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Expectativas de aprendizagem
Livro 4
Capítulo 12
Romances Urbanos
Romances Indianistas
Romances Regionalistas
Romances Históricos
Desenvolve temas ligados à vida social, principalmente do Rio de Janeiro. A variedade dos tipos humanos, os problemas sociais e morais decorrentes do desenvolvimento da cidade, tudo serviu de fonte para nossos romancistas. Destacam-se os romances: Senhora e Lucíola, de José de Alencar; A moreninha e O moço loiro, de Joaquim Manuel de Macedo; Memórias de um sargento de milícias, de Manuel Antonio de Almeida.
Surgiu na perspectiva de valorização de nossas origens e encontrou sua melhor representação em José de Alencar. São exemplos dessa tendência: Ubirajara, Iracema e O guarani. Apresenta forte idealismo e aproxima o índio do herói medieval europeu.
A atração pelo pitoresco, e o desejo de explorar e investigar o interior do Brasil fizeram o autor romântico se interessar pela vida e hábitos das populações que viviam distantes das cidades. Destacam-se os romances: O sertanejo, O gaúcho e O tronco do ipê, de José de Alencar; Inocência, de Visconde de Taunay; A escrava Isaura e O seminarista, de Bernardo Guimarães.
Foi um dos principais meios encontrados pelos românticos para a reinterpretação nacionalista de fatos e personagens de nossa história, numa valorização (e idealização) de nosso passado. Destacam-se: As minas de prata e A guerra dos mascates, de José de Alencar; O matuto, de Franklin Távora.
O romance urbano A moreninha, do escritor Joaquim Manuel de Macedo, o Macedinho, é o marco inicial do Romantismo em prosa no Brasil.
A prosa literária brasileira começou no Romantismo. Com o gradual desenvolvimento de algumas cidades, sobretudo do Rio de Janeiro, a cidade da Corte imperial, formou-se um público leitor composto basicamente de jovens da classe rica, cujo ócio permitia a leitura de romances e folhetins (histórias sentimentais publicadas em capítulos de jornais). Esse público buscava na literatura apenas distração.
O maior representante desse tipo de prosa foi José de Alencar. Ele escreveu uma trilogia (O guarani, de 1857; Iracema, de 18665; e Ubirajara, de 1874) apresentando o indígena como protagonista que apresenta fortíssimos traços éticos e morais do cavaleiro medieval europeu.
Romance que inaugurou a ficção indianista. Conta a história de Peri, índio que se apaixona pela bela Cecília, filha de um fidalgo português. Típico agente colonizador, o fidalgo D. Antonio Mariz abrigava em sua fortaleza, na Serra do Órgãos, ilustres portgueses e também bandos de mercenários, homens sedentos de ouro e prata, como o aventureiro Loredano.
Quando Diogo, irmão de Cecília, mata acidentalmente uma indiazinha aimoré, inicia-se um cerco à casa de D. Antonio. Os aimorés desejam vingança. Peri, a pedido de Ceci, torna-se cristão e foge com a moça para salvá-la. O fidalgo explode sua fortaleza, matando índio e portugueses. O casal ruma para destino indefinido, sugerindo a união dos dois povos.
O tigre desta vez não se demorou; apenas se achou a coisa de quinze passos do inimigo, retraiu-se com
uma força de elasticidade extraordinária e atirou-se como um estilhaço de rocha, cortada pelo raio. Foi cair sobre o índio, apoiado nas largas patas detrás, com o corpo direito, as garras estendidas para degolar a sua vítima, e os dentes prontos a cortar-lhe a jugular.
A velocidade deste salto monstruoso foi tal que, no mesmo instante em que se vira brilhar entre as folhas
os reflexos negros de sua pele azevichada, já a fera tocava o chão com as patas. Mas tinha em frente um inimigo digno dela, pela força e agilidade. Como a princípio, o índio havia dobrado um pouco os joelhos, e segurava na esquerda a longa forquilha, sua única defesa; os olhos sempre fixos magnetizavam o animal. No momento em que o tigre se lançara, curvou-se ainda mais; e fugindo com o corpo apresentou o gancho. A fera, caindo com a força do peso e a ligeireza do pulo, sentiu o forcado cerrar-lhe o colo, e vacilou. Então, o selvagem distendeu-se com a flexibilidade da cascavel ao lançar o bote; fincando os pés e as costas no tronco, arremessou-se e foi cair sobre o ventre da onça, que, subjugada, prostrada de costas, com a cabeça presa ao chão pelo gancho, debatia-se contra o seu vencedor, procurando debalde alcançá-lo com as garras.
Esta luta durou minutos; o índio, com os pés apoiados fortemente nas pernas da onça, e o corpo inclinado
sobre a forquilha, mantinha assim imóvel a fera, que há pouco corria a mata não encontrando obstáculos à sua passagem.
Quando o animal, quase asfixiado pela estrangulação, já não fazia senão uma fraca resistência, o selvagem,
segurando sempre a forquilha, meteu a mão debaixo da túnica e tirou uma corda de ticum que tinha enrolada à cintura em muitas voltas.
Com Iracema, Alencar apresenta a lenda da fundação do Ceará, simbolizada pelo relacionamento amoroso da índia com o português Martim. Como guardiã do segredo da jurema tabajara deve permanecer virgem. O amor entre eles supera obstáculos e Iracema abandona sua tribo para viver com Marim. Dessa união nasce Moacir, que representa a formação do povo brasileiro.
Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema.
Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna, e mais longos que seu talhe de palmeira. O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado. Mais rápida que a corça selvagem, a morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira tribo, da grande nação tabajara. O pé grácil e nu, mal roçando, alisava apenas a verde pelúcia que vestia a terra com as primeiras águas. Um dia, ao pino do Sol, ela repousava em um claro da floresta. Banhava-lhe o corpo a sombra da oiticica, mais fresca do que o orvalho da noite. Os ramos da acácia silvestre esparziam flores sobre os úmidos cabelos. Escondidos na folhagem os pássaros ameigavam o canto.
Iracema saiu do banho: o aljôfar d’água ainda a roreja, como à doce mangaba que corou em manhã de chuva. Enquanto repousa, empluma das penas do gará as flechas de seu arco, e concerta com o sabiá da mata, pousado no galho próximo, o canto agreste. A graciosa ará, sua companheira e amiga, brinca junto dela. Às vezes sobe aos ramos da árvore e de lá chama a virgem pelo nome; outras remexe o uru de palha matizada, onde traz a selvagem seus perfumes, os alvos fios do crautá, as agulhas da juçara com que tece a renda, e as tintas de que matiza o algodão.
Rumor suspeito quebra a doce harmonia da sesta. Ergue a virgem os olhos, que o sol não deslumbra; sua vista perturbase. Diante dela e todo a contemplá-la está um guerreiro estranho, se é guerreiro e não algum mau espírito da floresta. Tem nas faces o branco das areias que bordam o mar; nos olhos o azul triste das águas profundas. Ignotas armas e tecidos ignotos cobrem-lhe o corpo. Foi rápido, como o olhar, o gesto de Iracema. A flecha embebida no arco partiu. Gotas de sangue borbulham na face do desconhecido.