Com 3.287.590 km2, a Índia localiza-se no sul da Ásia e ocupa a maior
parte do subcontinente indiano. Sétimo maior país em extensão do mundo,
foi colônia britânica até 1947
No período das grandes navegações europeias do século XVI, a Índia
já sofria influências estrangeiras em seu território;
No século XIX, o controle informal sobre a Índia tornou-se formal, e o território indiano, além dos atuais territórios do Paquistão, Bangladesh e Mianmar, transformou-se em colônia britânica.
A partir de 1920, teve início um movimento pela libertação da Índia
do domínio britânico, liderado por Mohandas K. Gandhi, depois chamado Mahatma Gandhi (Grande Alma), por causa de sua dedicação à causa indiana e à forma de conduzir a oposição aos britânicos, baseada na política da resistência não violenta.
Em 15 de agosto de 1947, os britânicos reconheceram
a independência da Índia, que ficou bipartida em dois Estados: a União Indiana, povoada por uma população majoritariamente seguidora da religião hinduísta, e o Paquistão, dividido em Paquistão Oriental e Paquistão Ocidental, ocupado predominantemente por muçulmanos.
Em 1971, após muitos conflitos entre várias facções muçulmanas, o Paquistão Oriental proclamou a independência e alterou seu nome para
Bangladesh.
A Birmânia, por sua vez, desde 1937 havia se tornado uma colônia britânica à parte da Índia, com um governador-geral. Em 1948, como consequência das modificações que ocorriam na Índia, a Birmânia também obteve a independência e, posteriormente, mudou seu nome para União de Mianmar.
A Índia é a maior democracia do mundo e, na Ásia, uma das mais antigas. Concentra cerca de 17% da população mundial — 1,1 bilhão de habitantes (2010) —, sendo superada apenas pela China.
Na Índia, as menores densidades
demográficas são encontradas nas florestas e zonas áridas do oeste e nas
montanhas do norte. As mais elevadas concentram-se nas planícies dos
rios Indo e Ganges, nos deltas dos rios
e nos núcleos urbanos mais importantes. No vale do Ganges, há
vastas áreas cuja densidade demográfica é superior a 500 hab./km2, o que faz dessa região uma das áreas de maior concentração populacional do planeta.
antiga Bombaim, é a capital financeira e comercial do país, além de abrigar o porto mais importante. Localizada no Planalto do Decã, na porção oeste da Índia, é a maior aglomeração urbana indiana, com cerca de 18,9 milhões de habitantes. Em 2007,
tornou-se a quarta mais populosa do mundo
Délhi é a segunda maior aglomeração urbana indiana. Localizada
no norte da Índia, no alto Ganges, conta com 15,9 milhões de habitantes
(2007). Dentro da metrópole de Délhi situa-se Nova Délhi, com
42,7 km2, capital da Índia.
Calcutá, com 14,9 milhões de habitantes — terceira maior cidade da
Índia —, localiza-se no estado de Bengala Ocidental, no nordeste do país,
no delta do Rio Ganges. Além de abrigar um dos portos mais importantes
da Ásia, é considerada a capital cultural da Índia. De maneira geral, as
condições de vida da população são mais precárias quando comparadas
às existentes em Mumbai e Délhi.
Grande parte da população indiana padece com a fome e a desnutrição,
vive em precárias condições de habitação e de saneamento básico,
além de enfrentar elevada taxa de desemprego e grande desigualdade
na distribuição de renda.
O país também apresenta alta taxa de mortalidade infantil de menores
de um ano (55‰), baixa esperança de vida média (63,7 anos) e elevada
taxa de analfabetismo de adultos (39% entre a população de 15
anos ou mais), entre outros problemas sociais.
Ao lado de razões históricas e econômicas, a estrutura social do sistema de castas contribui para as precárias condições sociais em que vivem milhões de indianos. Ainda bastante influente na cultura e no convívio das pessoas, principalmente no meio rural, dificulta a ascensão social de muitos indianos, pois, além de impedir o casamento entre pessoas de castas diferentes, desperta reações contra programas sociais do governo destinados a beneficiar os menos favorecidos.
O inglês e o híndi são as línguas oficiais, mas a Constituição indiana reconhece dezesseis línguas regionais e mais de 1.600 dialetos;
Quanto à religião, os dois maiores grupos são formados pelos hinduístas, que representam cerca de 75% da população, e pelos seguidores do islamismo, que somam 12%. As demais possuem menos seguidores: cristãos, 6%; sikhis, 2,2%; budistas, 0,7%; e outros.
Dois troncos étnicos predominam na Índia: o ariano ou hindu, ao norte,
e o dravidiano, ao sul. Ao longo da história, ocorreu grande miscigenação
entre eles. Além desses, há os mongóis, que habitam a região montanhosa ao norte do país, e outros grupos étnicos minoritários.
