O PARVO
não há necessidade de defesa
percurso cénico
Diabo
tenta convencer
o Parvo a entrar na sua barca
Anjo
o Anjo acolhe o Parvo devido à sua simplicidade, ingenuidade e a não ter errado nas ações que fez, pois fê-las sem consciência.
O Parvo chega ao cais distinguindo-se dos outros personagens, pois considera a Barca do Diabo como sendo a Nave dos Loucos.
Durante o Auto, interfere diversas vezes, sendo constante característica a sua linguagem desbragada, que tanto é injuriosa como otimista, fazendo de si um ser louco, completamente à parte, liberto de regras e constrangimentos, em que a ordem não exerce qualquer tipo de poder.
Até o Diabo, com ele, se sente impotente.
Não se trata de uma personagem-tipo,
ao contrário de todas as outras,
pois não representa nenhum
grupo social ou profissional
o cómico de linguagem tem a ver com o vocabulário e com o próprio discurso e consiste na utilização de jogos de palavras, calão, pragas, diferentes registos de língua, ironia, latim macarrónico, ...
“JOANE: Hou d’aquesta!
DIABO: Quem é?
JOA.: Eu sô.
É esta a naviarra nossa?
DIA.: De quem?
JOA.: Dos tolos?
DIA.: Vossa. Entra!
JOA.: De pulo ou de voo?
Hou! Pesar de meu avô!
Soma: vim adoecer
e fui má-hora a morrer,
e nela, pera mi só.
DIA.: De que morreste?
JOA.: De quê?
Samicas de caganeira.
DIA.: De quê?
JOA.: De cagamerdeira,
má ravugem te dê!”.
O cómico de situação resulta das circunstâncias criadas pela própria situação em que a personagem se encontra.
A entrada em cena do Parvo suscita o riso
o cómico de carácter é o que deriva da maneira de ser e de se apresentar da personagem.
a personalidade ingénua do Parvo
Por ter errado sem maldade, intenção, fica à espera de purificar os seus pecados no cais e entretanto vai fazendo comentários ao que se passa.