UNIVERSIDADES DE CLASSE MUNDIAL E O CONSENSO PELA EXCELÊNCIA:
TENDÊNCIAS E MANIFESTAÇÕES GLOBAIS E LOCAIS
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Doutroranda: Lara Carlette Thiengo
Orientador: Lucídio Bianchetti
Programa de Pós-Graduação em Educação
Linha: Trabalho e Educação
Financiamento: CAPES/CNPq
Tema, origem e justificativa
Tema, origem e justificativa
*Justificativa: Atualidade e relevância da temática
Lacuna Teórica sobre o tema
* Programa Top 200: UFMG, UFV, UFRJ, UFRGS, UNIFESP
* Trabalhos anteriores: Mestrado/TRACES
O que é uma Universidade de Classe Mundial?
O que expressa, em termos de tendências e projetos para a educação superior, o modelo de UCM?
Que qualidade de homogeneização/diferenciação decorre da implementação de medidas para a constituição desse tipo de universidade?
Quais são os interesses do capital com este modelo de universidade?
Investigar a produção do consenso sobre a excelência acadêmica e científica da/na universidade , expresso no modelo de UNIVERSIDADE DE CLASSE MUNDIAL (UCM), considerando suas tendências e manifestações globais e locais.
a) analisar indicações/prescrições dos OIs relacionadas ao modelo UCM ou de Excelência
b) analisar os critérios dos principais rankings internacionais para o ensino superior e a sua capacidade indutora de políticas convergentes em direção à concepção de excelência;
c) analisar como a concepção de excelência vem sendo construída e implementada no cenário europeu, no âmbito do H2020 e no contexto da organização do BRICS NU;
d) investigar os delineamentos convergentes à concepção de UCM no Brasil, nos âmbitos governamental e institucional
* Levantamento Bibliográfico
* Análise Documental
* Recorte temporal: 2000-2017
* Empiria :
1 - Documentos elaborados pelos OIs e intelectuais orgânicos;
2- Documentos emanados da UE referentes ao PB e ao Programa H2020;
3- Documentos e diretrizes da BRICS NU;
4- Documentos da política educação superior do governo brasileiro relacionados à temática;
5- Anais de seminários/eventos;
6- Planos de Desenvolvimento Institucionais (PDIs) de universidades públicas
7 - Materiais e métricas dos rankings internacionais
* Categorias teóricas fundantes: totalidade, historicidade, contradição, mediação, classes sociais, hegemonia, exploração.
* Categorias/palavras-chaves que emergeriram dos documentos: Universidade de Classe Mundial/Excelência; rankings; internacionalização/mobilidade acadêmica; inovação/interação com o setor produtivo; parcerias público-privadas; governança e diversificação/diferenciação.
* Principais autores: Gramsci (2011); Marx (2012); Ball (2001; 2005; 2014); Harvey (1993); Azevedo (2015; 2016); Bianchetti (2015); Chauí (2001; 2003); Chesnais (1996); Dale (2002); Leher (2012); Mari (2003); Moura (2012); Robertson (2009); Silva Júnior (2015; 2017); Sguissardi (2005; 2009; 2014); Ferreira (2009); Fontes (2010); Shiroma (2016).
* Atualidade do tema e o caráter em andamento dos Programas analisados
* Bibliografia escassa sobre a temática
* existencia de aproximações, embora com particularidades, entre as orientações dos OIs analisados, metodologias dos rankings acadêmicos internacionais, Programas H2020 e BRICS NU e no direcionamento da política de educação superior brasileira.
*‘Ideologia da Excelência’ expressa no modelo/concepção de UCM é utilizada como um arquétipo com o qual se induz à competitividade internacional e o aprofundamento da diferenciação/hierarquização entre e intra universidades, a partir de áreas estratégicas.
O modelo de UCM, fundamentado pela Ideologia da Excelência, é uma tendência global em termos de políticas para a educação superior que, ao reforçar a necessidade de instituições que atuem como agentes do desenvolvimento economico dos países, promovendo a competititvidade internacional, induz/explicita a emergência de Iniciativas de Excelência em diversas instâncias e estágios, o que implica no aprofundamento da diferenciação da educação superior entre e intra instituições, bem como incita transformações na própria concepção de universidade.
* modelo de UCM passa a ser o representante do ideário hegemônico contemporâneo e vem servindo de modelo institucional ‘exemplar’, símbolo de modernização e desenvolvimento, incumbido de produzir e exportar conhecimento, seus modelos de fazer ciência, distribuir recursos e avaliar, o que confere credibilidade para competir no mercado internacional, indicando o previsível fim de uma determinada universidade, na perspectiva de universitas.
