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1. Definição do propósito da pesquisa
Memorandos
(Memos)
Codificação
teórica
3.Codificação aberta
Escrita de uma GT – a Teoria Fundamentada (nos ou em) dados
Saturação
2. Coleta de dados e os métodos complementares
Codificação focalizada
BITTENCOURT, Maíra. Grounded theory como metodologia para o estudo das mídias digitais. Comunicação & Sociedade. – São Bernardo do Campo, v. 39, n. 1, p. 143-167, jan./abr. 2017. Disponível em: https://www.metodista.br/revistas/revistas-ims/index.php/CSO/article/viewFile/6039/5664
1)esforço para embasar observações empíricas novas em velhas teorias;
2) a falta de rigor empírico;
3) o provável e possível desconhecimento dos objetos e fenômenos das mídias digitais, que pode levar a embasamentos teóricos equivocados.
“Pode-se afirmar que uma GT não se limita a recolher dados e analisá-los para verificar ou falsificar teorias preexistentes, pensadas em outras sedes e por outras pessoas, mas constrói criativamente – e rigorosamente – uma teoria a partir dos dados, capaz de explicar os fenômenos pesquisados” (TAROZZI, 2011, p. 29).
No Brasil, a GT é também chamada de:
* Teoria Fundamentada nos Dados;
* Teoria Fundamentada em Dados;
* Teoria Fundada
ANSELM STRAUSS
Foi um professor de sociólogo americano na University of California, San Francisco.
KATHY CHARMAZ
Foi Socióloga professora da Universidade de Sonoma, Califórnia. Desenvolveu a Constructivist Grounded Theory.
JULIET CORBIN
Pesquisadora sênior do Instituto Internacional de Metodologia Qualitativa da Universidade de Alberta, Canadá.
BARNEY GLASER
Nascido em 1930 é um sociólogo americano e um dos fundadores da metodologia da Grouded Theory.
- Os pais do processo metodológico da Grounded Theory foram Glaser e Strauss;
* Eles desenvolveram o método durante uma pesquisa sobre o contexto da morte em ambientes hospitalares (1965).
* Dois anos depois, publicaram o livro The Discovery of Grounded Theory: Strategies for qualitative research (GLASER;STRAUSS, 1967), primeira obra que discorre sobre a GT.
- Nesses quase cinquenta anos desde a publicação do método, a metodologia foi adaptada para
diversos tipos de estudos.
- Os próprios fundadores, Glaser e Strauss, tomaram caminhos diferentes. Enquanto Glaser continuou seus estudos amparados nos princípios propostos em 1967, Strauss, junto a outros pesquisadores, propôs alterações no formato inicial da GT.
- Existem mais de 100 adaptações da GT em todo o mundo.
- Ela é bastante utilizada na área da saúde, mas também nas diferentes áreas do conhecimento.
A GT é entendida como uma metodologia que deve gerar uma teoria fundamentada nos dados coletados e analisados simultânea e sistematicamente (GOULDING, 2002).
O estudo deve começar sem um problema de pesquisa fechado, mas com uma pergunta: “O que está acontecendo aqui?” (TAROZZI,2011, p. 47). Tendo essa ausência de hipótese prévia e de problema de pesquisa fechado, o estudo adota
como ponto de partida as respostas obtidas por meio da pesquisa empírica.
O método torna-se interessante para aqueles que buscam uma nova perspectiva sobre um fenômeno, pois auxilia o pesquisador a se libertar de suas noções preestabelecidas. Sempre vale salientar que,
mesmo com essa abertura, nenhum pesquisador estará totalmente livre de conceitos prévios e ideias pré-concebidas.
Segundo a GT, a percepção do que é mais importante para a pesquisa vai emergir desse primeiro trabalho de campo. Isso significa que a base primordial estará na coleta e análise de dados.
Assim devemos primeiramente tentar compreender a realidade dos entrevistados, por métodos variados (desde questionários qualitativos, quantitativos, grupos focais, entrevistas, estudo etnográfico ou outras fontes de informação) para, depois de todo o processo, confrontar o novo material com bases teóricas.
Sem que haja necessariamente a restrição em algumas variáveis ou em uma pergunta de pesquisa específica, nesta etapa é importante ter clareza sobre o que se deseja pesquisar.
Aqui definimos qual é a inquietação do pesquisador. Para auxiliar nesse processo, podemos refazer a pergunta:
“O que está acontecendo aqui?”.
Esse “aqui” deve fazer referência direta à realidade escolhida, seja ela um site, um blog, um comunicador, um tipo de relacionamento (entre comunicador e usuário) ou outro campo das mídias digitais que se deseja estudar.
- Depois de definirmos o que será pesquisado, devemos ir a campo para recolher os primeiros dados.
