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Jorge de Sena

Trabalho elaborado por: Margarida Raposo

12º ano turma 3

Poeta contemporâneo

Vida e obra

Vida e obra de Jorge de Sena

#1

  • Nasceu em Lisboa a 2 de novembro de 1919 e faleceu em Santa Bárbara, Califórnia, a 4 de junho de 1978.
  • Começou a escrever em 1936
  • Licenciou-se em Engenharia Civil na Universidade do Porto.
  • Estreou-se em 1942 na literatura com a obra Perseguição.
  • Exila-se no Brasil, em 1959, receando as perseguições políticas resultante de uma tentativa falhada de golpe de estado em que esteve envolvido.
  • Em São Paulo, em 1964, doutorou-se em Letras na Universidade de Filosofia, Ciências e Letras de Araraquara.
  • Ao longo do período que viveu no Brasil, exerceu funções de docência nos domínios da Literatura Portuguesa e da Teoria da Literatura.
  • Concomitantemente, foi um dos mais influentes intelectuais portugueses do século XX, com vasta obra de ficção, drama, ensaio e poesia, além de notável epistolografia, com figuras tutelares da literatura portuguesa e brasileira.

#2

Entre 1959 e 1965, os anos do Brasil, escreve:

  • as metamorfoses de Arte de Música
  • a novela O Físico Prodigioso
  • inicia o romance autobiográfico Sinais de Fogo, que foi adaptado ao cinema por Luís Filipe Rocha, em 1995.
  • trabalhou na edição do Livro do Desassossego, de Fernando Pessoa

  • Em 1965 surge-lhe a oportunidade de se mudar para os Estados Unidos com Mécia de Sena e os seus até então nove filhos.

#3

A obra de Jorge de Sena, vasta e multifacetada:

  • compreende mais de vinte coletâneas de poesia
  • uma tragédia em versos
  • uma dezena de peças em um ato
  • mais de trinta contos
  • uma novela e um romance
  • e cerca de quarenta volumes dedicados à crítica e ao ensaio, à história e teoria literária cultural, ao teatro, ao cinema, e às artes plásticas

Figurações do poeta

Figurações do poeta

• Liberdade é palavra-chave para compreender a poética de Jorge de Sena;

• O poeta é um cidadão do Mundo que fala uma língua universal a ser escutado por todos.

Quem a tem…

Não hei-de morrer sem saber

Qual a cor da liberdade.

Eu não posso senão ser

desta terra em que nasci.

Embora ao mundo pertença

e sempre a verdade vença,

qual será ser livre aqui,

não hei-de morrer sem saber.

Quem a tem

Trocaram tudo em maldade,

é quase um crime viver.

Mas embora escondam tudo

e me queiram cego e mudo,

não hei-de morrer sem saber

qual a cor da liberdade.

Jorge de Sena, Fidelidade, 1956

Neste poema...

O desejo de liberdade é justificado pelo contexto em que vive o sujeito poético, ansiando a liberdade, caracteriza o seu país como um lugar privado dessa liberdade, dominado pela maldade que amordaça a vida, as pessoas, o direito à palavra.

o sujeito poético exprime o desejo de não morrer sem saber o que é ser livre na terra em que nasceu.

Neste poema...

Considerando a data de escrita do poema facilmente percebemos que este contexto é o da ditadura salazarista.

Apresenta-se também uma circularidade à volta de morte, de modo a reforçar a ideia-chave do poema.

Arte poética

Arte poeta

• A palavra-chave é relações;

• Esta temática faz o enquadramento da sua obra a partir dos três vetores que dinamizam a sua arte poética: testemunho, metamorfose e peregrinação.

• Este trabalho constitui uma primeira tentativa de visão integrada da sua obra poética, visionário e crítica.

•Jorge de Sena tem no seu erotismo o seu princípio criativo e no exílio a sua circunstância.

Sento-me à mesa como se a mesa fosse o mundo inteiro

Sento-me à mesa como se a mesa fosse o mundo inteiro

E principio a escrever como se escrever fosse respirar

O amor que não se esvai enquanto os corpos sabem

De um caminho sem nada para o regresso da vida.