INTRODUÇÃO 23
1.......MUNDIALIZAÇÃO DO CAPITAL, NEOLIBERALISMO E REDES DE POLÍTICAS GLOBAIS: BASES DA EMERGÊNCIA E DIFUSÃO DA WORLD CLASS UNIVERSITY 39
1.1....REORGANIZAÇÃO DO ESTADO FRENTE ÀS NECESSIDADES DO CAPITAL: LIBERALISMO, ESTADO DE BEM-ESTAR SOCIAL E NEOLIBERALISMO 40
1.2....A MUNDIALIZAÇÃO DO CAPITAL E A NOVA UNIVERSIDADE DE PESQUISA NORTE-AMERICANA 48
1.3....PRODUÇÃO DE CONSENSO E REDES DE POLÍTICAS GLOBAIS: CONCEITOS-CHAVES E ELEMENTOS PARA A ANÁLISE 55
2.......A CONCEPÇÃO DE UNIVERSIDADE DE CLASSE MUNDIAL (UCM) E O CONSENSO PELA EXCELÊNCIA: O QUE DIZEM OS ORGANISMOS INTERNACIONAIS 68
2.1....ORIENTAÇÕES DO BM, DA UNESCO E DA OCDE PARA A EDUCAÇÃO SUPERIOR: A ‘DIVERSIFICAÇÃO’ INSTITUCIONAL EM TELA 70
2.2....A CONSTRUÇÃO DA CONVERGÊNCIA PARA A EXCELÊNCIA E O MODELO DE UNIVERSIDADE DE CLASSE MUNDIAL 79
2.2.1 Os documentos que tratam da ‘Universidade de Classe Mundial’ 79
2.2.2 A Conjuntura apresentada nos documentos 82
2.2.3 A concepção de Universidade de Classe Mundial 83
2.3....PRESSUPOSTOS DA UNIVERSIDADE DE CLASSE MUNDIAL 97
2.3.1 Internacionalização e atração de talentos 97
2.3.2 Financiamento alto e diversificado 105
2.3.3 Gestão diferenciada e flexível 108
2.3.4 Interação com o setor produtivo 112
2.4....UNIVERSIDADE DE CLASSE MUNDIAL: APROFUNDAMENTO DA DIFERENCIAÇÃO INSTITUCIONAL/EDUCACIONAL 118
3.......RANKINGS INTERNACIONAIS DAS UNIVERSIDADES: INDUÇÃO E VITRINE PARA A EXCELÊNCIA 123
3.1....CONTEXTO DE EMERGÊNCIA E PROLIFERAÇÃO DOS RANKINGS 124
3.2....PRINCIPAIS RANKINGS E INDICADORES 129
3.2.1 Academic Ranking of World Universities (ARWU) 132
3.2.2 Times Higer Education (THE) – World University Rankings (WUR) 138
3.3....METODOLOGIAS APRESENTADAS PELOS RANKINGS: INDICADORES DE CLASSE MUNDIAL 143
3.4....RANKINGS, GOVERNANÇA POR BENCHMARKING E PRODUÇÃO DE CONSENSO 151
3.5....DESDOBRAMENTOS POLÍTICOS E INSTITUCIONAIS 158
3.5.1 O que os rankings fazem com as universidades e o que as universidades fazem com os rankings? 159
3.5.2 Mercado de rankings e rankings para o mercado 166
3.6....O BRASIL E OS RANKINGS 168
4.......INICIATIVAS DE EXCELÊNCIA NO CENÁRIO GLOBAL: PROGRAMAS HORIZONTE 2020 E UNIVERSIDADE EM REDE DO BRICS 174
4.1....MAPEANDO ‘INICIATIVAS DE EXCELÊNCIA’ PROMOVIDAS PELOS ESTADOS-NAÇÃO 175
4.2... A UNIÃO EUROPEIA E O PROGRAMA HORIZONTE 2020 (H2020) 182
4.2.1 Aspectos conjunturais da universidade na União Europeia 184
4.2.2 O Programa Horizonte 2020 190
4.2.3 ‘Horizonte’ europeu para 2020: Universidades de Classe Mundial? 196
4.2.3.Horizonte europeu de Classe Mundial e o fim de determinada universidade europeia 209
4.3....UNIVERSIDADE EM REDE DO BRICS: EXCELÊNCIA PARA COMPETIVIDADE E VISIBILIDADE NO CENÁRIO INTERNACIONAL 212
4.3.1 Contexto de emergência e caracterização 213
4.3.3 Universidade em Rede do BRICS 220