- Como ainda não há um recorte fechado e exato (ex.: X pessoas que seguem determinado perfil no Instagram, ou ainda um determinado blogueiro que produz algum tipo de conteúdo específico), “a amostra não se forma a priori, mas no decorrer da pesquisa, seguindo as lacunas da teoria emergente, […] recolhendo dados de sujeitos e de contextos” (TAROZZI, 2011, p. 23).
- Assim, definimos previamente o tamanho da amostra ou o tipo específico de metodologia complementar que será necessário em toda a pesquisa. Essa decisão vai sendo tomada ao longo do caminho, pelo contato com o campo e da saturação das categorias.
- Para o desenvolvimento da GT não há restrição de métodos de captação de informações. Pode-se utilizar netnografia, análise de redes sociais, pesquisa quantitativa, questionários, grupo focal, análise do discurso, entre outros métodos complementares.
- Eles farão parte desta parte da pesquisa, a coleta de dados, e darão suporte a todo o processo de relação com o campo empírico.
É a parte inicial de codificação e deve abarcar a identificação, descrição e categorização do fenômeno encontrado na pesquisa empírica. “Esta fase fragmenta os dados e permite que sejam identificadas categorias, propriedades e dimensões. […] A codificação aberta, assim, foca principalmente os procedimentos de comparação, classificação e questionamento dos dados” (FRAGOSO; RECUERO; AMARAL, 2013, p. 96).
O próprio nome desta etapa já dá o direcionamento do que devemos fazer aqui: é tempo de fazer uma codificação “aberta”. Devemos estar abertos e atentos para o que virá do campo, sem esquecer que a codificação inicial deve estar estritamente ligada aos dados coletados. A partir deles e rigorosamente com eles é que devemos criar categorias e etiquetas. “A codificação é o elo fundamental entre a coleta de dados e o desenvolvimento de uma teoria emergente para explicar esses dados. Pela codificação você define o que ocorre nos dados e começa a debater-se com o que isso significa” (CHARMAZ, 2009, p. 70).
O objetivo desta fase é extrair alguns conceitos e expressá-los por meio de algumas categorias. Aqui também cabe a transcrição de entrevistas e tabulação de questionários. Como etapas importantes a seguir na codificação aberta estão as seguintes: ler e reler todos os textos e entrevistas; codificar palavra por palavra; codificar linha por linha, comparar acontecimentos, começar a criar categorias e etiquetas para os dados.
Charmaz (2009) salienta a importância de o pesquisador observar os dados para criar categorias e não tentar criá-las a partir de conceitos preexistentes, ou seja, é preciso ousar para “ouvir” exclusivamente o que o campo tem a dizer, tomando o cuidado para não sofrer influências de categorias de outros autores. Se assim for feito, a probabilidade de emergir uma teoria inovadora e arraigada aos dados será muito maior.
Para auxiliar neste processo é possível também o uso de softwares.
Quantitativa: Excel, SPSS, R
Qualitativas: pesquisas qualitativas, como o Atlas, TI, Nudist e Nvivo
Redes Sociais: NodeXL, Topsy, Gephi, Reportei, Scup Social...
- Após esse processo de codificação aberta, chegamos à codificação focalizada, com algumas etiquetas e algumas categorias, embora possivelmente ainda não saturadas.
-É provável que o número de categorias seja bastante amplo, visto que na codificação aberta o processo não é o de resumir categoria ou atribuir sentido único para categorias com o mesmo tom de discurso, e sim criá-las.
-Já aqui, na codificação focalizada, dois processos são importantes: identificar macrocategorias e interligar as categorias existentes. Na identificação das macrocategorias, devemos reunir as categorias por semelhanças, no intuito de gerar etiquetas pontuais que descrevam os fenômenos encontrados;
- na interligação das categorias, que Strauss e Corbin chamam de “codificação axial”, o intuito é confrontar as categorias entre si, fazendo a “comparação entre os códigos e, posteriormente, entre os conceitos” (FRAGOSO; RECUERO; AMARAL, 2013, p. 94).
-Depois disso a pergunta de pesquisa deve ser refinada com mais foco, pois já se conhece parte do campo. É possível que surja a necessidade de novas entrevistas ou intervenções no campo, visto que na hora de observar as categorias é bastante provável que apareçam lacunas descobertas.
- Neste momento devemos buscar a core category. A core category é a ponta da pirâmide, é a categoria central, o conceito-chave.
- A ela todas as outras categorias devem estar ligadas.
“A categoria central deve ser como o sol em relação aos planetas” (CORBIN; STRAUSS, 1990, p. 124, tradução livre feita pela autora). É ela que iluminará todo o processo e que brilhará com a nova teoria, pois é pela core category que deve nascer a teoria que estávamos buscando.
