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II SIMPÓSIO DE CRÍTICA DE POESIA

Universidade de Brasília - 8, 9,10 novembro de 2010

POESIA CONTEMPORÂNEA: O LUGAR EDITORIAL

Por Antonio Miranda

Não existe um estudo sistemático, nem quantitativo nem qualitativo, do fenômeno editorial da poesia no Brasil contemporâneo.

O que temos são testemunhos e opiniões esparsas em revistas literárias impressas e eletrônicas, de caráter impressionista embora de grande interesse para a sua compreensão.

Entram no mercado editorial e livreiro, ou circulam de forma alternativa ou até clandestina pelo território nacional, fora de um controle bibliográfico sistêmico.

Controle bibliográfico é o termo biblioteconômico cunhado pela Unesco em meados do século 20 para designar o esforço de um controle universal de publicações bibliográficas pelos países membros da ONU.

(era) majoritariamente impressa sobre papel

convocava as bibliotecas nacionais (ou que liderassem o processo de captação, processamento técnico e preservação do patrimônio editorial de cada país)

A Lei do Depósito Legal que garante a cada nação receber no mínimo dois exemplares dos livros publicados em seu território para a biblioteca nacional e também para bibliotecas estaduais e até municipais.

No caso do Brasil, esse dispositivo incentiva efetivamente o envio de livros à nossa bicentenária instituição mater de nossa bibliografia, mas de forma mais espontânea que obrigatória,

por falta de mecanismos de cobrança e acompanhamento da produção, mesmo das grandes editoras.

pequenas editoras municipais, e sobretudo da enorme quantidade de edições particulares e institucionais fora de mercado, principalmente as que nem chegam a requerer o ISBN

O IBGE fazia um inventário sistemático das edições de livros, município por município, em cooperação com o Instituto Nacional do Livro (extinto no governo Collor), mas hoje as estatísticas de nossa produção editorial são incompletas.

A Câmara Brasileira do Livro acompanha os livros da industria editorial estabelecida.

Situação atual da edição e distribuição de livros no Brasil

O BNDES, em 2004, encomendou um estudo ao Instituto de Economia da UFRJ, e apontou a pouca ou inexistente capacidade de aquisição das bibliotecas,

"limitadíssima capacidade de absorção do consumidor individual"

o custo alto de produção, preços elevados de distribuição, a existência de poucas livrarias fora dos grandes centros urbanos.

" No país, (2004) aproximadamente 3.000 editoras e 15.000 gráficas.

No setor de distribuição há aproximadamente 1.500 livrarias, sendo 350 pertencentes a 15 redes."

E conclui que “a maior parte dos livros não proporcionará retorno ao editor”

e que o mercado está sob o domínio de oligopólios, sobretudo no setor de distribuição.

Como afirma Lau

sempre que a relação da poesia com o mercado entra em pauta, temos uma suave sensação de “retomada” de um assunto nunca abordado e uma nova esperança transborda as nossas melhores utopias".

Mas Lau Siqueira é otimista e acredita numa virada, se houver uma estratégia adequada, pois

"A poesia, pela sua popularidade, pode ser o foco inicial de uma grande virada do mercado editorial.", voltada para a poesia, tradução e ensaios sobre poesia.

"Poesia pois é poesia" é o emblemático título de um livro de Décio Pignatari, em que o poeta pergunta e responde ao mesmo tempo. Mas, afinal, quem lê poesia no Brasil?

Instituto Proler, no relatório "Retratos da Leitura no Brasil" (2008)*, de uma pesquisa quantitativa encomendada ao Ibope Inteligência,

com o objetivo "de diagnosticar e medir o comportamento leitor da população, especialmente com relação aos livros",

quem mais lê poesia no Brasil são os jovens.

Comparando os dados com a pesquisa anterior de 2000, os índices de leitura vêm crescendo entre nós,

sobretudo em virtude da universalização do ensino no país,

apesar das precariedades de seu nível de desempenho e do fato de a leitura não ser socialmente valorizada no Brasil.

(55% são mulheres) usem 35% de seu tempo em atividades de leitura, seja por motivos profissionalizantes e de atualização profissional, seja pelo prazer e diversão .

A Poesia é o quinto gênero na preferência dos leitores,

com 28%, inferior apenas à leitura da Bíblia, dos Livros Didáticos, do Romance e da Literatura Infantil, embora tais interesses sejam também concomitantes.

a maior faixa de leitores se situa entre os estudantes de 5a. a 8a. séries (35%)

enquanto que o nível mais baixo (21%) corresponde aos de nível superior.

Os dados mais reveladores correspondem aos jovens e adolescentes entre 11 e 17 anos de idade que têm a Poesia como o gênero mais lido

enquanto que o percentual mais baixo (15%) está entre os leitores de 50 a 59,

havendo uma ligeira recuperação (30%) dos 60 aos 69 anos.

Ou seja, a Poesia é majoritariamente uma atividade dos jovens.

Cecília Meireles e Carlos Drummond de Andrade foram espontaneamente lembrados entre os sexto e sétimo autores brasileiros mais populares...

Sérgio Alcides, na revista eletrônica Zunai, discutindo " O que poderia ser feito para ampliar o número de leitores de poesia no Brasil?"

(contrapõe a torrente de edições de poesia no Brasil e a falta de um mercado ativo para seu consumo.

