliz!/Vive porque a vida dura.”, ou seja, vivem só por viver, presos à mera existência “Mais que a lição da raiz/Ter por vida a sepultura.”.
Em síntese, nas duas primeiras estrofes, o sujeito poético faz uma desvalorização da vivência centrada no acomodamento e na ausência de aspirações.
3.2
Metáforas utilizadas:
“Sem que um sonho, no erguer de asa, /Faça até mais rubra a brasa” (vv. 3-5)
“Ter por vida a sepultura” (v.10)
4.
4.1.
Na terceira estrofe, o sujeito poético acrescenta à sua reflexão inicial o passar do tempo e o que isso acarreta, a mudança e a renovação “Eras sobre eras se somem/No tempo que em eras vem.”.
Sendo então, o descontentamento e mudança de comportamentos para uma evolução, é necessário: “Que as forças cegas se domem/Pela visão que a alma tem!”.
Assim, o sujeito poético acrescenta a ideia de que para ser Homem deve procurar-se a mudança e progresso através do descontentamento.
5.
5.1 Grécia, Roma, Cristandade e Europa – impérios que influenciam a cultura portuguesa em termos culturais e linguísticos (Grécia, Roma), religiosos (Cristandade) e laicos (Europa).
5.2 Para Fernando pessoa, o Quinto Império será Portugal e é caracterizado pela forte ideia de regeneração associada ao Sebastianismo.
Nos dois últimos versos é apresentado D. Sebastião como figura principal do quinto império que terá um caráter universal (vv. 18-19), pois tratar-se-á de algo espiritual, cultural e civilizacional, marcado pelo domínio da língua portuguesa.
INTERTEXTUALIZAÇÃO
Os Lusíadas e Mensagem cantam, em perspetivas diferentes, a grandeza de Portugal e o sentimento português.
Ou fazendo que, mais que a de Medusa,
A vista vossa tema o monte Atlante,
Ou rompendo nos campos de Ampelusa
Os muros de Marrocos e Trudante,
A minha já estimada e leda Musa
Fico que em todo o mundo de vós cante,
De sorte que Alexandro em vós se veja,
Sem à dita de Aquiles ter enveja.
Os Lusíadas são uma narrativa épica, que faz uma leitura mítica da História de Portugal. Em estilo elevado, canta uma ação heróica passada e analisa os acontecimentos futuros, cuja visão os deuses são capazes de antecipar.
Camões inicia Os Lusíadas com “As armas e os barões assinalados”, mostrando que os nautas portugueses foram escolhidos para alargarem “a Fé e o Império”. Camões procura perpetuar a memória de todos os heróis que construíram o Império Português; Os nautas, são símbolo do heroísmo lusíada e do seu espírito de aventura.
Fernando Pessoa, em Mensagem, procura anunciar um novo império civilizacional. Na obra épico-lírica, canta, de forma fragmentária e numa atitude introspetiva, o império territorial, mas retrata o Portugal que “falta cumprir-se”, que se encontra em declínio a necessitar de uma nova força proveniente da alma.
Em O Encoberto, Pessoa situa-se no momento em que o Império Português parece desmoronar-se por completo e, assume, então, o cargo de anunciador de um novo ciclo que se aproxima, o Quinto Império, que não precisa de ser material.
Os Lusíadas
Mensagem
Analepse da história de Portugal, narrada por Vasco da Gama
Viagem desde de Restelo até Calcutá
Considerações do poeta, em especial as do Canto X
"Brasão"
"Mar português"
"O Encoberto"
Os Lusíadas:
* Canto dos feitos gloriosos dos Portugueses que deram ao início ao grande império que se estendeu pelos diversos continentes;
* A ação, a inteligência, o concreto, o conhecimento do Império no auge e na decadência, a possibilidade de ter esperança;
* Expansão do império material;
Mensagem:
* Cantou o fim do império territorial, procurando incentivar o aparecimento de um império de língua, cultura e valores.
*O abstrato, a sensibilidade, a utopia, a falta de razões para ter esperança, o sebastianismo (regresso do rei);
*Narra o fim do império territorial e procurou incentivar o aparecimento de um império de língua, cultura e valores