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Um caminho de evolução.
Baseado na série "4 amores" do blog
Textos para Reflexão, de Rafael Arrais.
http://www.raph.com.br
Amor: Pode significar afeição, compaixão, misericórdia, ou ainda, inclinação, atração, apetite, paixão, querer bem, satisfação, conquista, desejo, libido, etc.
Mas, um outro grupo gasta parte de sua energia para produzir uma peculiar substância viscosa.
Tal substância faz com que as bactérias se agrupem de forma mais eficiente, e suas colônias tendem a permanecer sempre muito próximas a superfície das águas, onde suas chances de sobreviver e prosperar aumentam.
O altruísmo parece ser uma evolução da espécie.
Através desse sistema peculiar da natureza, os seres se auxiliam mutuamente, e sobrevivem com mais eficiência conjuntamente do que sozinhos.
Talvez o melhor exemplo de um “despertar do altruísmo” em nossos ancestrais hominídios esteja intimamente ligado ao fato de hoje andarmos eretos.
Segundo uma teoria, o bipedalismo e a redução dos dentes caninos foram acompanhados das primeiras convenções sociais entre os caçadores-coletores.
As fêmeas passaram a preferir machos menos agressivos, e passaram também a trocar sexo por comida, além de se comprometerem por mais tempo com a "educação" dos filhos.
Isso favoreceu nos machos, e conseqüentemente em toda a espécie, o bipedalismo: assim poderiam se deslocar por distâncias maiores, e carregar oferendas (pequenos pedaços de comida, sejam frutos ou carne de animais abatidos) para trocar por sexo.
Se alguém tinha dúvidas de que a prostituição era a profissão mais antiga do mundo, a arqueologia e a antropologia têm nos deixado muito clara essa questão: não só parece ser a profissão mais antiga, como também a razão primária do primeiro sistema de trocas entre seres humanos (ou hominídios)...
O termo em grego antigo para a prostituição era pornea, que em português seria algo como porno ou pornô – a pornografia nada mais é, portanto, do que “a ilustração ou imagem da prostituição”.
Até os dias de hoje há grandes chefes de família, de função respeitada na sociedade, que subitamente arriscam perder tudo apenas para poder vivenciar alguma nova “aventura sexual” que lhes aparece subitamente no horizonte...
Realmente, há uma grande variedade de zonas erógenas no corpo humano: Pescoço, nuca, lóbulo da orelha, lábios e língua, mamilos, nádegas, coxas e dedos, além dos próprios órgãos sexuais...
No entanto, quantas e quantas vezes fazemos sexo ao longo da vida? Quantas e quantas repetições intermináveis de seqüências de movimento mecânicos envolvendo somente um punhado de zonas erógenas? Por mais que existam inúmeras possibilidades para o ato sexual, no fim o que nos motiva, o que nos carrega nesse desejo desenfreado, é o instinto em si, é a força motriz de Schopenhauer – a forma com a qual a natureza ensaiou a grandiosa dança da vida.
Se Deus nos deu o dom do amor, não me parece que devêssemos nos contentar em utilizá-lo apenas como moeda de troca, como uma espécie de barganha.
Da mesma forma com que alguns recorrem a Deus com oferendas e orações decoradas, apenas com o objetivo de conseguir alguma espécie de “bênção” em troca (geralmente o mais rápido possível), muitos de nós ainda vêem o ato sexual como mera barganha, mero “comércio de amor”.
Susana Queiroz está visitando o Butão, um dos menores e mais isolados países do mundo, fincado nos Himalaias, entre a China e a Índia.
Ela entra em uma loja de artesanato local, mas não consegue se comunicar com a vendedora, que não fala inglês – e muito menos o português, idioma da brasileira que apresenta o programa “No Caminho” para o canal de TV a cabo Multishow...
Susana chama por seu guia de viagem, um simpático butanês que fala o idioma local e o inglês, mas ele não responde. Fora da loja, a bela apresentadora encontra o guia falando apressadamente no celular.
No Islã, por outro lado, ela tem sido praticada desde sempre (o próprio profeta Maomé teve 16 casamentos simultâneos). Hoje, continua a ser adotada em alguns países muçulmanos e em processo de adoção em outros. O costume é regulamentado pelo Alcorão, que tolera a poliginia e permite um máximo de 4 esposas.