A matéria inclui comentários de especialistas como Linaldo Guedes, Ricardo Coutinho, Lau Siqueira, Ademir Demarchi, Marcelo Montenegro, além de Sérgio Alcides, na tentativa de uma análise do problema e apontar estratégia para reverter a situação.

Espaço editorial e de consumo dos livros de e sobre Poesia

Existem os desconsolados e os pessimistas... Os que afirmam que não se publica poesia... Falso.

Afirmam que não temos editoras. Falso.

Os casos da 7Letras, da AnnaBlume, da Ateliê, da Nephlibata, da Galo Branco, Thesaurus, Nankin, Anome, Escrituras, da Massao Ohno (cujo pioneiro nos deixou muita saudade...)

e tantas outras em diversos estados do país, e até de editoras comerciais como a Global, a Rocco, a Bertrand Brasil, etc, têm suas linhas editoriais exclusivas ou como segmentos específicos.

O fato de que a maioria dos títulos são patrocinados pelos autores não é novidade. Sempre foi assim, no mundo inteiro.

Mas há exceções. Uma delas é a Editora Landy, através da coleção Alguidar, coordenada pelo poeta Frederico Barbosa, exemplo raro de editora que assume todos os custos de edição de suas obras em catálogo.

"Concebemos a empreitada editorial da Éblis como um gesto político afirmativo da possibilidade de se publicar poesia no Brasil", afirma Ronaldo Machado, um dos empreendedores da Editora Éblis

mas existem muitos outros exemplos em estados como o Ceará, Pernambuco, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, entre tantos, que animam a cena editorial brasileira de livros de poesia.

Também é certo que as editoras universitárias costumam evitar as edições de poesia contemporânea, incluindo a da Universidade de Brasília.

Outro expediente tem sido o das editoras que publicam livros coletivos e individuais (*4) - muitas vezes valendo-se do expediente dos "concursos literários",

Estão aí os exemplos da editora Tmaisoito, grupo editorial Scortecci, Editora Livre Expressão, Editora Aberta, e tantos outros,

além do uso de incentivos fiscais e de fomento cultural, como é o caso do FAC da Secretaria de Cultura do Governo do Distrito Federal.

Centro Cultural Itaú e o Instituto Moreira Salles, responsáveis por edições de poesia e de crítica de poesia, como exemplos dignos de citação e admiração.

Problemas nas relações do autores com os editores .

Embora a lei do direito autoral estipule 60% do lucro para o autor e 40% para a editora, quando o escritor paga seu livro, é importante ter atenção na hora de assinar um contrato.

O volume de vendas de livros pela Internet vem crescendo, leilões e sebos virtuais oferecem livros de poesia em seções específicas

(os concretistas e os da poesia marginal dos anos 70)

Sítios como a Estante Virtual, Sebo do Messias, e outros congregam mais de 2000 sebos por todo o Brasil e têm seções próprias para os interessados em livros de poesia.

Autores vendem suas obras em lançamentos e que fazem doações a bibliotecas e aos amigos, e os disponibilizam gratuitamente na web.

Melhor do que viver da poesia, é viver com poesia.

Em busca de soluções

Heloisa Buarque de Hollanda, afirma que " ao lado destes diagnósticos pessimistas,

o que se vê é uma nova produção quantitativamente significativa, ocupando um espaço razoável na grande imprensa,

marcada pelo lançamento de novas revistas especializadas em vários pontos do país e pela proliferação de eventos bastante profissionais para a leitura de poesia

E conclama para uma reflexão sobre o impacto das novas tecnologias digitais na produção e difusão de poesia no presente estadio de evolução de nossa poesia.

Oficinas e grupos de discussão.

Poetas e especialistas são convidados a levar sua experiência e métodos de trabalho criativo para um público que experimenta e cria seus próprios poemas.

Sejam eles haikais, sonetos, cordel ou, agora, os chamados poemas de 140 toques para o celular.

E também aprendem a editar seus poemas textuais ou videopoemas no Youtube ou em blogues pessoais e coletivos.

E até exercitam criações coletivas como os poemas visuais e as rengas, graças à participação em redes sociais.

"O mundo virtual tem cumprido um papel de descompressão de uma grande produção literária" diz Ronald Augusto, um dos editores da Éblis.

Alexandre Tambelli apela aos poetas para que comprem livros de poesia para aquecer o mercado...

e reclama que as livrarias não colocam os livros de poesia em evidência

É raro o poeta que vive exclusivamente de sua poesia.

Ironicamente, alguns herdeiros é que auferem lucros de pais ou parentes notáveis

que deixaram seus direitos autorais ainda fora do domínio público,

que no Brasil pode atingir a quase um século de vigência, embora a lei enganosamente afirme ser de 70 anos...

A cena editorial da poesia no Brasil é, não obstante, animadora.

Edições de arte, artesanais e comerciais animam um comércio importante e a tendência é de crescimento ..., apesar do anúncio de que a internet estaria inibindo a edição de livros. Nada garante isso, até agora.

O que parece crescer é o número de edições impressas e de e-books numa competição sem vencedores.

Perdão, com a vitoria dos leitores que têm opções que antes eram inimagináveis.

A gente enxerga o que quer enxergar.

É aquela velha figura do copo meio vazio e meio cheio...

Há quem veja o lado vazio, há quem veja o lado cheio...

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