“O DT é o elo de ligação direto entre a escola e a família, é através dele que os EE mais entram em contacto com o que se passa na escola (positivo e negativo)”. (Maria, DT)
“Burocracia relacionada com justificação de faltas e inserção destas no programa ALUNOS. Esta é a tarefa principal da semana para não acumular e para verificar se algum aluno está no limite de faltas estabelecido por lei. Assim é possível antecipar situações graves e comunicar imediatamente o EE.” (Maria, DT)
“Outra tarefa importante é comunicar com os colegas do Conselho de Turma para averiguar se há situações de indisciplina ou alguma situação que mereça ser reportada aos EE.” (Maria, DT)
- posse e acesso a bens materiais;
- existência de preferências divergentes;
- envolvimento em disputas no recreio;
- conflito quanto à realização dos trabalhos escolares;
- definição do nº de ordem para a participação pessoal em atividades.
1. Relação/comunicação
2. Interesses e necessidades
3. Preferências, valores e crenças
1. Conhecimento
2. Diagnóstico
3. Redução do conflito
4. Solução do problema
5. Construção do acordo final
Forma alternativa de resolução de conflitos, onde as partes recorrem a um “mediador”, que neste caso é o diretor de turma, que através do diálogo vai tentar chegar a um acordo justo para as partes envolvidas.
“A gestão de conflitos é algo que o DT tem poder para fazer dado que serve como mediador muitas das vezes entre professores, alunos, família e/ou comunidade escolar.” (Maria, DT)
“O contacto com os EE deve ser função exclusiva do DT, os professores do Conselho de Turma podem estabelecer contacto via caderneta do aluno, para além desta forma, devem comunicar imediata e primeiramente com o DT.” (Maria, DT)
Com a eliminação do tempo letivo de Formação Cívica, os assuntos relativos à dinâmica da turma tratados em coletivo passam a ter lugar num outro tempo:
“estes assuntos passam a ser tratados nos tempos letivos da área curricular do Professor DT.” (Maria, DT)
“A formação cívica e democrática dos jovens na escola não deve ser objeto de um tempo letivo, deve ser algo transversal e integrador. Cada professor, tendo em conta os seus conteúdos programáticos, deve introduzir estes temas.” (Maria, DT)
“Como DT desenvolvi com os alunos um trabalho, em parceria com outras disciplinas, sobre a violência no namoro. Também analisamos os direitos e deveres trazidos pelo novo Estatuto do Aluno, neste os alunos tiveram que analisar vários artigos em grupo e explicar o que entendiam. Entre outros exemplos, posso nomear também palestras sobre bullying, perigos do consumo de álcool, etc.” (Maria, DT)
“A minha avaliação é positiva, se bem que muitas vezes esta comunicação que tanto falo ser um pouco retórica e da parte dos EE haver uma apatia ou desconfiança das reais atitudes do seu educando que acaba por criar certos conflitos. Porém nunca deixei de comunicar, quer situações positivas quer negativas. É através desta comunicação que vamos acompanhar os alunos e estar sempre prontos a intervir.” (Maria, DT)
“A nível da integração penso que é um trabalho colaborativo, ou seja, toda a comunidade escolar tem que estar envolvida. De que vale o DT ser acolhedor se os Funcionários ou outros colegas e professores hostilizam. Aqui o DT isolado de nada vale.” (Maria, DT)
Outras responsabilidades:
“(…) responsabilidades a nível de distribuição/recolha dos valores em ED. Física. Tarefas relacionadas com distribuição de fotocópias. Alguns avisos a professores e à turma.” (Maria, DT)
O “cargo do diretor de turma pode ser interpretado como uma resposta organizacional à complexidade e heterogeneidade docente e discente da escola de massa, assumindo esta figura de gestão intermédia responsabilidades específicas na coordenação e controlo do conjunto de professores da turma e na integração dos alunos no ambiente escolar” (Sá, 1997, p. 132).
É necessário começar a coordenar a “banda de música”, ou seja, é necessário conhecer o conselho de turma. Desenvolver articulações verticais e horizontais do currículo. Entre outras tarefas...” (Maria DT). Aqui temos presente a necessidade da existência do trabalho em equipa dos docentes e uma visão democrática dos participantes através da “horizontalidade do processo decisional na partilha de responsabilidades de todos os interessados (…) e na organização informal cujas linhas não coincidem necessariamente com as da organização formal” (Sá, 1997, p. 133).