À medida que escrevo, vou ficando espantado

Com a convicção que a mínima coisa põe em não ser nada.

Na mínima coisa que sou, pôde a poesia ser hábito.

Vem, teimosa, com alegria de eu ficar alegre,

Quando fico triste por serem palavras já ditas

estas que vêm, lembradas, doutros poemas velhos.

Uma corrente me prende à mesa em que os homens comem.

E os convivas que chegam intencionalmente sorriem

E só eu sei porque principiei a escrever no princípio do mundo

E desenhei uma rena para a caçar melhor

E falo da verdade, essa iguaria rara:

Este papel, esta mesa, eu apreendendo o que escrevo.

Jorge de Sena, Coroa da terra, 1946

Neste poema...

O ato poético adquire uma dimensão vital: “como se escrever fosse respirar”, “à mesa onde os homens comem”.

reflete a atitude do sujeito para com a poesia.

Neste poema...

Sendo o momento da criação vital, o poeta condensa a experiência milenar da Humanidade e a relação profícua do poeta com o Mundo.

A escrita avança em três momentos:

  • iniciação da escrita,
  • espanto com a escrita
  • apreensão do que escreve.

Tradição literária

Tradição literária

• A palavra-chave é metamorfoses;

• Esta temática representa uma celebração do espírito humano.

• Cumpre-se a máxima horaciana ut pictura poesis, não implicando que haja uma correspondência entre a obra evocada e o poeta.

• Manifestação de angustia face à mortalidade, que o poeta assume em denegação.

• O diálogo com as obras de arte constitui uma manifestação ecfrástica de converter imagens em palavras.

Camões dirige-se aos seus contemporâneos

Camões dirige-se aos seus contemporâneos

Podereis roubar-me tudo:

as ideias, as palavras, as imagens,

e também as metáforas, os temas, os motivos,

os símbolos, e a primazia

nas dores sofridas de uma língua nova,

no entendimento de outros, na coragem

de combater, julgar, de penetrar

em recessos de amor para que sois castrados.

E podereis depois não me citar,

suprimir-me, ignorar-me, aclamar até

outros ladrões mais felizes.

Não importa nada: que o castigo

será terrível. Não só quando

vossos netos não souberem já quem sois

terão de me saber melhor ainda

do que fingis que não sabeis,

como tudo, tudo o que laboriosamente pilhais,

reverterá para o meu nome. E mesmo será meu,

tido por meu, contado como meu,

até mesmo aquele pouco e miserável

que, só por vós, sem roubo, haveríeis feito.

Nada tereis, mas nada: nem os ossos,

Que um vosso esqueleto há-de ser buscado,

Para passar por meu. E para os outros ladrões,

Iguais a vós, de joelhos, porem flores no túmulo.

Jorge de Sena, Poesia II, Lisboa,1988.

Neste poema...

uma voz que identificamos no título, com um discurso próprio de vibrante oralidade, interpela os seus contemporâneos para lhes mostrar o que o destino lhes reserva no futuro.

O sujeito, oculto sob uma máscara particularmente produtiva, inflete sob um destino particular.

Neste poema...

• A tradição regista que Camões enfrentou a inveja e uma espécie de preconceito dos poetas seus contemporâneos.

É essa tradição que está presente no poema, em que os poetas da época são acusados de terem roubado as ideias e a palavra do poeta, e de não o terem citado.

• A noção de criador original que perpassa a modernidade artística e a do reconhecimento da sua obra pelos outros são fulcrais.

Representação do contemporaneo

Representações do contemporâneo

• A palavra-chave é testemunho;

• Presentificação de algo que transcende a linguagem pela mesma linguagem.

• Sujeito lírico deixa passar através de si a realidade, oferecendo-se como lugar de uma voz.

Carta a meus filhos sobre os fuzilamentos de Goya

Estes fuzilamentos, este heroísmo, este horror,

foi uma coisa, entre mil, acontecida em Espanha

há mais de um século e que por violenta e injusta

ofendeu o coração de um pintor chamado Goya,

que tinha um coração muito grande, cheio de fúria

e de amor. Mas isto nada é, meus filhos.