4.3.4 Expansão e Diferenciação da Educação Superior nos países do BRICS 228
4.3.5 Mobilidade Internacional no BRICS: um entrave para a ‘excelência’ 231
4.3.6 Pesquisa, inovação e transferência de tecnologia 234
4.4....HORIZONTE 2020 E UNIVERSIDADE EM REDE DO BRICS: APROXIMAÇÕES E DIVERGÊNCIAS 238
5.......UNIVERSIDADE DE CLASSE MUNDIAL NO BRASIL? 241
5.1....ELISTISMO, EXPANSÃO E DIFERENCIAÇÃO NA TRAJETÓRIA DA EDUCAÇÃO SUPERIOR BRASILEIRA 243
5.2....DELINEAMENTOS DA EXCELÊNCIA NO BRASIL: PROPOSIÇÕES, POLÍTICAS E PROJETOS 269
5.2.1 Excelência acadêmica e científica na primeira década dos anos 2000: bases para o consenso 270
5.2.2 Os programas Top 200 e Ciência sem Fronteiras 275
5.2.3 Pós-graduação (PG): o ‘coração’ da excelência 281
5.2.4.A Perspectiva para excelência nos Planos de Desenvolvimentos Institucionais das universidades brasileiras 288
5.2.5 Eventos acadêmicos e produção do consenso da excelência 305
5.3....UNIVERSIDADE DE CLASSE MUNDIAL NO CONTEXTO BRASILEIRO E APROFUNDAMENTO DA DIFERENCIAÇÃO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR 314
À GUISA DE CONCLUSÃO – DA UNIVERSITAS À UNIVERSIDADE DE CLASSE MUNDIAL: SUBSUNÇÃO AOS DESÍGNIOS DO CAPITAL À LUZ DA IDEOLOGIA DA EXCELÊNCIA 321
REFERÊNCIAS 337
INTRODUÇÃO
CAPÍTULO 1 - MUNDIALIZAÇÃO DO CAPITAL, NEOLIBERALISMO E REDES DE POLÍTICAS GLOBAIS: BASES DA EMERGÊNCIA E DIFUSÃO DA WORLD CLASS UNIVERSITY
CAPÍTULO 2 - A CONCEPÇÃO DE UNIVERSIDADE DE CLASSE MUNDIAL (UCM) E O CONSENSO PELA EXCELÊNCIA: O QUE DIZEM OS ORGANISMOS INTERNACIONAIS
CAPÍTULO 3 - RANKINGS INTERNACIONAIS DAS UNIVERSIDADES: INDUÇÃO E VITRINE PARA A EXCELÊNCIA
CAPÍTULO 4 - INICIATIVAS DE EXCELÊNCIA NO CENÁRIO GLOBAL: PROGRAMAS HORIZONTE 2020 E UNIVERSIDADE EM REDE DO BRICS
CAPÍTULO 5 - UNIVERSIDADE DE CLASSE MUNDIAL NO BRASIL?
À GUISA DE CONCLUSÃO – DA UNIVERSITAS À UNIVERSIDADE DE CLASSE MUNDIAL: SUBSUNÇÃO AOS DESÍGNIOS DO CAPITAL À LUZ DA IDEOLOGIA DA EXCELÊNCIA
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
A CONCEPÇÃO DE UNIVERSIDADE DE CLASSE MUNDIAL (UCM) E O CONSENSO PELA EXCELÊNCIA: O QUE DIZEM OS ORGANISMOS INTERNACIONAIS
BM
El desafio de criar universidades de rango mundial (SALMI, 2009)
El camino hacia la excelencia académica: La constitución de Universidades de Investigación de Rango Mundial (ALTBACH; SALMI, 2011)
Unesco
A universidade de classe mundial como parte de um novo paradigma de educação superior: das qualidades institucionais à excelência sistêmica (SADLAK; CAI, 2009)
OCDE
Promover a Excelência em Pesquisa: Novas Abordagens de Financiamento (OCDE, 2014a)
Pressupostos da Universidade de Classe Mundial
* Diferenciação/Diversificação
*Devem representar a vanguarda científica do país
* Centralidade da pesquisa
*Passa a ser considerada por esses OIs como essenciais para o desenvolvimento econômico e social dos países.