Eu costumo dizer que não acredito em casamento. Não quero, com isso, ofender a crença e a tradição cultural dos outros, mas apenas manifestar a minha própria crença... Tampouco estou querendo dizer que não acredito no amor, na fidelidade, na possibilidade de uma união realmente estável e duradoura entre dois indivíduos.
Na cerimônia religiosa cristã diz-se que “o que Deus uniu o homem não separe”. Mas por vezes o homem parece viver a se dedicar exclusivamente a não seguir os mandamentos divinos.
Melhor seria dizer, portanto: “saibam que têm nas mãos a responsabilidade de manter e edificar, todos os dias de suas vidas, esse dom divino, esse amor que sentem um pelo outro, este milagre!”.
Foi um grande poeta do Líbano (Gibran) quem nos alertou:
“Amai-vos um ao outro, mas não façais do amor um grilhão: Que haja antes um mar ondulante entre as praias de vossas almas. Enchei a taça um do outro, mas não bebais na mesma taça. Dai de vosso pão um ao outro, mas não comais do mesmo pedaço. Cantai e dançai juntos, e sede alegres, mas deixai cada um de vós estar sozinho; Assim como as cordas da lira são separadas e, no entanto, vibram na mesma harmonia” (trecho de “O Profeta”).
Muitos ditos cristãos ao longo da história se declararam escandalizados com práticas como a poligamia por outros povos.
Os colonizadores portugueses e espanhóis que vieram da Europa colonizar o novo mundo concluíram que esses nativos eram “pouco mais do que animais”. Ao notar que muitos nativos praticavam uma ou ambas as formas de poligamia, um ministro calvinista afirmou que não possuíam nenhum senso moral. Um médico europeu, após examinar cinco nativas e perceber que não menstruavam, concluiu que “não pertenciam à raça humana”...
Mas, retornando ao Butão: eis um exemplo de sociedade onde todos vivem efetivamente livres e não parecem se “escandalizar” tão facilmente com práticas como a poligamia ou até mesmo a homossexualidade.
Se as potências do homem na visão, na audição, nos recursos imensos do cérebro, nos recursos gustativos, nas mãos, nos pés; se todas essas potências foram dadas ao homem para a educação, para a evolução no convívio com o próximo, para a compreensão cada vez mais aprofundada do amor, mereceria o sexo, e as várias manifestações sexuais onde há respeito e carinho de ambas as partes, serem sentenciados às trevas? (*)
Em algum canto de 1969, um homem começa a falar do amor.
É a primeira aula de um curso sem direito a créditos da Universidade da Califórnia do Sul (USC), nos EUA.
Buscaglia nos contou o motivo pelo qual tomou coragem para propor uma aula sobre o amor:
“No inverno de 1969, uma de minhas alunas, inteligente e sensível, suicidou-se. Pertencia a uma distinta família de classe média alta. Seu aproveitamento escolar era excelente. Era muito querida por todos e tinha sempre programas para fazer. Num determinado dia de janeiro, foi de carro para os penhascos de Pacific Paradises, em Los Angeles, deixou o carro ligado, caminhou até a beira de um rochedo íngreme que se debruçava sobre o mar e pulou para a morte. Não deixou qualquer bilhete, nem uma palavra de explicação. Tinhas apenas 20 anos.”
Há muitos que dizem que o pós-modernismo comprovou a falência das ideologias racionalistas, que prometiam que a idade da razão, da ciência e da tecnologia, nos elevaria a um novo patamar de saúde, progressos e realizações.
Na verdade o que aumentou foi nossa expectativa de vida e nosso índice de desenvolvimento humano, mas as questões profundas, espirituais, permaneceram sem solução...
Após muito debater com os próprios alunos acerca do amor, e também se baseando na extensa obra de mais de 400 autores, Buscaglia chegou a algumas premissas básicas acerca do tema:
Após passar pelos outros amores – porno, onde seres são utilizados como coisas; e eros, onde há um troca genuína, porém fugaz, de prazer –, acredito que finalmente tenhamos chegado a um patamar mais profundo: filia (ou philia) é a palavra grega para amizade e irmandade.
Ora, mas se formos analisar do ponto de vista pura e simplesmente evolucionista, mecanicista, animal, a monogamia é antes um grande desperdício: para que desperdiçar uma vida se reproduzindo apenas com uma outra pessoa, se teremos maiores chances de propagar nossos genes nos reproduzindo com o maior número de pessoas, e as mais saudáveis possíveis?
Em alguma região remota da Rússia, num hospital público de alguma pequena cidade, uma criança acorda chorando.