Apenas um episódio, um episódio breve,

nesta cadela de que sois um elo (ou não sereis)

de ferro e de suor e sangue e algum sémen

a caminho do mundo que vos sonho.

Acreditai que nenhum mundo, que nada nem ninguém

vale mais que uma vida ou a alegria de té-la.

É isto o que mais importa - essa alegria.

Acreditai que a dignidade em que hão-de falar-vos tanto

não é senão essa alegria que vem

de estar-se vivo e sabendo que nenhuma vez alguém

está menos vivo ou sofre ou morre

para que um só de vós resista um pouco mais

à morte que é de todos e virá.

Que tudo isto sabereis serenamente,

sem culpas a ninguém, sem terror, sem ambição,

e sobretudo sem desapego ou indiferença,

ardentemente espero. Tanto sangue,

tanta dor, tanta angústia, um dia

- mesmo que o tédio de um mundo feliz vos persiga -

não hão-de ser em vão. Confesso que

multas vezes, pensando no horror de tantos séculos

de opressão e crueldade, hesito por momentos

e uma amargura me submerge inconsolável.

Serão ou não em vão? Mas, mesmo que o não sejam,

quem ressuscita esses milhões, quem restitui

não só a vida, mas tudo o que lhes foi tirado?

Nenhum Juízo Final, meus filhos, pode dar-lhes

aquele instante que não viveram, aquele objecto

que não fruíram, aquele gesto

de amor, que fariam «amanhã».

E. por isso, o mesmo mundo que criemos

nos cumpre tê-lo com cuidado, como coisa

que não é nossa, que nos é cedida

para a guardarmos respeitosamente

em memória do sangue que nos corre nas veias,

da nossa carne que foi outra, do amor que

outros não amaram porque lho roubaram.

Jorge de Sena

Não sei, meus filhos, que mundo será o vosso.

É possível, porque tudo é possível, que ele seja

aquele que eu desejo para vós. Um simples mundo,

onde tudo tenha apenas a dificuldade que advém

de nada haver que não seja simples e natural.

Um mundo em que tudo seja permitido,

conforme o vosso gosto, o vosso anseio, o vosso prazer,

o vosso respeito pelos outros, o respeito dos outros por vós.

E é possível que não seja isto, nem seja sequer isto

o que vos interesse para viver. Tudo é possível,

ainda quando lutemos, como devemos lutar,

por quanto nos pareça a liberdade e a justiça,

ou mais que qualquer delas uma fiel

dedicação à honra de estar vivo.

Um dia sabereis que mais que a humanidade

não tem conta o número dos que pensaram assim,

amaram o seu semelhante no que ele tinha de único,

de insólito, de livre, de diferente,

e foram sacrificados, torturados, espancados,

e entregues hipocritamente â secular justiça,

para que os liquidasse «com suma piedade e sem efusão de sangue.»

Por serem fiéis a um deus, a um pensamento,

a uma pátria, uma esperança, ou muito apenas

à fome irrespondível que lhes roía as entranhas,

foram estripados, esfolados, queimados, gaseados,

e os seus corpos amontoados tão anonimamente quanto haviam vivido,

ou suas cinzas dispersas para que delas não restasse memória.

Às vezes, por serem de uma raça, outras

por serem de urna classe, expiaram todos

os erros que não tinham cometido ou não tinham consciência

de haver cometido. Mas também aconteceu

e acontece que não foram mortos.

Houve sempre infinitas maneiras de prevalecer,

aniquilando mansamente, delicadamente,

por ínvios caminhos quais se diz que são ínvios os de Deus.

Neste poema...

• O "eu" lírico anseia para os filhos um mundo natural e simples, de liberdade e igualdade , sem sacrifício e discriminação, no qual a vida seja respeitada.

• O sujeito poético dirige uma carta aos seus filhos para desejar que a sua vida cresça num mundo melhor, pautado por valores fundamentais, e que eles preservem e amem esse novo mundo.

Neste poema...

• Salientam-se os valores relacionados com os direitos humanos, sem opressão nem atropelos à liberdade individual.

Resumo...

Representação do contemporâneo

Tradição literária

Arte poética

Budget

Figurações do poeta

Testemunho

Relações

Liberdade

Metamorfoses

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