* Estratégias para a construção de UCM
* O alcance da excelência
Fonte: Salmi (2009)
* Desse modo, orientam a pesquisa as principais características do Modelo de UCM:
Internacionalização
Gestão Flexível e Alto Financiamento
Interação com o setor produtivo
Diferenciação Institucional
MUNDIALIZAÇÃO DO CAPITAL, NEOLIBERALISMO E REDES DE POLÍTICAS GLOBAIS: BASES DA EMERGÊNCIA E DIFUSÃO DA WORLD CLASS UNIVERSITY
processo mais amplo de reformas da educação superior
articuladas, à centralidade assumida pelos OIs e à reconfiguração do papel do Estado/Redes de Políticas Globais (fundamentadas pelas ideologias da “sociedade do conhecimento e da globalização)
articulada ao processo de mundialização do capital, considerando as novas finalidades requeridas à universidade no âmbito do regime de predominância financeira: a produção de conhecimento matéria-prima
EMERGÊNCIA DO MODELO DE UNIVERSIDADE DE CLASSE MUNDIAL:
*Mundialização do Capital e o Regime de Predominância Financeira (CHESNAIS, 1996)
* Conhecimento matéria-prima (SILVA JÚNIOR, 2015; 2017)
* New American University (SILVA JÚNIOR, 2015; 2017)
DIFUSÃO DO MODELO
* Estado Ampliado (GRAMSCI, 2011)
* Consenso, Ideologia (GRAMSCI, 2011)
* Intelectuais orgânico (GRAMSCI, 2011)
* Redes de Políticas Globais (BALL, 2014)
.
Indicadores de Classe Mundial
Indicadores de Classe Mundial
* Métricas que priorizam pesquisa e a internacionalização, em detrimento do ensino.
*Ensino é avaliado, basicamente, a partir de Prêmios.
*Pesquisa é avaliada por publicações na Nature e Science, citações e impacto.
* Principais Universidades ranqueadas
Concentração de UCMs em alguns países:
Robertson e Olds (2012) ; Enders (2015); Santos (2015); Thery (2010)
* Instrumento de política e uma ferramenta de administração: a governação por números (GREK; OZGA, 2010) e benchmarking (AZEVEDO, 2016).
* Tecnologias de performatividade (BALL, 2001) : julgamento e da comparação.
* converterem fenômenos complexos em medidas claras e impessoais, apresentadas de forma atraente e direta
* Reforçam/difundem o modelo de UCM
Têm sido utilizados para:
* orientar políticas e decisões
* orientar financiamentos e selecionar setores estratégicos.
* Incita a criação de iniciativas de excelência
* Homogeneização das metas institucionais.
* selecionar instituições para cooperação ou formação de redes.
* Transformações no trabalho acadêmico, como a introdução de salários baseados na meritocracia ou remuneração por desempenho (NOVA CULTURA INSTITUCIONAL)
UM HORIZONTE E VÁRIOS PONTOS DE CHEGADA
INICIATIVAS DE EXCELÊNCIA NO CENÁRIO GLOBAL: PROGRAMAS HORIZONTE 2020 E UNIVERSIDADE EM REDE DO BRICS
Japão
Alemanha
Rússia
Espanha
Austrália
França
Reino Unido
Dinamarca
Noruega
China
(...)
* Busca pela excelência: Estratégia de soerguimento do Bloco
* Tranformações da universidade europeia nas últimas décacas:
* PB: estimular reformas nacionais de educação no contexto de um quadro comum, com vistas a tornar o ensino superior europeu mais competitivo e atraente mundialmente.
* Estratégia de Lisboa: Espaço Europeu de Investigação; incentivo à investigação privada; e-Europe; programas de avaliação para monitorar o desempenho das instituições de pesquisa, atração de pesquisadores altamente qualificados
*PB 2020
*Conferem as bases para a implantação do Programa Quadro para investigação e inovação - Horizonte 2020/ Europa 2020
* Ao unir pesquisa e inovação, o Horizonte 2020 dispõe de orçamento de € 79 bilhões, que representa incremento de quase 40% em relação ao FP7.
Horizonte 2020 – estimular a excelência científica na Europa
O Horizonte 2020 é o maior programa de investigação e inovação da União
Europeia (UE) de sempre. Deverá conduzir a mais descobertas, avanços e
lançamentos mundiais transferindo ideias inovadoras dos laboratórios
para o mercado. Perto de 80 bilhões de euros
de financiamento estão disponíveis ao longo de sete anos (2014 a 2020), para além do investimento privado e público nacional que o financiamento disponibilizado pela UE atrairá.