Você pode dispor dos melhores remédios e da tecnologia mais avançada do mundo – sem o amor, todo tratamento é incompleto, e toda a cura passageira.
“Já fiz mais de 20 mil horas de palhaçadas com pacientes. Tenho 1 milhão de coisas para levar em cada contato. Primeiro, o meu olhar vai direto para os olhos deles, olhar de amor. ZAP! Tenho minibrinquedos, 20, 25 kg de brinquedos, todos dentro da minha calça de palhaço. Tenho um capacete em forma de pato na cabeça, e carrego um peixe.
O meu personagem de palhaço é um adulto com síndrome de Down, porque seu estilo é amor incondicional e engraçado. Entro ali, você pode estar coberto por queimaduras do pior tipo, eu não vejo... Vejo os seus lindos olhos. Você vê que eu não vejo. Em qualquer que seja o caso, pode estar a beira da morte, eu estou ao seu lado.
Não imagino que vou curar as pessoas, nem mesmo que vou ajudá-las, imagino que sei que vou criar um relacionamento com elas, e esse relacionamento vai tornar mais fácil o que quer que seja.”
Certamente os gregos antigos já haviam dado diversos nomes ao amor, mas nenhum parece ter sido mais sublime do que ágape. Tal sentimento significa o amor incondicional, o amor que não espera nada em troca, nem mesmo mais amor.
Mas não é fácil abandonar as amarras de nosso próprio ego, não é fácil atingir tal iluminação plena da alma...
E ninguém disse que seria, esta é a nossa odisseia, a nossa jornada, a nossa aventura!
Maria, a mãe de Jesus, não o via há muito tempo, e o queria de volta para casa. Ela o segurou o braço de seu filho e lhe disse, da forma mais amável que conseguiu: “Filho! Por favor, volte para casa comigo.”;
Jesus a olhou bem fundo nos olhos e perguntou: “Mulher, quem é você?”; Angustiada, sua mãe lhe respondeu: “Você sabe quem eu sou. Não me reconhece? Eu sou sua mãe!”;
Jesus então encerrou a conversa, se afastando dela: “Eu não tenho mãe. Apenas meu Pai que está no Céu. Deixe-me ir.”
E, quem sabe, quando chegarmos à festa que se faz para os iniciados no caminho do amor, sequer queiramos comemorar por muito tempo...
Pois que teremos nos lembrado daqueles que ficaram para trás, perdidos em meio ao córrego, sem contato com a substância viscosa, ignorantes do amor.
Uma mente não pode ser modificada pelo local ou pelo tempo, a mente é seu próprio local, e em si própria pode fazer um paraíso do inferno e um inferno do paraíso.
(John Milton)
Quem já bebeu, beberá; quem já sonhou, sonhará. Nunca desistirá desses abismos atraentes, que soam insondáveis, que penetram no proibido, que se esforçam por segurar o impalpável e ver o invisível; volta-se para eles, debruça-se sobre eles, dá-se um passo na direção deles, depois dois; e é então que se penetra no impenetrável e é então que se encontra o alívio ilimitado... (Victor Hugo)
Em algum córrego de água fluente, colônias de bactérias lutam pela sobrevivência. Um grupo de colônias flutua pela correnteza, e guarda toda a energia adquirida do ambiente para sua auto-preservação.
Nós mesmos seremos amados por pouco tempo e depois esquecidos. Mas o amor terá sido suficiente; todos aqueles impulsos do amor retornam ao amor que os produziu. Mesmo a memória não é necessária no amor. Existe uma terra da vida e uma terra da morte e a ponte é o amor, a única sobrevivência, o único significado. (Thornton Wilder)
Sua mãe está ao seu lado, como tem estado nos últimos dias, semanas, meses... Mas a criança continua a chorar. Ela tem um câncer em estágio terminal, metástase, e o hospital não tem verbas para comprar o medicamento adequado para ao menos anestesiar parte da dor. A criança tem chorado por todos os dias dos últimos 3 meses, sentindo em seus ossos, em suas terminações nervosas, uma das piores dores que o ser humano é capaz de suportar sem desfalecer.
A porta do quarto se abre, e um palhaço entra sorrindo. Ele a olha direto nos olhos, bem fundo, ele ri para sua alma, ele faz piada com o sofrimento e a morte, ele dança junto ao amor. A criança para de chorar...