Sobre as atividades de coordenação de docentes a entrevistada refere a articulação dos programas curriculares, como algo satisfatório e compensador “a articulação dos programas curriculares é o mais difícil mas também o mais interessante pois podemos desenvolver atividades conjuntas entre várias disciplinas e assim potencializar o processo de aprendizagem” (Maria DT).
Alguns princípios devem estar assentes, tais como, “a imparcialidade ou neutralidade - considerando que a pessoa do mediador não deve representar nenhuma das partes, nem deve interferir no sentido de impor soluções; o da confidencialidade - assegurando às partes envolvidas sigilo e conferindo confiança para que se possa de forma aberta expor os problemas; e o princípio da voluntariedade – em que ambas as partes devem participar de livre vontade no processo de mediação/resolução do conflito” (Torres, 2007, p. 69).
“Como DT já tive que mediar uma situação de violência de um professor do Conselho de Turma em relação a um aluno. Neste caso é fundamental incluir o Diretor da escola e esclarecer todos os pontos com os implicados. A nível de relação com os colegas é complicado pois, como em todas as profissões, há os bons e os maus profissionais. Como neste caso o aluno sofreu violência por parte do professor e tive que me colocar contra um colega de profissão.” (Maria DT)
Como refere a DT entrevistada, são vários os casos em tem que agir na mediação de conflitos com os professores, ou seja, com os seus colegas de profissão, desenvolvendo o profissionalismo docente.
Sendo assim o DT, deve alertar os professores para a racionalização das suas práticas, promovendo a reflexão concreta.
“Há outros casos mais dissimulados como testes mal corrigidos ou falta de ética que temos que gerir e tentar encontrar um equilíbrio sem ferir susceptibilidades mas também temos que assegurar um ensino de qualidade.” (Maria DT)
A Diretora de Turma entrevistada considera que a estratégia mais preponderante na comunicação com os PEE`s e com o DT se deve realizar de forma imediata.
Só através de uma rápida resolução dos problemas, a sua resposta será breve.
Relativamente aos recursos que os DT dispõem a entrevistada considera que a “sobrecarga de turmas, quando se tem mais de 200 alunos é difícil gerir os prazos curriculares com desenvolvimento de outras vertentes” (Maria, DT), ou seja, a sobrecarga de trabalho condiciona as restantes coordenações que poderiam ter mais praticabilidade.
A Diretora de Turma entrevistada não respondeu à questão sobre quais as experiências mais aproximadas à função de coordenação curricular de projetos e de docentes.
Atualmente, “o mundo social da escola expandiu-se de tal maneira que acabou por se contrair, ou estilhaçar, ao ponto de ser o departamento mais do que a escola, que marca efetivamente os laços de interações principais da maior parte dos professores” (Lima, 31, 2002).
“Julgo que a diferença pode ser uma mais-valia para criar algo integrador e completo. A aprendizagem tem de ser vista como um todo. Hoje em dia só se fala de Matemática e Língua Portuguesa, porém a Ed. Física ou as artes são fundamentais para a construção de um cidadão ativo pleno das suas capacidades cívicas. Os professores têm que entender que só funcionam quando deixarem de lado os tabus da colaboração. A escola não pode ser vista como uma competição mas, principalmente, com as quotas de avaliação verifica-se que há um isolamento dos professores com medo que lhes roubem as atividades e tirem melhor nota.” (Maria, DT)
A colaboração entre docentes encontra-se hoje condicionada pela avaliação que é exigida, como refere a DT entrevistada “a ADD veio criar o sentimento de desconfiança, competição negativa e falta de cooperativismo e solidariedade” (Maria, DT). Refere também que “depende muito das escolas e do seu ambiente” (Maria, DT).
O papel do DT na relação com os PEE´s segundo a entrevistada é que esta revela-se o elo de ligação entre esses elementos, assumindo um papel fundamental na ligação escola-família. Como refere Frank Musgrove, “ a casa e a escola devem unir-se, com a casa como sócio mais velho (…) é da maior importância que os pais conservem o seu lugar como chefes de família” (Musgrove, 91, s/a).
Sobre a relação com os PEE´s a entrevistada refere que esta é “heterogénea Alguns são bastante colaborativos outros não lhes agrada tanto as informações que transmito e daí surge um certo atrito” (Maria, DT). Ou seja, alguns pais mostram alguma desconfiança perante o trabalho do diretor de turma.