(COMISSÃO EUROPEIA, 2014, p.5)
Estruturam o programa:
Interação com o setor produtivo
Gestão
Internacionalização
* Competição mundial pelo talento
* Marie Skoldowka Curie Actions
* Erasmus +
* Aberto a todos os países (com algumas particularidades)
* Chamadas Temáticas
* Simplificação de regras, gestão financeira e execução.
* Autonomia orçamental
* Induz a mudança de regime de contratação docente.
* Financimento baseado na 'excelência'.
* Orientado para centros de construção de tecnologias-chaves
* Instituto Europeu de Inovação e Tecnologia (EIT) / Comunidades de Conhecimento e Inovação
* Investimento em tecnologias de alto risco
São algumas medidas específicas do H2020:
* construir centros de investigação ‘de elite’ orientados para ‘áreas estratégicas’, capazes de ‘atrair pesquisadores de renome internacional’.
*Mapear/Germinar instituições
* Reforçar redes internacionais e acesso à investigadores de "nível excelente"
* Reforçar a posição da UE enquanto líder mundial na produção de ciência.
* Facilitar a cooperação entre os setores público e privado
*Expressa o estágio mais avançado em termos organização/projeção do alcance da 'excelência acadêmica e científica' nos marcos da UCM.
* O H2020 coroa o longo processo de relativização de determinada universidade europeia, instaurando/reforçando uma concepção de universidade diferenciada e essencialmente articulada: ao setor privado e às demandas produtivas.
* Governança do Bloco em relação ao ensino superior em relação aos Estados-membros.
* Difunde visões de mundo, modelos e experiências que têm repercussões diretas nas formas de pensar e fazer educação em outros continentes, como a América Latina.
* Particularidades de emergência e organização do Grupo. ("Plataforma de expansão do capital-imperialismo"/ Expansão da educação superior).
* Cúpulas e Reuniões Ministeriais (desde 2011): Ciência e Tecnologia/ Educação
* O tema " excelência no BRICS" também aparece em duas publicações:
BRICS: CONHECER A EDUCAÇÃO DO FUTURO
(UNESCO, 2014)
EXPANSÃO DAS UNIVERSIDADES EM UM ECONOMIA GLOBAL EM MUNDANÇA: O TRIUNFO DOS BRIC? (CARNOY ET AL/CAPES, 2016)
1- Criação de identidade
2- constituição/ampliação de um mercado organizado para a mobilidade acadêmica
3- ampliação de relações com outros países e blocos
4- promoção da adequação/qualificação da força de trabalho para o atual estágio de desenvolvimento das relações capitalistas.
*Almejam (à luz da UE): Criar de centros de cálculo e rankings / Reconhecimento mútuo de Diplomas
* Alta diferenciação da educação superior com Presença de Inicitivas de Excelência na maioria dos países do Grupo
* Criada em 2015
* Visa desenvolver formação Bileteral/Multilateral por meio de PG conjuntos em áreas estratégicas.
* Ênfase na inovação
* centralidade na mobilidade internacional (crescente)
*Criação de redes de cooperação/ publicações/patentes conjuntas
* Inglês como língua oficial
* Seleção dos PGs no âmbito de cada país
* Exprimem a lógica de UCM a partir no binômio excelência-diferenciação
* Centrada da concepção de universidade como espaço de pesquisa, inovação e internacionalização/competitividade .
* Formação de centros de excelência para alavancar a competitividade internacional.
ESTRUTURA DO CAPÍTULO
Gráfico – Evolução de investimentos da Capes em bolsas e fomentos (2002-2016)
Fonte: Capes/Geocapes (2017).
* Definição de áreas
*Instituições de destino bem classificadas nos rankings internacionais
* Concentração de Bolsas em algumas universidades
* PROEX
* Algumas universidades concentram mais de 70% dos recursos do Programa,
* Diferenciação da PG (mestrados e Doutorados profissionais)
* Indução de áreas estratégicas com a Política de Editais
Convergência nas seguintes informações sobre um mesmo Grupo de IES:
*concentram recursos de projetos e bolsas de internacionalização;
*concentram PPGs considerados de excelência;
*são citadas nos principais rankings internacionais;
* ocupam as primeiras colocações dos ranqueamentos nacionais;
* faziam parte do Programa Top 200; compõe o Programa BRICS NU.