Patch Adams é um médico curioso: ele acredita que um médico não pode prometer cura, e sim um tratamento adequado para cada doença. E o melhor tratamento sempre envolve o amor.
O nome do curso é Love 1A, e quando Leo Buscaglia o propôs a reitoria, tentaram dissuadi-lo da ideia. “Vai ser ridículo, qual aluno vai querer passar o semestre inteiro estudando sobre o amor?”.
No entanto, a primeira aula já conta com mais de 20 alunos. Em realidade, nos anos seguintes, o Love 1A se tornaria um sucesso estrondoso, com até 200 inscritos todo ano, e cerca de 600 na lista de espera
Por toda sua vida o palhaço tem se dedicado a melhor das palhaçadas: cuidar das pessoas, irradiar amor pelo mundo. Seja no entorno de zonas de guerra, seja nos hospitais mais remotos do mundo, ele sempre pede pelo pior: pelos queimados, pelos quebrados, pelos depressivos, pelos que estão à beira da morte. Nem que seja para que morram felizes...
Por todos os cantos do mundo dito civilizado, as pessoas suplicam por amor, por senti-lo, por compreendê-lo, por viver em seu nome... Mas quão poucas efetivamente dão ao menos um passo em sua direção. A aula do professor Buscaglia talvez fosse à maneira mais simples de começar a caminhada.
O guia desliga o celular e tenta ignorar o assunto, mas Susana já suspeita do que se tratava: era a “nova febre” entre quase todos os jovens butaneses, as pessoas falavam ao celular para marcar encontros amorosos. A questão peculiar, nesse caso em específico, é que o guia já era casado com duas mulheres, e ainda assim procurava conhecer mais parceiras amorosas.
Desde o final de 2006, o Butão é uma monarquia constitucional, mas o chefe religioso do reino goza de uma importância quase idêntica a do rei. O Butão é um dos últimos reinos budistas do mundo...
Por incrível que pareça, ainda existem santos na era moderna.
O médico palhaço é um deles; Embora não seja religioso, acredita acima de tudo no que mais importa, naquilo que ninguém conseguiu até hoje medir ou pesar, nem mesmo provar em algum experimento, mas que quase todos têm a plena fé de que efetivamente existe.
Numa relação pornográfica, há sempre um indivíduo que visa obter alguma compensação financeira pela “oferta” de seu corpo a um outro indivíduo que, por sua vez, visa uma satisfação sexual em troca do dinheiro despendido.
Milhões de anos se passaram, e muitos de nós continuam se comportando como hominídios...
No reino animal, a poligamia se refere à relação onde os animais mantém mais de um vínculo sexual no período de reprodução. Nos humanos, a poligamia é o casamento entre mais de duas pessoas.
Na poliginia, um homem é casado com várias mulheres, e na poliandria, uma mulher vive casada com vários homens.
Patch Adams é um santo do amor, um profeta que prega a maior das revoluções: a renovação pelo amor, a busca por uma estratégia para se amar, amar da melhor forma possível, amar em qualquer momento e em todos os lugares.
Schopenhauer era um pensador admirado com a capacidade do instinto sexual de afetar a razão até mesmo dos homens e mulheres mais sábios de nossa sociedade.
Amar da maneira que hoje é possível amar, para que amanhã amemos cada vez mais, até que não precisemos mais da promessa incerta de um céu distante – ele já estará instaurado em plena Terra.
Buscaglia descobriu que não seriam os intelectuais, os cientistas, os padres e pastores, e muito menos o governo, quem resolveriam nossa questão com o amor – teríamos de buscá-lo por nós mesmos.
Diz-se que a poliginia já foi regra nos grupos humanos em estado natural.
A questão sempre esteve também no centro do debate religioso. O Velho Testamento fala de um personagem como Jacó, que teve duas mulheres e doze filhos (vários deles com servas). Essa prole viria a dar origem às doze tribos de Israel.
Não são vacinas, comprimidos, carros do ano, livros de auto-ajuda, livros sagrados, sermões religiosos ou científicos, nem mesmo homens pregados em cruzes para morrer, quem nos salvam...
O filósofo alemão não conseguia vislumbrar na força motriz da vida mais do que uma espécie de escravidão dos sentidos: “A vida da maioria dos insetos não passa de um esforço incessante de preparar a alimentação e a moradia da futura prole, que sairá de seus ovos. Depois de ter consumido o alimento e ter passado para o estágio de crisálida, a prole começa uma existência cuja finalidade é cumprir novamente, e desde o princípio, a mesma tarefa; não podemos deixar de indagar qual o resultado de tudo isso; não há nada a revelar, apenas a satisfação da fome e do instinto sexual e uma pequena recompensa momentânea, ocasional, entre necessidades e esforços infindáveis.”