Sobre as diferenças culturais, sociais e académicas, a entrevistada fala-nos de uma experiência em particular na relação com os pais que desempenham a profissão docente “se bem que os EE mais complicados são aqueles que são Mesmo conhecendo as burocracias exigem o impossível...” (Maria, DT). Porém refere em oposição que “por outro lado há PEE’s que mesmo não tendo instrução lutam pelos filhos e colaboram em tud” (Maria, DT)
“Estabelecer horários de estudo por parte dos PEE’s e serem sempre ativos, ou seja, têm que pegar nas mochilas ver os cadernos, a caderneta é o veículo diário de comunicação. Os PEE’s não podem só ir à escola quando são solicitados ou quando algo corre mal. Também devem ir para ouvir que o seu educando pertence ao quadro de mérito ou que se distingue por ajudar os colegas. Tem que se quebrar a ideia que a ida à escola é só para más notícias. O bom aluno também tem que ser louvado e merece que falem dele.” (Maria, DT)
Relativamente à relação entre a escola e a família a entrevistada refere que os alunos “muitas das vezes são eles que levam os recados e que estabelecem a comunicação” (Maria, DT), salientando a importância da comunicação que o aluno tem com a família como fundamental.
Os PEE´s podem manifestar os seus pontos de vista como refere a entrevistada “participando nas reuniões do Conselho de Turma com o seu representante” (Maria, DT).
O DT deve procurar atingir dinâmicas assentes na comunicação e participação dos encarregados de educação nos vários domínios da organização da escola (funcionamento, Projeto Educativo de Escola, etc.).
A evolução recente do quadro legal reforça o significado dos papéis dos encarregados de educação na vida escolar, nomeadamente no Conselho de Direção da Escola, nos Conselhos de Turma e nos Conselhos Locais de Educação.
No que diz respeito aos conflitos com os pais, estes conflitos segundo a DT entrevistada “são normalmente associados a maus resultados ou atrasos burocráticos que impedem os alunos de beneficiar, por exemplo do estatuto NEE ou de Língua Portuguesa Não Materna. Aqui deveremos ter um primeiro contato com os PEE’s se se mostrar intransigente, marcamos nova reunião na presença de um membro da direção da escola” (Maria, DT).
A entrevistada através da sua experiência não nota uma preocupação generalizada dos PEE´s, “á de alguns, mas nota-se cada vez mais desleixe dos PEE’s. Só quando reprovam é que vêm ajustar contas” (Maria, DT).
Conquanto, não há dúvida que a relação do êxito escolar está diretamente relacionado com uma participação positiva dos pais na educação dos filhos.
Ana Patrícia Leite
Diana Teixeira
Marta Monteiro
Sara Oliveira
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Delegado de Turma:
"A escolha do delegado de Turma é de total responsabilidade dos alunos de turma. É dos principais atos de cidadania daí ser de extrema importância. É a demonstração do seu poder de voto.” (Maria, DT)
Conseguir transmitir valores cívicos e democráticos a uma população escolar bastante heterogénea possibilitaria a existência de “sucessivas gerações de jovens formados numa «cultura comum», estruturada em torno de princípios cívicos, regras, valores e ideias democráticos e humanistas” (Gomes et al., 2011, p. 83).
“coletiva (DT/professor envolvido/aluno/família)”, pois “estas componentes tem que estar sempre presentes.” (Maria, DT).
“A nível individual nada se resolve, temos que envolver todas as partes para podermos prevenir futuras crispações e comunicar com o EE o que se está a passar para antecipar distorções das situações.” (Maria, DT)
O DT "é o responsável da turma, por isso tem o dever de juntamente com o Conselho de Turma e a restante comunidade escolar fazer com que a turma esteja plenamente integrada" (Maria, DT).
Conflito: “trata-se de um processo que se inicia quando um indivíduo ou um grupo se sente negativamente afectado por outra pessoa ou grupo, uma divergência de perspectivas, percebida como geradora de tensão por pelo menos uma das partes envolvidas numa determinada interacção e que pode ou não traduzir-se numa incompatibilidade de objectivos” (Dreu e Weingart, 2002 citados em Silva, 2011, p. 16).
Alunos: em coletivo
Professores da turma: “individualmente e em grupos de forma informal” (Maria, DT)
PEE’s: “por regra individualmente, quando o assunto é de comum interesse faz-se reunião, desde que seja de acordo positivo de todas as partes” (Maria, DT)