Explicitam a traduação da concepção de de UCM contida nas orientações dos OIs nas universidades.
* exemplos internacionais exitosos, colocando-os em comparação com a situação do Brasil ou da própria IES.
* utilização dos resultados dos rankings internacionais
* Em alguns PDIs, referência aos OIs ou seus principais intelectuais
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
* Instituição diferenciada; essencial para o desenvolvimento econômico do país
* Noção de excelência associada à colocação nos rankings internacionais
* Indica a cultura de avaliação contínua
* gestão institucional flexível e profissionalizada que inclua captação de recursos externos (públicos e privados)
* expansão do número de alunos na PG
* aumento do número de PGs de excelência
* aumento da colaboração em pós-doutoramento.
* Ênfase na Internacionalização
* necessidade de cursos preparatórios de línguas para discentes e docentes
* Relação com o setor produtivo
a ideia de que os estudantes, e não as empresas, seriam os maiores beneficiados por esta forma de parceria
A relação universidade-empresa como expressão da interdisciplinaridade.
Inovação dos currículos e da universidade
* Criação em dezembro de 2017:
Fundo Público para Universidades de Excelência no Brasil
Programa de Excelência de Universidades e Institutos
*Conceito de Ideologia em Gramsci (2011)
* A ideologia da excelência manifesta-se, principalmente, a partir:
a) construção de símbolos de identificação positiva e da adoção de um referencial de padrão partilhado (o ‘selo’ da excelência);
b) narrativas que buscam ratificar a importância da universidade de excelência (Casos de Sucesso)
c) segmentação dos indivíduos em grupos, a partir de argumentos meritocráticos (talentos e não talentos/produtivos e não produtivos);
d) diferenciação da educação superior, embora nominada como diversificação;
f) ocultamento do caráter sócio-histórico das ações, ao pretender fazer com que estas iniciativas, apesar de seu caráter transitório, apresentem-se como permanentes, necessárias e ‘salvadoras’;
g) compreensão da ciência e, especialmente, da inovação como solucionadoras dos problemas sociais, mascarando as relações capital-trabalho.
Nesse sentido, a partir da difusão do modelo de UCM e da ideologia da excelência, são eclipsadas algumas compreensões:
1) O compromisso dos Estados-nação com a expansão do capital
2) O potencial econômico promovido pela internacionalização
3) A centralidade da pesquisa
4) A proletarização do trabalho intelectual
5) A redução da formação acadêmica a um viés de ciência e ensino cada vez mais estreito e pragmático, que nega a universidade enquanto espaço de formação.
6) O aprofundamento da diferenciação institucional e das modalidades formativas acondicionadas à cada classe social.
* A difusão do modelo de UCM (pelos OIs e rankings) induz/explicita a promoção de iniciativas de excelência, as quais, apesar de suas particularidades, incitam o aprofundamento da diferenciação das modalidades de oferta da educação superior e contribui para a elaboração de uma concepção de universidade cada vez mais articulada aos setores produtivos.
* Esse processo também está articulado com a necessidade de o capital garantir que o trabalho tradicionalmente realizado nos países mais avançados seja feito de forma qualificada e flexível também nos países considerados ‘emergentes’.
* Caso do Brasil: formação de centros de excelência em áreas estratégicas/ em cooperação com outros países
* Isso significa: a garantia de alguns estabelecimentos ‘de excelência’ como loci de produção científica ‘de ponta’,reservando às demais instituições a função de transmissoras do conhecimento e da formação técnica.
*Assim, a criação de centros de excelência indica a tendência, já em
marcha, de canalização de recursos públicos para estes loci, enquanto as demais instituições são cada vez mais orientadas ao setor privado.
Ao que tem muito, mais lhe será dado e ele terá em abundância. Mas ao que não tem, até mesmo o pouco lhe será tirado.
(BÍBLIA. EVANGELHO DE SÃO MATEUS, CAP. 25, VERS. 29)
Por fim:
Alternativamente, caso a imagem de que a crise é do capitalismo como um todo seja apropriada pelos que vivem do trabalho e são explorados e, socialmente, caso as lutas tenham organicidade e capacidade organizativa autônoma, novas páginas da história das universidades poderão ser escritas por muito mais mãos, notadamente as mãos calejadas dos que são explorados e expropriados do conhecimento científico, tecnológico, artístico, cultural e histórico-social (LEHER,2016, p.65 )
Obrigada pela presença e atenção!