Apenas o amor nos salva, e por isso era vital aprender a amar.
O fogo que, apesar de arder invisível, ergue-se em uma pira tão bela e poderosa, que encanta aqueles que a podem admirar para o resto de suas existências.
Aquilo que não se vê com os olhos do corpo, mas que ainda antes se enxerga com a própria alma.
(a) Ninguém pode dar aquilo que não possui. Para dar amor, você deve ter o amor.
As razões da poliginia ser bem mais comum do que a poliandria são óbvias: além do mundo ter sido por muito tempo, e em muitas sociedades, dominado pelos homens, é extremamente custoso para uma mulher manter vários casamentos, pelo menos se levarmos em consideração que ela irá gerar filhos de cada um de seus maridos.
(b) Ninguém pode ensinar aquilo que não sabe. Para ensinar o amor, você precisa compreendê-lo.
A bênção prometida a todos aqueles que se aventuraram no caminho infinito, de religação com nossas origens, de busca ao que quer que tenha iniciado todo esse turbilhão de substâncias catapultadas a imensidão do Cosmos, e unidas numa sutil e inquebrantável teia com filamentos de luz que se estendem até além do horizonte cósmico, até além da razão, até onde só o amor poderá estar...
E finalmente: (g) Ninguém vive aquilo a que não se dedica. Para se dedicar ao amor, você deve estar sempre crescendo no amor.
Ora, e o que seria exatamente crescer no amor?
(c) Ninguém pode conhecer aquilo que não estuda. Para estudar o amor, você precisa viver no amor.
Essa forma de contato, essa forma de troca, essa forma de altruísmo, no entanto, não deve ser julgada apenas pelo que é, mas pela potencialidade que é capaz de despertar no ser humano.
(f) Ninguém admite aquilo a que não se entrega. Para se entregar ao amor, você deve ser vulnerável a ele.
Como uma estrela cadente em meio a um vazio pleno de paz, como uma memória, uma imagem daquilo que será lembrado para sempre, uma vez que sempre esteve em nossa volta.
O amor de todos os seres, conscientes e a beira da consciência.
Quero apenas ressaltar que o fato de estarem casados perante Deus, perante as leis ou perante a sociedade nada tem a ver com a garantia da manutenção do seu amor.
(d) Ninguém pode apreciar aquilo que não aceita. Para aceitar o amor, você deve tornar-se receptivo a ele.
(e) Ninguém pode ter dúvida daquilo em que deseja acreditar. Para acreditar no amor, você deve estar convencido do amor.
Para mim o casamento se chama amor.
É muito simples entender: qualquer casamento durará apenas enquanto o amor durar. Vai-se o amor, vai-se o casamento, ainda que não haja divórcio, ainda que o casal continue a "viver as aparências sociais". Que continue "casado"...
Enquanto nos contentarmos em repetir os rituais de nossos ancestrais hominídios, seremos ainda apenas “prostitutos de nós mesmos”, pois nesse sistema de troca animal tanto faz em que posição estamos – ambos, o macho e a fêmea, ou o ativo e o passivo, estão apenas encenando repetidamente a dança da vida, que embora possa ser bela e ancestral, nem sempre condiz com o nosso atual estágio de consciência.
Em sua tentativa de equacionar o amor, os cientistas o chamaram de “uma relação de troca onde há benefícios mútuos”, e o colocaram como alguma espécie de atividade onde o produto final é, coletivamente, sempre superior ao estado inicial, individualmente.
O amor de todos os cânticos, de todas as orações, de todas as poesias, de todos os pensamentos, colocado aos pés de uma fonte de água cristalina, que jorra em cascata preenchendo todos os átomos e todas as galáxias do Cosmos.
O amor em movimento, a ponte entre um mundo de morte e um mundo de vida.
É possível, é necessário, despertar, e evoluir no nosso caminho de altruísmo. Não mais tratar o próximo como uma fonte de troca de sexo por dinheiro ou dinheiro por sexo, mas como uma possibilidade de reconhecimento mútuo, de cumplicidade, de companheirismo, de conhecer, quem sabe pela primeira vez, “a visão do outro”...