A sociedade indiana convive com conflitos étnicos, marcados pelo desejo de separatismo por parte de minorias, fato que ameaça a sua unidade.
No noroeste da Índia, no estado do Punjab, são frequentes os conflitos
armados entre indianos e sikhis, minoria étnico-religiosa que soma
cerca de 26 milhões de pessoas. Os sikhis reivindicam a separação do
Punjab da República da Índia, e os indianos se recusam a perder essa
rica região agrícola.
São frequentes os confrontos entre hinduístas e muçulmanos em diversas partes do território indiano. O principal deles está na Caxemira, região entre a Índia e o Paquistão, habitada predominantemente por muçulmanos. Dois terços do território da Caxemira são controlados pela Índia, que se nega a abdicar da região. Com o apoio do Paquistão, a população muçulmana da Caxemira reivindica a separação.
A economia indiana é marcada por grandes contrastes: de um lado,
milhões de habitantes vivem em condições de vida precárias e, de outro
lado, centros universitários de alto nível possibilitam que o país se destaque na produção de tecnologias avançadas.
Devido a crenças religiosas, o indiano não consome carne bovina; por isso, a Índia detém o maior rebanho do mundo — cerca de 218 milhões de cabeças;
O país ainda é responsável por quase 15% da produção mundial de leite, sendo que mais de 50% do leite consumido pela população é de búfala; Há também expressivas criações de cabras, ovelhas, porcos e aves.
A agricultura, atividade econômica básica do país, responde por cerca de 25% do PIB indiano. Por causa das heranças do período colonial, ainda emprega a maior parte da população economicamente ativa (cerca de 60%);
As produções de arroz e trigo, os principais produtos agrícolas do país.
Contudo, poucos agricultores indianos contam com recursos técnicos adequados para direcionar a produção para fins comerciais. Esse fato, somado ao pequeno tamanho das propriedades dos camponeses — que resultou da reforma agrária realizada nos anos seguintes à independência da Índia —, contribui para que a maior parte da produção esteja voltada para o sustento familiar.
Os cultivos ocupam mais da metade da superfície total da Índia (figura 41). As produções de arroz e trigo, os principais produtos agrícolas do país e base da alimentação dos indianos, o colocam como segundo maior produtor mundial, superado apenas pela China. Embora a Índia tenha se tornado autossuficiente na produção de alimentos depois da chamada Revolução Verde, ainda hoje milhões de indianos sofrem de subnutrição e escassez de alimentos. Entre os fatores que ajudam a explicar essa realidade, encontram- -se as monoculturas destinadas à exportação, herança dos colonizadores britânicos, que, no passado, favoreceram a substituição das culturas alimentares pelas de exportação, com graves consequências para a alimentação do povo. Hoje, as monoculturas de chá, algodão, café, juta e cana-de-açúcar, muitas delas em mãos de estrangeiros, ocupam vastas porções do território indiano em detrimento do plantio de produtos voltados à alimentação da população
Como também ocorreu em outras colônias europeias, o sistema produtivo indiano original foi desmantelado e substituído por uma economia comandada por necessidades externas. A dominação colonial britânica, desde o século XVIII até 1947, interrompeu o desenvolvimento artesanal, industrial e tecnológico da Índia, que em alguns setores se encontrava adiantado.
É o caso do artesanato têxtil, que, além de abastecer a população, exportava o tecido graças à sua qualidade. Entretanto, como os britânicos estavam interessados em vender os próprios tecidos, adotaram uma política de preço baixo até conseguir desestruturar a produção têxtil local. Esse fato ajuda a explicar o atraso industrial da Índia até sua independência, quando então passou a apresentar um desenvolvimento industrial mais acelerado. Podemos dizer, portanto, que se trata de um país de industrialização tardia. Com a independência, a Índia adotou uma política econômica caracterizada pela intensa participação do Estado na economia. A partir de 1991, com a expansão da política econômica neoliberal no mundo, o governo indiano alterou essa conduta: promoveu uma liberalização da economia, marcada pela abertura para o exterior, suprimindo o controle das importações e permitindo investimentos estrangeiros, entre outras medidas.
Hoje, o parque industrial indiano situa-se entre os dez maiores do mundo. Apesar de empregar apenas 17% da população economicamente ativa do país, destaca-se no cenário mundial por apresentar significativo desenvolvimento em vários setores de tecnologia avançada (energia nuclear, satélites artificiais, informática etc.).
Merece ainda destaque a indústria cinematográfica indiana, localizada principalmente em Mumbai e conhecida como Bollywood. A produção anual de filmes supera a dos Estados Unidos. Cerca de mil filmes anuais foram produzidos, em média, nos últimos anos, enquanto nos Estados Unidos a média foi de quinhentos filmes.
ADAS, Melhem e Sérgio. Geografia: Expedições geográficas. São Paulo: Ed. Moderna, 2011. (9º ano)