Ela “é o resultado de uma GT, e não é raro que esse conceito seja utilizado como título do relatório de pesquisa que será elaborado a seguir […]. Encontrar e aprofundar a (ou as) core category (ies) é o objetivo da codificação teórica, a fase de codificação que se desenvolve no nível máximo de abstração conceitual” (TAROZZI, 2011, p. 140).
Depois de definida esta categoria central chega o momento de refazer as perguntas de pesquisa e
retornar seletivamente aos dados.
A intenção aqui é montar um único modelo que explique todo o processo teórico. Segundo Glaser (1978), é preciso integrar as categorias dando atenção às seguintes questões: causa, contextos, contingência, consequências, covariáveis e condições. Esse modelo de estrutura era defendido com bastante rigidez pelo autor, quando de sua publicação, mas o entendimento atual é que são pistas que darão um bom sustento para esta etapa, sendo possível trabalhar também com outras questões.
- O critério para deixar de retornar ao campo é a saturação teórica. Podemos dizer que a categoria chegou à saturação quando, ao retornar ao campo, colhemos respostas similares às obtidas anteriormente. “Quando os dados se tornam redundantes, no sentido de que, para qualquer direção que se prossiga na coleta de dados confirmem-se constantemente aquelas mesmas categorias” (TAROZZI, 2011, p. 152), chegamos à sua saturação. “Ao ver casos semelhantes repetidamente, o pesquisador ganha a confiança de que uma categoria está saturada. Quando uma categoria está saturada, nada resta senão ir para outras categorias e tentar saturá-las também” (GLASER; STRAUSS, 1965 p. 65, tradução livre da autora).
-É importante que se façam novas idas a campo e que se busque a saturação de cada uma das categorias. Isso garantirá que não seja feita a defesa
de uma ocorrência esporádica, mas, sim, que se crieuma teoria sólida com base em diversas incidências comuns.
Entram aqui as observações de campo escritas durante todos os processos, desde as primeiras ideias da pesquisa, passando pelas observações, insights do pesquisador, percepções sobre as entrevistas até o acompanhamento da análise do corpo de dados. É o diário de campo do pesquisador.
“Os memorandos são instrumentos de reflexões que acompanham, apoiam, e guiam a emersão da teoria em todas as suas fases, da coleta de dados até a codificação teórica” (TAROZZI, 2011, p. 155).
Eles são úteis para registrar as escolhas metodológicas e garantir o acompanhamento de todo o processo. São parte fundamental para demonstrar a credibilidade da pesquisa e auxiliar diretamente na elaboração do texto final. Neles também podem entrar os preconceitos do pesquisador. É importante escrever memorandos regularmente. Os diagramas também podem e devem integrar os memorandos.
Começam com as anotações das observações e terminam com “anotações teóricas, que estão refletidas na discussão de como os códigos, conceitos e categorias relacionam-se com a literatura. Esses memos, enquanto discussões teóricas, vão auxiliar, ao final, na emergência da teoria” (FRAGOSO; RECUERO; AMARAL, 2013, p. 94).
- Segundo Corbin e Strauss (1990), podem existir três tipos de memorandos. Os memorandos de código, os memorandos teóricos e as notas operacionais. Os memorandos de código referem-se à codificação
aberta e devem concentrar-se na rotulagem das categorias e etiquetas; os memorandos teóricos dedicam-se às indicações do processo e estão ligados às codificações focalizadas: axial e seletiva; por fim, os memorandos operacionais devem conter instruções relativas ao projeto de pesquisa em evolução (diário de campo).
- Neste momento devemos elaborar o texto a ser apresentado (seja ele uma tese, um artigo científico, um livro, um relatório para uma agência de fomento…). Diferentemente de
outras formas de pesquisa, na GT chegamos a este momento com uma grande quantidade de material já organizado.
- O processo de escrever a GT é basicamente uma revisão dos memorandos mais aprofundados, dos diagramas com as categorias (e core category) e um confronto com bases bibliográficas
teóricas de outros pesquisadores.
- É este o momento do estudo da bibliografia, no intuito de agregar argumentos igualmente sólidos
para a nova teoria que vai emergir do campo. O importante aqui é perceber o diferencial da GT. Os
textos não contarão somente com extratos de entrevistas, utilizados para legitimar ideias, como comumente ocorre em outros tipos de pesquisa qualitativa, mas, sim, contarão com toda a construção feita até aqui.
- As entrevistas aparecerão somente se tiverem um conteúdo realmente emblemático, caso contrário, a prioridade será para a apresentação da nova teoria em confronto com as referências bibliográficas.