E os cientistas tinham razão. Mas aí está o estranho paradoxo: quem doa amor, nada perde, apenas ganha ainda mais amor.
Eis que o amor empresta sua essência do infinito, e a matemática do infinito está além de qualquer razão, de qualquer equação...
Também se costuma encerrar com um “até que a morte os separe”.
Mas, se a morte separa alguma coisa, não é o amor. O amor não é um corpo e nem mesmo um cérebro, mas uma união de almas.
Há 2 mil anos um homem também realizou tal jornada. Caminhando pelas planícies em direção a Samaria com seus seguidores, Jesus disse a Judas: “Veja os aleijados, os cegos, os pobres... Este é o nosso exército, eles gritarão e Jerusalém cairá.”;
Mas Judas parecia não compreender: “Nós precisamos de mais homens.”; Ao que Jesus respondeu: “Deus nos fornecerá os homens que precisamos, nós iremos construir uma nova Jerusalém.”;
Nesse momento ambos foram interrompidos...
Por muitos séculos, e através de muitas sociedades distintas, a principal função do amor era a reprodução e, quem sabe, a educação dos filhos.
No final das contas, os casamentos serviam mais para que a continuidade do sangue familiar fosse garantida, do que para que houvesse efetivamente uma relação de amor entre os seres.
Carl Sagan, que era agnóstico, dizia que “viver na memória daqueles que nos amam, é viver para sempre”.
Ora, e o que diabos a morte separa? Se ela separa alguma coisa, é porque não era amor.
Mas o amor não pode ser comprado nem vendido, e o seu sistema de troca está ainda muito além da compreensão dos hominídios...
Claro, existe muita confusão acerca do que vem exatamente a ser amor. Me parece que aqui estamos nos referindo ao que os gregos antigos chamavam de eros: não o deus, mas o conceito de troca de prazer entre os seres.
Ainda assim, eles o reconheceram. Aprenderam a andar em duas patas e, pela primeira vez em sua existência, puderam observar o céu e o infinito para além dele, e não mais apenas o nível do solo a sua frente.
Alguma coisa em seu interior se acendeu e desejou ardentemente seguir adiante, sempre para o alto, cada vez mais alto... E, embora suas patas tenham permanecido arraigadas a terra, sua mente e seus corações passaram a perceber o início de uma trilha.
Porque, enfim, sermos homossexuais, e, quando muito, adotarmos e criarmos os filhos dos outros, nos abstendo de propagar nossos próprios genes?
Talvez, porque no fundo, aqueles que conseguiram chegar a esse patamar de amor são antes companheiros do que amantes, antes seres que buscam a fecundação de amizades, e não de óvulos.
Então, uma amiga de Maria, que a estava fazendo companhia, lhe perguntou: “Maria... Porque você chora? Você não os viu?”; Maria lhe respondeu: “Não vi quem?”;
A amiga explicou, entusiasmada: “Quando ele falou com você, havia milhares de asas azuis, atrás dele... Eu juro, Maria, eu vi exércitos de anjos...”;
Mas Maria não pareceu impressionada: “Eu não vi nada disso. De que me ajuda são os anjos atrás dele? Eu gostaria de ver filhos e netos caminhando atrás dele, e não anjos”.
Nesse estágio do caminho do amor, os seres não mais usam os outros como mero objeto, ou como parte de uma transação comercial, mas efetivamente trocam carinho, se preocupam tanto em dar prazer quanto em receber. Fortalecem o elo com o seu próximo um pouco mais...
Também no campo religioso, quem chega a essa distinta concepção do amor, não trata a Deus como um agente de barganhas ou um simples mantenedor de rituais sagrados. Antes o entendem como um amigo, aquele amigo que podem sempre contar, pois que hoje sabem que nunca os abandonou, e tampouco poderia abandonar – sua essência nos preenche a todos, ele está em tudo o que existe.
Este diálogo é, talvez, uma ficção (*), mas o que nos importa aqui é que ele toca no cerne de ágape: não mais amar apenas a si próprio, ou sua família, ou seus amigos, ou quem sabe sua comunidade mais próxima, mas amar a absolutamente todos os seres, todos os animais, todas as coisas, todo o Cosmos...
E é aqui, nessa distinta passada no caminho do infinito, que percebemos pela primeira vez o êxtase que se sinaliza no horizonte à frente...
É preciso, no entanto, tomar cuidado com até que ponto estarão unidos.
Duas árvores podem crescer a certa distância uma da outra, e podem até fazer sombra uma à outra, dependendo do momento do dia. Mas se estiverem por demais unidas, às próprias raízes no solo irão se entrelaçar, e disputar os nutrientes, até que uma aniquile a outra.
(*) Retirado do roteiro do filme "A última tentação de Cristo".
Ali começava o caminho do amor, e quem poderia imaginar até onde ele poderia nos levar?
Pela primeira vez sentimos um facho de luz da felicidade pura a nos ricochetear pela alma – não aquela alegria que sempre esteve fadada a ser, brevemente, substituída por alguma tristeza, para logo após virar alegria novamente; mas antes aquele contentamento interno, aquela paz de espírito, aquela felicidade que permanece.
Somente assim, reconhecendo o parentesco de nossos genes e átomos como toda a vida na Terra, fruto do crepitar do fogo estelar em fornalhas cósmicas, é que seremos capazes de não mais viver arraigados ao próprio ego, mas deixar que a própria vida viva em nós.
Todos somos ainda alunos do curso Love 1A, e foi exatamente um dos alunos de Buscaglia quem nos trouxe uma definição que talvez resuma da melhor forma essa espécie de amor de que estive falando:
“Acho que o amor é muito parecido com o espelho. Quando amo alguém, essa pessoa torna-se meu espelho e eu me torno o dela; e refletindo-se um no amor do outro, vemos o infinito”.
Só assim nos tornaremos efetivamente uma forma do Cosmos conhecer a si mesmo, um espelho plano e límpido voltado para o infinito, um canal por onde a luz divina poderá passar sem mais ser corrompida e distorcida.
Nós temos flutuado no córrego que flui da fonte, no coração do tempo do amor de um pelo outro. Nós temos brincado ao lado de milhões de amantes, partilhado a mesma doce timidez do encontro, e as mesmas lágrimas doloridas de despedida.
Um amor antigo, mas que se manifesta em formas que se renovam, e renovam, até o infinito!
O vídeo ao lado foi criado por alunos de Publicidade da UNIFIEO, e traz um trecho de um dos livros de Buscaglia...
Não satisfeitos em despojá-los de sua humanidade, os espanhóis começaram a dizimá-los como animais.
Por volta de 1534, 42 anos após a chegada de Colombo, os impérios inca e asteca haviam sido destruídos e seu povo escravizado ou assassinado. A hospitalidade inata dos nativos não comoveu os “seres morais do velho continente”: os colonizadores matavam crianças, rasgavam o ventre de mulheres grávidas, arrancavam olhos, queimavam vivas famílias inteiras e incendiavam aldeias à noite.
Como bactérias dispersas no rio do mundo, tudo o que nos resta é tecer a tal substância capaz de nos manter unidos, para que possamos flutuar e flutuar, cada vez mais, em direção à superfície, e ao que quer que exista do outro lado do véu.
Entre a poligamia e a matança, acredito que Deus tenha feito uma escolha já há muito tempo...
Ao contrário de muitas outras partes do mundo, no Butão tanto homens quanto mulheres sentem-se livres para ter quantos parceiros amorosos quiserem.
Faremos isso, então, não em busca de algum céu ainda superior aquele outro, ou para que Deus nos congratule e nos sorria, mas o faremos porque seremos seres plenos de amor, porque agiremos naturalmente no amor, sem racionalizar, sem equacionar, sem querer provar nada para os outros, e nem mesmo para si mesmo – Amar! Amar, por amar...
Eis a última e mais grandiosa das realizações de nossa jornada. Eis todas as bênçãos e toda a felicidade que poderíamos almejar.
No Butão se construiu uma verdadeira rede de convivência, de troca de prazer, de troca de informações íntimas, de troca de compreensão.
Nesse distinto e exótico microcosmo de sociedade humana, há tantos “casamentos” quanto possibilidades de convívio amoroso
Hoje ele está guardado à seus pés, ele achou o seu fim em você,
O amor de todos os dias dos homens, tanto passados quanto eternos:
Alegria universal, tristeza universal, vida universal,
As memórias de todos os amores mesclando-se com esse nosso amor único -
E as canções de cada poeta, tanto passados quanto eternos.
(trecho do poema “Amor sem Fim”, de Rabindranath Tagore)
(*) Este último trecho foi retirado da resposta dada por Chico Xavier no programa Pinga Fogo, da TV Tupi, nos idos de 1971...